A Bela fera que em ti habita.

04

O tempo corre aqui dentro, todos correm a todo momento, o café da manhã se inicia às cinco, assim que é servido já começariam a preparar o almoço. Tudo isso as ordens de minha querida mãe, na qual exige perfeição de tudo e todos.
E eu estou o tempo inteiro fazendo algo, se não estou afogado em documentos estou resolvendo coisas lá de fora, mesmo que eu não saia ainda é um grande trabalho, talvez ainda maior do que se saísse, afinal tudo que é repassado para mim poderia ser resolvido facilmente se eu tivesse a coragem de por os pés para fora. Minha mãe é uma grande rainha, amada e respeitada por muitos, meu pai, da mesma forma, já eu, talvez nem consiga subir a o trono.

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Era nítido o medo no olhar dos funcionários, tinham medo de acabar errando e ficar ali por mais tempo, sei que ninguém está aqui por mim ou por vontade apenas precisam pagar o que devem, mas o que mais me chama atenção, é o garoto dos cabelos loiros que chegou recentemente. Um garoto tão novo, como seu pai teve a coragem de mandá-lo para passar tantos anos aqui? Afinal a dívida era enorme.
Meus pais sabiam que o garoto viria já que observaram o tratamento dentro de sua casa, trouxeram o menino como um troféu, e disseram a seu pai que sua dívida se pagaria mais rápido caso ele autorizasse o menino a ser meu acompanhante, basicamente seu pai deixou que seu próprio filho fosse prostituido sem a o menos deixar o menino saber. Enfim, já tive outros que vieram para fazer o mesmo trabalho, já que segundo minha mãe, é melhor que eu não tenha contato com os outros mesmo, mas nunca fiz nada com nenhum dos homens ou mulheres que vieram aqui.

- Vossa alteza?

Coloquei a máscara em um sobressalto, me dirigindo até a porta.

- Park?

- Me desculpe incomodar você, eu queria pedir algo.

- Diga.

- Eu vi que tem uma biblioteca, o senhor se importaria que eu lesse algum livro? Sou um grande fã da leitura e deixaria da mesma forma que está.

Meus olhos ficaram no garoto por alguns segundos, observando seus olhinhos castanhos e as sardinhas em seu rosto.

- Gosta de ler?

- Sim senhor.

- Pode pegar os livros que quiser Park, mas mantenha o local organizado.

- Muito obrigado! Prometo não fazer nenhuma bagunça. E por favor, não pense que não vou me dedicar a o meu trabalho.

- Sei que vai.

O menino saiu quase saltitando enquanto descia as escadas. Notei que usava uma das roupas que havia mandado.
Novamente voltei a meus pensamentos, penso em tudo, sobre sair daqui, sobre minha aparência que tanto me desagrada, sobre o que preciso fazer, é como se não pudesse deixar minha mente descansar.

Então, novamente toda a rotina se repete, tenho que fazer meus afazeres, descer e conviver com todos aqueles que sei que não estão aqui por amor a mim, tenho pena de como chegaram aqui inclusive, vejo o medo nos olhos quando olham para mim, me sinto ainda mais um monstro.

- Aqui o almoço senhor Jeon, espero que esteja de seu agrado.

- Sim, esta, obrigado.

E então todos corriam novamente para seus serviços, na esperança de um dia poderem ir embora.

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