Capítulo 3

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O jogo de xadrez e a vingança são bem semelhantes:

O mais ágil nem sempre vence, aquele que se precipita e faz movimentos incertos e arriscados pode pôr tudo a perder, por outro lado aquele que joga com a paciência, espera calculosamente o adversário errar e no erro ele ataca, vence dando o xeque-mate. Jogo adorável.

Eu não sou um tolo ao ponto de acreditar que aquela pedrinha no meu sapato não irá tentar fugir, claro que vai, porém ainda tenho minhas dúvidas a respeito daquela família, como  o fato dela não saber a respeito do próprio pai.

Esse ponto pode ser meu erro, mas não darei gás para o adversário, porque ou essa diabinha é uma sádica narcisista com a mente diabólica e está tentando me enganar, ou, realmente ela viveu uma mentira por anos. E vou descobrir suas reais atitudes comigo, deixe seu inimigo sozinho por alguns minutos e veja sua reação.

Olho para o relógio em meu pulso e encaro Javier.

- Senhor, não há nenhuma movimentação na torre, nada que indique a fuga da garota. - ele diz convicto e eu o encaro com dúvida.

- Ela não se aproximou da janela, ou tentou fazer algum sinal de fumaça? - pergunto e ele nega com a cabeça  - Essa diabinha... - murmuro - Quem ela realmente é?

- Ela deveria ter mexido pelo menos na cortina, mas não o fez. - Javier está com dúvidas - Será que o senhor está subestimando a garota?

Cerro os olhos e trinco meu maxilar.

- Eu realmente não sei, ela tem vinte anos, não pode ser tão inocente... Ela deve ter alguma coisa, alguma carta na manga... Impossível. - comento pensativo - Leonard a criou num mundo paralelo ao nosso e a fez acreditar em fadas e gnomos? Essa seria a resposta mais coerente para essa garota.

- Não se precipite senhor, mas talvez... Talvez, ela não saiba quem Leonard é. - ele começa a se afastar.

- Prepare o xadrez, nada como um jogo para conhecer seu adversário. - comento e acendo um cigarro para tentar entender.

Leonard seria capaz de esconder sua fortuna de sua única herdeira? Seria capaz de deixar a garota tão alienada que ela não saiba com o que ele mexe? Um homem que vive correndo riscos e perigos não protegeria sua pedra preciosa? E por que ela estava sozinha no cemitério? Sem seguranças, sem nada nem ninguém?

Essas perguntas estão acabando com meu psicológico, porque de todos os meus prisioneiros ou melhor, minhas moedas de troca ela está sendo a única que não luta pela sua sobrevivência como se estivesse se entregando, como se desistisse de viver... Mas, por qual motivo? Viagens, luxo, vida estável, um falso romance, protegendo sua virgindade, roupas de grife, o que falta na vida dessa diabinha para a fazer desistir de jogar?

Mordo meu lábio inferior enquanto apago meu cigarro. 

- Hora da verdade diabinha. - falo alto e caminho até a torre. 

Javier havia deixado o tabuleiro e as peças do lado de fora, eu me abaixo e as pego, destranco a porta e entro, a primeira coisa que vejo é aquela diaba de costas com o cabelo preso num coque feito às pressas.

Sua pele branca brilha com o contraste da luz da lareira e consigo ver suas curvas, ela é tão pequena e frágil. Assim que percebe que cheguei se enrola rapidamente na toalha. Pigarreio. 

- Pensei que tivesse privacidade. - ela resmunga e pega suas roupas.

- Ficou mais de meia hora sozinha, isso é tempo de sobra para um banho. - tranco a porta - Se divertiu?

Ela revira os olhos e eu sorrio.

- Se divertiu me vendo sem roupa? - ela esbraveja e eu me aproximo para amarrá-la - Sádico, lunático, stalker e... - ela não termina de falar, pois amarro suas mãos.

Minha redençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora