Aquele som ficou mais forte e mais próximo, aquelas batidas desesperadas na porta do quarto se tornaram um alerta fazendo com que eu me levantasse assustado e ofegante, mas fico mais tranquilo quando olho para o lado e vejo minha pedrinha dormindo profundamente, com os braços embaixo do travesseiro, toda indefesa, com os cabelos cobrindo seu corpo. Olho para o lado e vejo que ainda é noite, as batidas ainda não param, então pego minha arma que fica debaixo da cama, estou usando apenas minha cueca e vou a passos lentos e leves até a porta, segurando firme minha arma, sutilmente coloco minha mão sob a fechadura e abro num ato só, saio com a arma bem posicionada em minhas mãos e me deparo com Javier. Porra.
- Senhor Min, sou eu. - ele ergue os braços assustado - Sou eu, pode abaixar a arma. - ele segura no cano da arma me fazendo abaixar.
Abaixo a arma e respiro profundamente, aquele cretino me assustou.
- Que merda Javier, você me assustou. - digo ofegante e olho para trás para me certificar de que minha pedrinha está bem.
- Sinto muito senhor, mas não temos muito tempo para isso. - ele diz sério - Fui informado de uma movimentação no lado norte de Seoul, bem na área em que Leonard atua, por isso acredito que ele esteja prestes a te atacar e se o senhor sair daqui agora ele não conseguirá encontrar nada. - ficou em silêncio.
- Prepare o avião e avise a governanta para arrumar os quartos. - informo - Preciso pegar algumas coisas e já vou subir.
- Senhor se apresse, temos que partir. - ele me repreende.
- Vou vestir à Rubi e já subimos. - digo e dou as costas fechando a porta.
Volto minha atenção para minha joia que ainda dorme tranquilamente, suspiro porque uma parte minha não queria tirá-la daquele sono profundo e que parece estar tão gostoso, mas eu não posso me dar o luxo de enrolar, por isso rapidamente vou até o closet e pego uma camisa minha junto de um sobretudo para ela não sentir frio, apesar de não ter roupas adequadas aqui, suas pernas só sentirão um pouco do gelado por alguns minutos até alcançarmos o avião, caminho em direção à cama e me abaixo para ficar da altura dela, passo meu dedo suavemente por seus cabelos antes de acordá-la.
- Pedrinha está na hora. - sussurro e ela acorda assustada - Calma, eu estou aqui. - digo tentando tranquilizá-la - Temos que ir agora, preciso que vista isso e me espere aqui, vou pegar uns documentos e depois eu volto pra te buscar. - ela engole seco e não responde - Entendeu? Preciso que você confie em mim nesse momento.
- Agust o que está acontecendo? - ela coça os olhos de um jeito tão delicado.
- Os homens maus estão vindo até nós e eu prometi a você que a protegeria então precisamos sair daqui. - seguro em seu rosto.
- Promete que volta? - ela pergunta manhosa e eu cerro o cenho - Me promete?
- Claro, eu vou buscar os documentos e já volto. - digo confuso mas me levanto e caminho um pouco.
- Estou com medo. - ela diz baixo, mas eu escuto e paro no mesmo instante me virando para ela novamente - Estou com medo Agust.
- Quer ir comigo? - pergunto me rendendo aquela cara aflita e ela rapidamente concorda com a cabeça.
Coloco a roupa em cima da cama e ela se veste rapidamente, então se aproxima de mim e segura em minha mão, eu olho no fundo daqueles olhos castanhos com um misto de sensações, desejo, malícia, carinho... Eu poderia relutar e não segurar de volta, pois não estou acostumado com esse tipo de toque, mas sentir sua mão delicada se encaixar em minhas mãos largas me deu um calafrio que percorreu toda minha extensão, sendo impossível de soltá-la, ao invés disso eu seguro apertada.
Com a mão solta arrumo a arma em meu cinto e desço rapidamente as escadas até meu escritório, abro a porta e entro.
- Por favor, me espere aqui. - peço e entro no meu esconderijo atrás da prateleira de livros.
Ali atrás existiam provas de quem Leonard é, claro que tenho essas cópias salvas em meu computador, mas deixar as fotos ali naquele mural me fazia lembrar e ter forças para continuar com minha vingança. Tudo se resumia a Leonard, todas as setas apontavam para ele, vários incêndios, mortes, drogas envolviam aquele desgraçado.
Vou até a prateleira e pego a caixa que continha mais informações, antes que eu pudesse me virar escuto um gemido.
- O que é isso? - ela me pergunta incrédula - Por que a foto de meu pai está aqui e tem a foto do meu padrinho? Por que o senhor Lee está aqui? - ela me encara.
- Rubi eu prometo a você que te contarei tudo... - começo a dizer - Contarei quem fui quando mais novo, quem foram meus pais, quem me marcou, quem é seu pai e seu padrinho, contarei tudo, mas agora temos que ir. - digo me aproximando dela com a caixa em mãos - Pedrinha confie em mim, se não sairmos daqui agora podemos acabar presos no covil do seu pai, ou na pior das hipóteses em outro lugar. - ela arregala os olhos assustada - Não precisa ter medo, só confie em mim.
Rubi balança a cabeça em afirmação e pega aquelas fotos numa agilidade que eu desconhecia, antes de dizer qualquer coisa, ela havia pegado sem eu perceber.
- Quero levar isso. - ela diz convicta e eu concordo.
- Agora vamos. - respondo saindo dali.
Ela para na minha frente assim que saímos dali de dentro.
- Meu pai fez tudo aquilo? - me pergunta com lágrimas nos olhos - Me diga Agust.
Coloco meu computador dentro da caixa tentando pegar tudo.
- Ele fez? - ela pergunta com a voz rígida.
- Rubi... - digo apressado - Vou te contar a história do começo, mas precisamos ir. AGORA. - digo nervoso e ansioso.
Antes que pudéssemos sair dali ouço barulho de carros entrando em disparada no estacionamento, arregalo os olhos e trinco meu maxilar. Olho para Rubi que segura em meu braço assustada.
- O que foi isso? - ela sussurra.
- Eles chegaram pedrinha. - coloco a caixa no sob a mesa - Me diga uma coisa, você já segurou uma arma? - ela engole seco e nega com a cabeça - Ótimo, preste atenção você vai subir as escadas e chegar no terraço, entre naquele avião se eu não chegar em quinze minutos podem voar para Ilha.
- Agust eu não vou sair daqui. - ela diz segura - Eu só saio se você vier junto.
- Presta atenção sua diabinha, leve essa caixa para o Javier e me esperem por quinze minutos. - seguro em seu rosto e vejo as lágrimas escorrerem por sua face, dou um selar em sua testa e pretendo me virar para sair dali, mas Rubi me impede.
- Você prometeu voltar para mim seu cretino. - ela diz séria - Não tente fugir de mim. - dou um sorriso.
- Eu não vou fugir de você. - respondo e ela segura em meu pulso.
- Eu sou sua Agust, só sua. - ela me olha e me aproxima de si com força - Eu sou toda sua, se você não voltar eu vou ao seu encontro e te obrigo a voltar. - sua voz sai abafada pois sua cabeça está em meu peito.
- Pequena pedrinha, eu... Eu... - como é difícil dizer aquelas palavras - Eu... Voltarei para você.
Embaixo da minha mesa havia uma arma pequena, eu a engatilho e entrego para aquela monstrinha.
- Se alguém se aproximar de você até o terraço, não pense duas vezes atire, que eu assumo o resto. - digo e entrego a arma.
Suas mãos pequenas estão trêmulas, mas ela segura com uma mão e a outra ela carrega a pequena caixa, me afasto dela e dou as costas.
- Min Agust... - não termino de escutar sua frase porque corro descer pegar mais armas e munição.
Ouço os tiros vindo debaixo e peço a qualquer santidade ou entidade para proteger aquela diabinha, que corre desesperada para o terraço.
Pego minhas armas mais pesadas e envolvo a cinta em meu corpo, saio da sala escutando o tiroteio que está embaixo. Antes que eu pudesse chegar aos pés da escada sou surpreendido por dois capangas de Park, eles atiram contra mim, mas consigo me esconder atrás do pilar. Porra como vou sair dessa merda?
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Minha redenção
FanfictionQual o limite da vingança? Até onde ir ou quando parar? De repente o carrasco se vê divido entre seguir com a vingança ou permitir-se feliz. É impossível seguir se vingando e amando ao mesmo tempo. Tudo muda quando a filha do inimigo aparece em sua...