Cale a boca & me ame (Livro 1 - Série Desejos)

Gustavo 10

Minha cabeça ia explodir! Eu estava acabado! Eu estava tentando não fazer uma loucura. Ainda pensava em meios de ir atrás daquele monstro em que um dia foi o marido de Laura! Ele a estuprou porra! Que tipo de monstro era aquele? Ele estuprou a ex mulher, mãe dos seus três filhos! Eu quero matá-lo! Eu só não o matei na hora que o encontrei penetrando a minha mulher, porque eu vi o estado em que ela se encontrava jogada no chão inconsciente. Eu não sabia se ele tinha batido nela, ou a ferido mais do que o jeito que vi ele fazendo. Ela estava inconsciente pelo choque! E Vítor também me impediu de matá-lo antes que os policiais chegassem. Ele me disse que Laura era muito mais importante do que vingança! E ele estava certo!Estávamos na cabine dele sentados na mesa do café da mini cozinha. Ele tentava me fazer tomar um suco. E pedia mil vezes para eu me acalmar. Ficamos em silêncio um bom tempo. E para piorar, Laura me pôs para fora de seu quarto. Talvez ela tivesse razão. Eu não a protegi. Como ela deixaria eu cuidar dela depois de tudo? Falhei com Julia. E falhei com Laura também. Meu ódio só crescia. Por mim, e por aquele estuprador dos infernos!

-Laura tá certa. - Eu disse num sussurro finalmente. - Não a culpo por não querer mais me ver. Falhei com Julia. E falhei com a LAURA EM MENOS DE CINCO DIAS! CINCO DIAS!

-Não! Cara... para de falar bobagens! - Retrucou Vítor - O psicopata é o Fred! Como você iria saber que ele ia fazer uma coisa dessas? E você só saiu para pegar uma roupa.

-Eu sei... mas nada do que você fala, minimiza esse sentimento de impotência! Cara ele estava a penetrando! Ele a forçou de um jeito nojento! Eu nunca vou esquecer a cena que eu tive que presenciar! - Eu esbravejei e soquei a mesa.

-Eu sei... Eu sei... acalme-se.

-Eu quase racho a cabeça dele na bancada o banheiro. Eu quase cometi um assassinato por ela. Porque estou vivendo um inferno como esses? Ela estava quase aceitando o nosso relacionamento finalmente! - Eu recordei de suas palavras na hora que estávamos nos amando. - Antes de tudo isso acontecer...quando eu estava dentro dela... oh... ela confessou que estava apaixonada também.

Vítor me olhou espantado mas depois suavizou o olhar e coçou o queixo.

-Então ela é sua, meu amigo. Só tenha paciência. Ela deve estar arrasada. Logo ela volta a falar com você e aceita de vez que vocês são tudo um para o outro.

-Eu espero que sim. Eu não estou preparado para ficar sem ela. Não mesmo.

O telefone de Vítor toca e ele diz que é a doutora. Ele atende e ouve tudo com atenção. Seu semblante é tenso. O laudo com certeza havia ficado pronto. Vítor terminou a conversa e olhou para baixo. Eu sabia que ele estava relutante em me dizer o resultado. Porque aí era tudo oficial. Era a realidade nua e crua.

-Fala! - Eu ordenei.

-Ok. Sim foi categorizado. Estupro e encontraram sêmen também.

Meu sangue ferveu! O desgraçado gozou dentro dela antes de eu chegar?!

-Aquele doente filho da puta! Eu vou matar aquele desgraçado! - Eu soquei a parede e quase quebrei minha mão no ato!

-Calma! Calma Gustavo! - Gritou Vítor vindo em minha direção. - Você está louco? Como os filhos dela irão te aceitar um dia se você for o responsável pela morte do pai deles?

Eu recuei e sentei na beirada da cama. Ele estava certo. Eu tinha que pensar nas crianças! Eu nem os conhecia ainda. Só vi fotos que achei no Twitter da Laura. Eles eram tão lindos, tão doces. Eu já estava ligado á eles em tão pouco tempo. E tudo por amor a ela. Minha Laura.

-Você está certo. A vingança não vai facilitar a vida de ninguém aqui. - Eu disse me contendo por fim.

-Olha... relaxa. A doutora me disse que a Laura tomou a pílula do dia seguinte.

-Oh! Graças á Deus! Já basta tudo o que esse cara fez com ela, mais uma gravidez indesejada?

-Por Deus! Nem pense nisso meu amigo! Que situação. - Vítor me disse tocando meus ombros e deu um leve tapa nas minhas costas. - Seja agora seu amigo, seu guardião, o seu companheiro. Mesmo que ela o rejeite como homem. Só cuide dela. Que tudo dará certo no final! Você vai ver.

-Você está certo. Ela vai precisar muito do meu apoio.

-De todos nós. E seus filhos também. A prisão preventiva de Fred será decretada em breve, e em menos de seis meses ele não sai do xadrez! Imagina a cabeça dessas crianças?

Eu levei um minuto para me recobrar do choque. Eles sofreriam muito. Laura me disse que eles eram apegados com o pai. Eu me senti tão comovido por aquilo tudo. Eu bolei um plano. Eu me aproximaria deles devagar. Seria o amigo legal e companheiro sempre perto pra ajudá-los. Quem sabe assim, Laura cederia mais uma vez e deixaria eu cuidar deles todos. Eu a amava demais. Eu sei era surreal... eu já amava em menos de cinco dias, sim foi o bastante para eu me apaixonar. Nunca fora assim tão rápido com uma mulher antes. Esses dias foram os mais intensos da minha vida. E eu a amava, e não teria mais volta.

Depois de umas horas de sono na minha cabine. Eu fui ver Laura. Ela estava dormindo. Carla foi tomar um banho. E me deixou cuidando dela. Laura acordou, me viu e se assustou.

-Calma. Só estou aqui para cuidar de você enquanto a Carla foi pegar umas roupas e tomar banho. Ela já volta. - Eu disse tranquilamente. Não queria assustá-la.

Ela se sentou. E encostou a cabeça na cabeceira da cama. E ficou me olhando. E assim eu sentei na beirada da cama e também, a olhei por longos minutos. Ela me olhava confusa. Mas ainda assim me observava intensamente. Eu sorri para ela e disse:

-Está com sede? Eu pego água pra você.

-Tudo bem. Eu estou sim.

Então ela ficou observando meus movimentos pelo quarto. Acho que ela não sabia ainda o que dizer. E eu aceitei seu silêncio. Só estar ao lado dela, já era o suficiente. Entreguei o copo para ela e nossas mãos se tocaram eu senti uma eletricidade louca subir pelo meu corpo. E percebi que ela também sentiu. Ela tomou rapidamente a água. Sorriu me devolvendo o copo. E eu sorri de volta. Foi um sorriso bobo mas assustado ainda. Mas mesmo assim eu fiquei radiante de felicidade. Pelo menos ela não estava me tocando do quarto novamente. Já era um avanço. Eu ia me virar para sentar na cadeira. E ela tocou minha mão me segurando no lugar. Ela me puxou mais perto. Meu coração acelerou absurdamente. Eu estava tão surpreso, mas tão agradecido. Ela beijou minha mão direita e depois a soltou. Deitou novamente e voltou a fechar os seus olhos. Eu fiquei parado por uma eternidade ainda em pé assimilando aquele gesto. Pelo menos de uma coisa eu tinha certeza. Era um agradecimento. E ela não me culpava por nada daquilo. Meu coração pulou de alegria. E eu então deitei a lado dela e mexi nos seus cabelos. Eu sabia que ela ainda não tinha adormecido completamente. Mas fiquei assim até ela adormecer pra valer. Estar com ela era tudo o que eu queria. Eu seria tudo o que ela necessitava. Eu a amava. E eu a amaria por muito tempo mais.