Capítulo 23

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Eu sou um covarde. 

Foi a primeira vez em minha vida que escuto um eu te amo, e eu não soube como responder a essa frase, eu que sempre tenho respostas prontas na ponta da língua não tive reação alguma ao escutar aquilo, eu apenas fiquei imóvel, sentindo meu coração pular para fora do peito, mas sem dizer uma única palavra, como se elas ficassem presas em minha garganta num grito mudo.

Poderia ter respondido que também a amava, ou recitar um poema melancólico e romântico, poderia simplesmente tê-la puxado para um beijo ou um abraço, feito carinho em seu rosto, poderia ter falado e ter feito tantas coisas, mas eu fiquei ali parado olhando para aqueles olhos cor de noite aguados, mas ela não derramou nenhuma lágrima, apenas balançou a cabeça e me deu as costas descendo a montanha. Eu ainda continuo parado, dessa vez olhando para o horizonte e me lembrando daquelas palavras, como se elas estivessem me torturando, me corroendo por dentro e me fazendo sangrar. 

Nem minha cicatriz doeu tanto, quanto isso. Me dói não saber como corresponder a isso, me dói saber que alguém se mostrou vulnerável a mim, me dói ver que ela me deu seu coração e não me pediu nada em troca, mesmo depois das coisas que eu fiz, ela me entregou o seu bem mais valioso. Eu sou um condenado, minha alma é totalmente destruída, meu corpo é feito de brasas, e eu estou preso nesse jogo de poder que criei. 

Como ela pôde amar alguém como eu? Alguém destruído, podre, alguém que só sabe ver vingança, alguém sem piedade? O que ela viu em mim para me amar?

São tantas coisas em minha cabeça, são tantas perguntas e tantas sensações que me encontro totalmente desestabilizado, sem saber se pulo do penhasco ou se voo. 

Já se passaram algumas horas desde que ela desceu, percebo que está tarde porque o Sol está se pondo ao mar, então decido que é melhor voltar para minha casa e me preparar para qualquer ataque surpresa, afinal, Rubi já ficou tempo demais desprotegida por mim.

Javier me espera sentado na cadeira de balanço com um olhar sombrio, claro que eu conheço esse olhar.

- O que aconteceu agora? - pergunto e puxo meu maço de cigarro do bolso.

- Seokjin foi preso. - dou de ombros e coloco o cigarro na boca - Leonard fugiu.

Parece que o mundo está em câmera lenta e aquela informação me bagunça.

- Como ele fugiu? - pergunto jogando o cigarro no chão - Como aquele merda fugiu?

- Essa não é a questão, o problema maior é que estamos ameaçados, podemos sofrer um atentado a qualquer momento dele.

- Cadê a Rubi? - pergunto ansioso e entro dentro da casa - Por que ela não está com você? - apresso meu passo e subo as escadas.

- Ela disse que estava enjoada então foi para o quarto descansar. - ele me segue apressado - O que houve entre vocês que ela voltou com os olhos vermelhos?

Ignoro a pergunta de Javier e ando pelo corredor largo da casa até chegar à porta no final e girar a maçaneta. Sinto uma pontada antes de abrir.

- Senhor Min? - ele me chama e eu abro a porta.

Entro dentro dele sem entender, a cama está arrumada, o quarto está vazio, parece que ninguém veio aqui. Rapidamente vou até o banheiro e não encontro vestígios de Rubi, procuro no closet, embaixo da cama, e não vejo nada que indique que ela esteve aqui.

- Javier onde está Rubi? - pergunto desesperado - Cadê ela?

Javier entra no quarto boquiaberto e olha de um lado para o outro.

- Cadê, porra? - grito e ele me encara - Cadê a Rubi? - me aproximo de seu rosto.

- Eu a vi subir para cá senhor Min. 

Minha redençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora