Laura 17

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Estávamos em alto mar, e eu estava apreensiva. Particularmente, eu era apaixonada pelo oceano, afinal era "carioca da gema", bem como minha mãe. Mas havia uma grande diferença entre estar apaixonada e ficar na praia, e totalmente apaixonada e estar num barco esperando que todos pulem para um mergulho. Tudo bem eu tinha acabado de voltar de férias, á bordo de um Navio imenso. Exato. Imenso, e eu não tive que mergulhar de lá pelo menos. Olho para o pessoal animado, cada um em expectativa e felicidade em se jogar ao mar. Carla e Bia são as mais empolgadas enquanto eu rio boba, ouvindo todas as piadinhas pré mergulho, mas por dentro estou totalmente nervosa. Olho para Vítor e Carla animados colocando a roupa de mergulho e os apetrechos necessários, e então miro em Gustavo. Ele me parece tão apreensivo quanto eu. Chegava a ser hilário. Porque eu esperava que ele fosse o primeiro a me incentivar para participar daquela loucura. Mas não, ele parecia realmente não gostar muito de mergulho. Eu fico com cara de "mãe piedosa" como diz minha filha e me aproximo dele.

-Olha... me parece que você não está tão mais seguro quanto eu nessa coisa toda. - Eu digo apontando para a roupa que ele acabou de colocar por cima da sua bermuda de banho.

-Acertou. Água pra mim, só na praia e piscina. É meu limite. - Ele foi totalmente honesto.

-E como aceitou ir com Vítor para o Cruzeiro?

-Por livre e espontânea pressão, com toda certeza!

-Imagino. - Eu afirmei e dei uma gargalhada.

Realmente Carla e Vítor se mereciam! Eram a tampa e a panela. Almas gêmeas. E eu nem ao menos acreditava naquilo.

-Tudo bem. Eu confesso que me sentia muito mais segura dentro daquele navio enorme. Do que aqui, sabendo que estamos prestes a nos jogar por vontade própria em alto mar. - Eu confessei e olhei para o meu homem. E ele estava branco. Oh! Eu e minha boca.

-Muito obrigado pelo incentivo Srta. Franqueza. - Resmungou Vítor. - Era para ajudar e não atrapalhar.

-Vítor! Pare de torturá-los! - Ordenou Carla e depois ainda teve a cara de pau de rir da nossa hesitação. - Ok. Se vocês quiserem ficar no barco, sem problema para mim.

-Medrosos! - Acusou Vítor rindo sem parar. - Par perfeito, realmente.

Eu ri também porque era impossível ficar brava com a risada debochada dele.

-Eu vou! Prometi a Sarah que faria isso, mesmo morrendo de medo ou não. Pronto! - Eu disse tentando parecer confiante. Tirando o ânimo lá das profundezas da alma. Tudo bem, exagerado, mas era assim que eu me sentia. - Amor.... meu gostoso, vem comigo. Eu não quero fazer isso sem você.

Ele me olhou. Me pegou pela cintura e ficamos mais perto um do outro, eu fiz um carinho em seu pescoço com minhas mãos e ele me encarou com muito carinho. E nos beijamos. Eu adorava esses momentos lindos e cúmplices. Assim que cessamos o nosso beijo, olhamos em volta mas já não tinha ninguém por perto. Todos estavam indo na direção do instrutor de mergulho e fomos também. Todo cuidado e atenção é pouco. Em dez minutos já estávamos descendo pela escada do barco na lateral do casco. Eu respirei fundo. E sorri para o pessoal que estava tirando as fotos para nós. Não queria transparecer que estava medrosa e desanimada para Sarah. Mãe é mãe, temos que demonstrar coragem pelo menos na maioria das vezes.

Assim que toquei na água Vítor, Carla e Gustavo vieram ao meu encontro. Combinamos de ficarmos por perto. O fotógrafo e câmera entraram na água também. E ouvimos a última instrução. Proibido irmos muito longe uns dos outros. Profundidade média, e qualquer coisa estranha, voltar para cima o mais rápido possível. E assim todos nós mergulhamos. Á água em alto mar era mais fria, pelo menos essa foi a sensação na minha pele. Gustavo estava á uma distância calculada, mas ainda assim estávamos perto. E eu o achei ainda mais gato, mesmo com aquelas roupas de mergulho e máscara. Logo avistamos alguns cardumes. Eram muitos peixes. Passavam por nós e eram amarelos meio alaranjados. Eram tão lindos. Eu sorri. Estava tendo uma experiência única. Depois vi peixes maiores. E mais a frente observei o instrutor e o câmera fazendo sinal de um para o outro, apontando algo mais á frente. Então vimos algumas tartarugas, até que eram grandes. Eu achei tudo muito perfeito. E comecei a relaxar e aproveitar o momento. Gustavo pegou minha mão e começamos a nadar no mesmo ritmo. Só tinha um animal em especial que eu não gostaria de encarar. Nenhum tubarão a vista, então agradeci á Deus por aquilo. E mais a frente o pessoal se aglomerou, fomos até eles nadando num ritmo mais rápido e vimos porque da concentração em especial. Eram duas raias passando por ali. Fantástico aquele mundo aquático. Deus era realmente o artista maior. Eu estava muito mais animada por estar ali agora que já estava literalmente, dentro daquela aventura. Foi excepcional!

Cale a boca & me ame  (Livro 1 - Série Desejos)Onde histórias criam vida. Descubra agora