CAPÍTULO 16 - O CREPÚSCULO DO MUNDO

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Na manhã seguinte, o grupo partiu. As esperanças renovadas por terem um novo aliado poderoso.

Caminharam por um trecho difícil, devido a grande presença de árvores. Olhos e ouvidos em alerta, já que a chance dos mortos atacarem era certa.

Pararam uma vez para deixar os cavalos descansarem e então começaram a subir a Espinha do Mundo, uma enorme cordilheira de montanhas, em cuja face oposta ficava Angorath.

- Arethorn foi derrotado. Lápide trouxe o corpo. - Era Mausoleyus quem falava. Um ser repulsivo, pertencente a alguma espécie de demônio. Gigantesco como um mamute, o corpo uma massa bruta de músculos e ossos duros.

- Quem o matou? - Soryu perguntou.

- Eu não sei. Só encontrei o corpo no chão, depois de ter dado por sua falta.

- Vamos levá-lo ao sumo-sacerdote para trazê-lo de volta à vida.

Seguidos por aqueles dois, Lápide carregava o corpo do drow nos braços para uma câmera nos porões daquele lugar abandonado.

O dia seguinte foi de intensa jornada. Tinham pressa para atravessar as montanhas e chegar a Dhankarsh ou a qualquer lugar civilizado.

Não demorou para alcançarem.

Uma encruzilhada, após ela uma fortaleza de tamanho razoável, cercado por uma vila. Naquele lugar estava acampado o exército de Angorath. Quinhentos homens, com seus brasões tremulantes. Acompanhados deles, cavaleiros de Thenn, cuja aparência já denunciava a experiência do combate.

Apresentando-se ao general daquela tropa, o grupo foi informado de sua movimentação para auxiliar o devastado reino de Thenn e dos outros movimentos que o monarca tomara. As informações colhidas foram repassadas às demais lideranças e um mensageiro foi despachado até a capital.

A cada hora, mais soldados chegavam para se juntarem à tropa principal. Alguns eram combatentes de Thenn, que há pouco combatiam os mortos que já avançavam sobre a fronteira.

- É hora de eu ir. - Wingriane anunciou.

- O que quer dizer? - Cain indagou.

- Tinha assuntos a tratar com Ethelessyl em nome de minha ordem que dizia respeito justamente a essa situação. Agora que confirmamos tudo, não posso ir até Dhankarsh ou esperar que ele venha até aqui. Tenho que voltar a Voltore e comunicar a atual situação aos meus superiores.

- Adeus.

- Adeus.

- Adeus.

- Contudo, essa não será a última vez que verei a todos. Ainda iremos nos reencontrar. Uma pequena escolta foi destacada para acompanhá-la.

Despediram-se da mulher que fora sua companheira por pouquíssimo tempo, mas que acabara virando uma amiga.

Dois dias depois.

Um rosto conhecido.

Gilvius.

Cain e os outros estavam nas ruas de terra da vila, quando ele apareceu. Acompanhado por dois cavaleiros do reino vizinho de Thenn que ajudara em seu caminho.

Seus olhares se cruzaram e foram ao encontro um do outro.

Um abraço. Um longo e caloroso abraço. Lágrimas nos olhos dos dois.

Tio...


*

- O nome dele é Arayashiki. Matei um de seus subordinados há três dias. Mas não foi

ele o responsável pela morte do seu pai, o meu irmão.

- Como assim?

- Lápide. Foi ele quem nos derrotou quatorze anos atrás.

Enfim, Gilvius explicou-lhe toda a verdade.

- Quer dizer que nos encontramos com o miserável na floresta e fugimos dele? - Seus

olhos ardiam em raiva.

- Cain, acalme-se. - Nós não éramos páreos para ele. Se tivéssemos ficado para lutar,

estaríamos mortos.

Aquilo o trouxe de volta à razão.

- É, você está certa.

Tanatos falou:

- Quanto a quem você matou, é provável que o tragam de volta a vida, como ressuscitado?

- É provável. - Gilvius confirmou. - O drow era forte, e um recurso valioso para eles. Não creio que o deixariam apodrecer naquele lugar.

Kannon pigarreou.

- Em breve eles irão fazer seu movimento em direção a esse reino. As nações vizinhas estão devastadas, seus exércitos agora são exércitos dos mortos. Arayashiki ambicionará aumentar suas fileiras com as pessoas deste reino. É só questão de tempo.

- O que sugerem que façamos? - Ele olhou para todos os presentes.

"Qualquer curso de ação depende dos exércitos reais" - Hannah explicou o que Akyrius sinalizara.

- Primeiro precisamos explicar ao rei tudo o que Gilvius nos disse aqui. - Cain se pronunciou.

- Exato. Mas tanto a situação em Thenn quanto em Kanarys deve ser controlada antes. - Considerou Tanatos.

- Eliminar os " Arautos da Morte" deve ser nossa principal preocupação. Somente se eles forem parados, isso acabará.

- Eu concordo com Akyrius. - disse Hannah.

Mais tarde, foram informados de que uma grande força reunida na capital marchava para uma cidade de médio porte, para onde os batedores confirmaram que um grande número de mortos se dirigia. À ela, juntaria-se a maior parte dos quinhentos homens que estavam estacionados naquela vila.

- Mil almas vivem lá. Se impedirmos o rei de marchar agora para lá, serão mil novos soldados servindo a esse maldito feiticeiro. - Cain ponderou. - O inimigo agiu antes do que esperávamos.

- Vamos esperar essa batalha acabar. E então comunicar ao rei nossos planos.

Cidade de Ryuma. cinquenta quilômetros ao norte.

Ao custo de muitas vidas, a cidade foi salva. As sólidas muralhas sucumbiram ante à força dos trolls e dos gigantes que o terrível feiticeiro havia aliciado em seu exército.

Uma perda grande para o inimigo, que via seu avanço ser contido pelas forças do reino de Angorath. Ele tentaria de novo, dessa vez lançando todo o seu poder sobre aqueles que ousavam desafiá-lo.

Uma carta para Ethelessyl chegara do grupo que ele tinha enviado em expedição. Por decreto real, a cidade e todas as vilas ao redor foram evacuadas. Não haveria mais como defendê-la se outro exército surgisse. Também havia a questão de que era preciso reunirem-se as lideranças do reino para tomar um curso de ação efetivo. Ou todos morreriam.

A Canção Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora