Capítulo 9

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No caminho de volta para casa, a pedrinha acabou adormecendo.

Assim que estaciono minha moto Javier vem ao meu encontro e me pede para buscá-la no banco traseiro do carro. Coloco o capacete em cima da moto e com passos apressados caminho até ela, a vejo deitada, vulnerável, frágil, ferida, machucada e completamente perdida.

Ah se eu tivesse dormido com ela até o amanhecer, nada disso teria acontecido.

Com cuidado a retiro dali e coloco seus braços em volta do meu pescoço, entro em casa com ela e caminho até a torre, mas paro na metade, por hoje ela merece descansar em uma cama de verdade, por esse motivo dou meia volta e a coloco deitada sob a minha cama.

Suas vestes foram rasgadas e suas lingeries claras estão à mostra, provavelmente ela sentiu vergonha e medo quando isso aconteceu, e eu não estava lá para impedir.

Olho seu corpo e vejo que possui hematomas, mas por sorte acima de suas coxas não havia nenhum sinal de sangue, aquele desgraçado estava blefando quando falou que a tocou.

"Graças a Deus" - por mais que eu não tenha uma religião ou uma crença, acreditar nesses possíveis seres me ajudaram.

Foi tudo que pensei e como sei que assim que essa diabinha acordar ficará desesperada por não ter roupas, vou até meu closet e pego uma camisa branca minha, pelo menos por hoje ela estará coberta. Sei que não posso vesti-la assim e também sei que ela me odiaria pelo resto de sua vida se eu a desse banho, por isso vou até meu banheiro e pego uma toalha, deixo-a bem úmida e passo em seu corpo para tirar a sujeira de terra e limpar os machucados.

Minhas mãos estão cobertas de sangue seco daquele verme e as palmas delas estão com algumas bolhas pela forma insana que segurei aquela corrente. Mas não me arrependo, faria de novo e de novo, quantas vezes eu precisasse.

Sem as sujeiras em seu corpo consigo colocar sem acordar aquela monstrinha que dormia profundamente, como minha camisa tem botões na parte da frente eu os abotoo com cuidado para que não desperte e se assuste. Antes de sair passo a mão em seus cabelos arrumando-os no meu travesseiro.

O que eu me tornei? Alguém sentimental e piedoso com ela? Por que ela me faz sentir isso, compaixão?

Caminho até meu banheiro e retiro minhas roupas, ligo a torneira da banheira e encaro meu reflexo no espelho, tem sangue no meu rosto, no meu pescoço, nas minhas mãos e em tantas outras partes de meu corpo. Entro na banheira com espuma e apoio minha cabeça na borda, deitando e tentando relaxar depois de hoje. Fico assim por alguns minutos.

Sou surpreendido pela figura feminina usando minha camisa branca em pé encostada no batente da porta do banheiro, me olhando com "carinho"?

- Acordou diabinha? - pergunto e sorrio, ela me dá um meio sorriso de volta e se aproxima de mim - Quer tomar banho? Safadinha. - brinco e ela se senta do lado de fora da banheira me encarando sem dizer uma palavra.

Solto um gemido e contraio os lábios, o que essa diabinha queria ali?

- Gostou das roupas? - pergunto tentando descobrir algo, ela apenas acena afirmando com a cabeça - O que faz aqui, deveria estar dormindo, ainda mais depois de hoje e... - ela me impede de falar ao pousar sutilmente seu indicador em meus lábios.

- Desde que te conheci minha vida tem sido uma bagunça... - suspira - Não sei se agradeço ou se te amaldiçoo por isso. - dá um sorriso - Mas, por um lado estou vivendo no limite da emoção, caro Agust.

Ela pega a bucha vegetal que estava atrás de mim e mergulha debaixo da água quente da banheira, eu a sigo com os olhos sem entender o que ela quer fazer.

Minha redençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora