Gustavo 28

1.1K 156 24
                                    

Estou a uma hora de chegar até a casa de Laura, e já estava morrendo de fome. Só de pensar no tempero das mulheres daquela família. Minha sogra era expert no assunto. E minha namorada também tinha veias culinárias de primeira. Eu estava ultimamente como um adolescente idiota, e apaixonado. Laura era minha de verdade, e não só como a mulher a qual eu vivia suspirando por aí. Suspirando, almejando e arrastando um bonde por ela, e o que ela fazia? Fugia dos seus sentimentos todas as vezes que eu me aproximava. Mas agora tudo seria diferente, em sete meses ela havia reacendido a chama, e eu estava aqui dando mais uma chance para a vida, do jeito que ela realmente deveria ser, absurdamente excepcional. Eu terminei mais alguns telefonemas com o gerente da fábrica de Minas. E depois comecei a me arrumar para sair finalmente do escritório naquele entardecer. Meu celular tocou e olhei para a tela, era o Renato.

-Fala cara! E aí como está as férias?

-Tudo certo, cara. Fiquei com os colegas dos tempos da faculdade e fomos para algumas festas em Niterói na casa da Vanessa.

-Então... vocês voltaram?

-Aah não Gus, ela tá noiva, e bem feliz. Ficamos só na amizade mesmo. - Ele me contou e me pareceu com a voz segura. O moleque foi apaixonado pela Vanessa desde o colégio. É bom ver as pessoas seguirem em frente.

-Entendo. Pelo jeito você tá tranquilo quanto á isso. - Eu disse aliviado.

-Estou. Todos temos direito de encontrar realmente o amor verdadeiro. E parece ser o lance dela com o Rodrigo. - Ele disse firme. - Mas você heim... apaixonado parece que só enxerga casais de pombinhos em toda parte, se tornou um palerma mesmo viu. - Ele me provocou e riu.

-Tá bom, ri bastante, logo essa solteirisse sua acaba também, moleque.- Eu mereço. Pensei e ri mentalmente. E ouvi as risadas dele pelo telefone.

-Sabe, acho que não seria uma má ideia não. Andei observando você e meu irmão pau mandado, e vejo que vocês estão muito bem assim. - Ele atacou novamente mas sabia, que ele estava mais próximo de um incentivo do que qualquer outra coisa. - E por falar nisso, poxa cara... por que você não nos contou que será pai?

-Eu? é... - Congelei.

-Não tá feliz? - Ele perguntou preocupado.

E eu não entendi nada, mas depois de um segundo de silêncio, resolvi confirmar que sabia. Pra ver até onde ele iria com essa conversa. Ele era famoso por dar com a língua nos dentes.

-Cla- claro que eu estou feliz.

-Poxa cara... tive que ver Laura saindo da clínica vera cruz pra descobrir? Faz mais isso não, quase morri de vontade de ir cumprimentá-la mas não deu tempo, ela entrou correndo no carro e depois saiu. Parabéns Gus!

-Obrigado. - Eu agradeci tentando permanecer tranquilo e com a voz alegre.

-Ah... cara esqueci, mas te liguei pra gente arrumar a festa de aniversário do mano. Vítor nem sonha que eu tô por trás disso também. Olha a Vanessa cedeu a casa dela que é enorme, lá em Niterói e tem uma parte da praia bem privada. Vai ser fera! Faça a sua lista e eu faço a minha com nosso amigos. E depois compramos tudo. BELEZA? Sábado a noite tá bom pra você? O dia oficial é segunda mesmo...

-Por mim tudo bem.

-Fechado Gus. A gente vai se falando. - Ele disse despedindo-se. E fui agradecendo mentalmente, precisava pesquisar essa estória de clínica e Laura na mesma frase. - Ah manda um beijão para Laura.

-Pode deixar... até mais moleque. - Ele riu e desligou.

Assim que deixei o telefone na mesa... eu senti meu estômago se retorcer parecia que eu estava ficando doente. Tive aquela sensação de que estava sendo enganado. Passado para trás. Laura não faria isso comigo. Ela sabia que meu sonho era ser pai. Eu comecei a respirar mais rápido. Ela não seria capaz de me esconder aquilo. Não seria. Eu notei que ela estava cansada nessa semana, com muito sono. A estória da pressão baixa, martelava na minha cabeça agora. Droga! E se ela estivesse grávida mesmo, e se ela não quisesse o bebê e não quisesse aquilo para ela. Ela poderia estar confusa! OH MEU DEUS, ELA NÃO ABORTARIA UMA CRIANÇA, NÃO É MESMO? Mil coisas nada agradáveis passaram pela minha cabeça. Eu respirei fundo e mantive um plano na minha mente. Peguei o meu celular e liguei para a clínica, vinte minutos depois confirmei o que eu já suspeitava! Sim, Laura estava grávida. Tanto que já havia iniciado um pré natal com sua médica, uma tal de Dra. Rebeca. A atendente foi profissional, mas achava que eu era da família, então pediu para passar amanhã para pegar a lista de exames que Laura tinha esquecido no balcão da recepção. Assim que desliguei o telefone, senti várias emoções comprimir o meu ser. Emoção, surpresa, alegria, raiva, tristeza, e descontentamento por saber que há duas semanas ela estava me escondendo que seríamos pais. Ela teria um filho meu! Meu! Qual era o problema dela? Quantas vezes demonstrei que a amava? Inúmeras. Que eu ficaria ainda mais feliz em ser pai, ter um filho com ela era simplesmente espetacular, eu já me sentia pai dos filhos dela também. Por que ela era tão cruel comigo? Eu me levantei peguei todas as minhas coisas, e fui para o meu apartamento tomar um banho e de lá fui rumo á botafogo para a casa dela. Teríamos o nosso jantar em família, e depois ela me explicaria aquela estória com todas as letras.

Cale a boca & me ame  (Livro 1 - Série Desejos)Onde histórias criam vida. Descubra agora