- Não tem uma torre! - ouço a pedrinha resmungar assim que desce as escadas do avião e olha para a nova casa à sua frente - Como isso é possível, senhor Agust?
Seguro em sua mão para ajudá-la a descer as escadas e a encaro com os olhos cerrados.
- Como pode ter uma casa sem um cantinho de tortura? - ela me provoca e me manda um beijo pelo ar - Como vai deixar sua garotinha malcriada de castigo agora? - ela ri e eu passo a língua no canto dos lábios.
- Nem sempre precisamos de uma torre para torturar alguém. - digo e dou as costas para ela, com a esperança dela me seguir, quero mostrar nosso novo cantinho.
- Não entendi. - ela diz confusa com minha frase de duplo sentido, mas me segue pela pista até chegarmos a grande porta que dá acesso à casa.
Assim que passamos pela porta principal sinto uma pontada em meu peito, como um aperto, me obrigando a respirar mais rápido que o normal, essa sensação é mesma de quando perdi meus pais há anos. Aquele misto de sentimento entre dor e acima de tudo de medo.
Isso seria impossível, pois eu não tenho medo de ninguém, sou temido por meus inimigos que têm medo de minha mente perversa e calculista capaz de qualquer coisa, mas naquele momento, tenho o flash de quase perder tudo que construí em anos, vi meu império em Seoul ser destruído por vândalos a mando de um mafioso de quinta categoria, e o pior disso tudo, eu quase perdi Rubi por descuido meu, foi questão de um segundo para que não nos pegassem, como eu pude baixar tanto a guarda assim?
Javier se aproxima de mim assim que me vê parado e me dá um tapa de leve nos ombros me chamando a atenção, em seguida com o tom de voz baixa ele me pergunta se estou bem e me aconselha ir ao escritório respirar um pouco. Olho nos olhos daquele mexicano e sei que ele percebeu minha reação e quer me tirar dali o mais rápido possível.
- Rubi, preste atenção no que vou te falar - seguro em seu braço obrigando-a me encarar - Preciso fazer uma ligação no escritório, a casa é grande vou pedir para um de meus homens de confiança assegurar que você não se perca por aí. - ela morde o lábio.
- Posso ir ao escritório com você? - ela pergunta manhosa.
Antes que eu pudesse responder, Javier interveio:
- Senhorita Rubi, creio que seja um assunto delicado e o senhor Agust não irá demorar.
- Mas Agust... - ela ignora Javier e me olha pidonha.
Seguro em suas mãos e aproximo nossos corpos.
- Diabinha tive uma ideia - ela me dá um meio sorriso - vou fazer essa ligação e em seguida te levar no estande de treino para te ensinar a atirar, lembra-se de que me pediu isso, lá em Seoul? - mordo o lábio inferior e ela me abre um sorriso mais confortável.
- Sério?
- Eu te prometi muitas coisas e sou um homem de palavras, irei cumprir com cada uma delas. - ela me abraça o que me surpreende, em vez de recusar eu a envolvo no abraço de volta.
Alguém tão pequeno e frágil foi capaz de rasgar a armadura que cobria meu corpo, foi Rubi quem arrancou com suas mãos delicadas e a destruiu. Como é possível, Agust sentir amor e compaixão quando na verdade eu só quero matar o pai dessa garota? Se eu só quero ver sangue e destruição, mas estou abraçado com a filha do próprio diabo, nesse momento me afasto sutilmente dela e dou um sorriso sem mostrar os dentes.
- Por favor, me espere aqui. - digo e olho para Javier que em seguida me segue em direção ao escritório que fica no andar de cima.
Ele me segue em silêncio sem dizer uma palavra, abro a porta e o fecho entrar e fechar em seguida.
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Minha redenção
FanfictionQual o limite da vingança? Até onde ir ou quando parar? De repente o carrasco se vê divido entre seguir com a vingança ou permitir-se feliz. É impossível seguir se vingando e amando ao mesmo tempo. Tudo muda quando a filha do inimigo aparece em sua...