Capítulo 3

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3 Capítulo

— Não quis lhe assustar. - disse por fim.

— Tarde demais não acha? – pedi pondo as mãos nos bolsos, ele foi pra fora. Graças a deus. Estava muito quente lá dentro, não tinha lugar para nossos gênios ali dentro.

— Gostei daqui.

— Daqui? Onde exatamente? – pedi enquanto ele deitava em uma das redes.

— Dessa cabana.

— Hunn. – disse erguendo minhas sobrancelhas. Eu não me lembrava de tê-lo convidado a entrar e muito menos a sentar-se. — É... Aconchegante.

— Sei. – disse ainda em pé, falando o máximo possível por palavras vazias.

— A égua é sua? – pediu ele apontando com o polegar e fazendo uma careta, respondi que sim apenas com a cabeça. — É um belo exemplar de uma quarto de milha. – disse ele olhando pra minha égua enquanto ela pastava há alguns metros de nós. — Como é nome dela?

— Que diferença faz?

— Só perguntei. – disse ele na defensiva. Eu desviei o olhar, já havia me sentado na outra rede e novamente o vento havia retomado seu curso uivando pelas laterais da cabana. — Aqui é assim mesmo?

— Assim como?

— Por que toda a vez você me responde com um pergunta?

— Por que diabos você esta fazendo aqui? – pedi

— Eu já lhe disse.

— Embora sua resposta não tenha me convencido.

— Até que enfim! – disse ele pondo as mãos nos joelhos e olhando para o teto. Mostrei as mãos pedindo por respostas. — Peça. – disse ele. — Você só sabe fazer perguntas, não encontra as respostas. – aquilo foi um soco, ser insultada dentro da própria fazenda.

— Saia. Daqui. – falei

— Ainda não.

— Você não foi convidado e tão pouco chegou aqui pela estrada principal, portanto, posso lhe processar por invasão de propriedade.

— Muito espertinha. – disse ele debochando.

— Vai em frente. – eu disse cruzando os braços abaixo dos seios. — Eu estou dentro do que é meu por direito de herança, mas você, bem... Vejamos. Não sei quem você é e muito menos lhe conheço, são apenas seis e meia da manhã e o que um andarilho estaria fazendo aqui com um jipe, há não ser estar me espionando? – olhei para ele rindo. — Acho que tenho bons argumentos... Hunnn. – falei olhando para ele com os olhos semicerrados, como se eu estivesse esquecido seu nome. — Ah sim, Leonardo.

Ele apenas riu e mostrou-me todos os dentes, deitou na rede e se balançou como se ele já fosse da casa. Idiota. Meu sangue latejava nas veias, eu fui ali justamente para me isolar e encontro alguém para testar minha paciência depois de uma noite... hunn... Digamos memorável! Honestamente não estava no meu melhor humor.

— Você vai me conhecer melhor quando for a hora. – disse ele levantando-se.

— Espero que essa hora nunca chegue. – falei o encarando. Ele tinha algo que fazia meu peito arder e me balançar como uma onda.

— Parece que não foi isso que quis dizer quando me abraçou. – ele riu vitorioso e nesse momento o chão sumiu debaixo dos meus pés. Raio! Meu rosto avermelhou de vergonha é claro, eu havia me esquecido daquele maravilhoso abraço, mas isso eu jamais iria contar, o vento bateu em seus cabelos e aquele ar de semideus arrebatou-me. Ele mexeu as sobrancelhas como quem diz: "entendeu?", saí do meu transe olhando pra ele.

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