Capítulo 19

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           "Sou o teu sorriso ao ganhar um beijo meu" – Paula Fernandes. Capítulo 19

Acordei. O dia nem havia raiado, levantei e pondo meu robe de inverno sobre o pijama fui para a cozinha. Passando por ali encontro Marlene já de pé.

— Bom dia. – falo.

— Meu deus Marina é cedo! Bom dia. – diz ela sorrindo pra mim.

— Não tenho conseguido dormir a dias, não me ajeito mais! – falei fazendo careta.

— É normal.

— Não vejo a hora de Vicente nascer. – ri e ela riu de mim. — Não aguento mais esse peso todo, não há uma parte do corpo que não doa, parece que dormi sobre uma cama de milho!

— Quer um café pra esquecer as dores? Hun? Daquele jeitinho que só eu consigo fazer? - me pede ela com aquele jeito de mãe, como não amá-la? Eu concordo com o pedido e em instantes minha xícara de café está pronta, abro a porta e deixo o frio do inverno me envolver, vou para a varanda e na minha rede e deito-me ali, apreciando meu café, ouvindo a algazarra feita pelos pássaros anunciando mais um dia, eles passam sobre a casa em uma revoada e um sincronismo que me causa inveja. Marlene aparece ao meu lado com um cobertor e eu agradeço. Termino minha xicara de café com leite e agora aquecida aprecio o nascer do sol acima da neblina que corre baixa pelas colinas perto da planície, a paisagem é simplesmente deslumbrante. O radio lá na cozinha está ligado e uma musica começa a tocar na programação da radio local, enchendo o ambiente de romantismo campeiro e cheiro de mato, para depois os acordes de um violão e o suave dedilhar faz com que lembranças dele povoem minha mente... Fecho os olhos e ouço a música, os acordes percorrem meu corpo assim como as lembranças de Leonardo passam em minha mente...

" Eu sou o brilho dos teus olhos ao me olhar /Sou o teu sorriso ao ganhar um beijo meu

Eu sou teu corpo inteiro a se arrepiar/ Quando em meus braços você se acolheu /

Eu sou o teu segredo mais oculto / Teu desejo mais profundo, o teu querer /

Tua fome de prazer sem disfarçar / Sou a fonte de alegria, sou o teu sonhar/

Eu sou a tua sombra, eu sou teu guia / Sou o teu luar em plena luz do dia/

Sou tua pele, proteção, sou o teu calor / Eu sou teu cheiro a perfumar o nosso amor/

Eu sou tua saudade reprimida / Sou o teu sangrar ao ver minha partida /

Sou o teu peito a apelar, gritar de dor / Ao se ver ainda mais distante do meu amor

Sou teu ego, tua alma / Sou teu céu, o teu inferno a tua calma /

Eu sou teu tudo, sou teu nada/

Minha pequena, és minha amada / Eu sou o teu mundo, sou teu poder /

Sou tua vida, sou meu eu em você" – Paula Fernandes

Na voz de Victor & Leo.

Enquanto ouvia a canção fechei meus olhos e chorei de saudade, por ser orgulhosa demais e não admitir que o amava. Chorei por não querer que ele acompanhasse o nascimento da própria cria, chorei por ser demais... Teimosa, chorei por mim e enfim... Gravidas são sentimentais e nesse instante ri do meu próprio pensamento. Balancei a cabeça negando os meus pensamentos.

Pensei. Pensei e pensei. A vida havia me dado uma chance e eu não havia dado chance à ele, eu estava errada, quão egoísta eu era?! Ele era o meu tudo e eu não dei a chance achando que eu era autossuficiente, já nem sabia onde ele estava se estava com alguém, se eu ainda tinha chance ou se eu tinha esperanças... Decidi não pensar, não valia a pena essa tortura psicológica e insegurança não me ajudaria em nada, mandei para o fundo da minha mente e viveria um dia de cada vez. Havia feito isso a vida toda e por que agora seria diferente? Não. Definitivamente eu não era assim, não era eu, a Marina da qual eu me orgulhava por tudo o que havia passado até hoje que estava falando. Respirei fundo e engoli o choro do cansaço, da solidão que eu tanto escondia e, mais uma vez pus minha mascara e fui tomar banho.

MarinaOnde histórias criam vida. Descubra agora