CAPÍTULO 5 - O Terror de Oito Pernas

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- Não existe nada nesse mundo que possa penetrar aquilo. - Afirmou um soldado temeroso de nome Lyan.

O espadachim perscrutou ao seu redor procurando algo que pudesse ajudá-los a mudar o rumo das coisas. Seus olhos encontraram o teto da caverna e ali permaneceram.

"É claro, dá pra usar a estalactite".

- Nós podemos derrubar a rocha em cima daquela coisa. - Cain apontava para o céu.

- Tem razão. Nem teríamos que lutar. - Respondeu o soldado.

Mas como fariam isso? pensou ele.

- Cain. - Chamou a feiticeira atrás dele. - Eu posso derrubá-la. Mas não temos chances para erros aqui. A magia que pretendo lançar requer muita mana. Vocês terão que atrair a Rainha para debaixo de alguma dessas estalactites.

- Certo.

Akyrius estava frustrado. Como conseguiria atingir tal criatura com as suas flechas? Usar a espada estava fora de cogitação. A arma era menor do que uma espada comum. Servia apenas para uso defensivo, quando algum inimigo chegava perto demais. Resolveu não desperdiçar suas flechas e guardá-las para quando uma oportunidade melhor surgisse.

A Rainha atacou. Sua investida bem sucedida resultou em mais uma baixa para a já reduzida tropa. A vítima, um homem velho, não conseguiu desviar da poderosa perna blindada a tempo. Aquilo fez os outros perceberem que seriam vítimas fáceis caso mantivessem-se na defensiva.

Ataques desferidos contra a Rainha não tinham quase nenhum efeito. Em dissonância, as suas pernas gigantes causavam uma morte rápida. A exceção eram os ataques de Bardald, que aproveitava-se da distração da Aranha com os seus subordinados e procurava os pontos vulneráveis, atacando quando os encontrava. Nódoas negras começavam a brotar no pêlo marrom.

As quelíceras o agarraram em um avanço da Rainha que pegou-o desprevenido. Ele aproveitou a oportunidade e feriu o rosto dela, abrindo um ferimento que ia de um olho ao outro. Ela o jogou com toda a fúria contra uma estalagmite. Uma costela se partiu com o impacto.

Cain atacou três vezes em rápida sucessão as pernas traseiras. O ataque de volta da Rainha foi defendido com muita dificuldade. A outra perna veio em sua direção. Ele abaixou-se e golpeou a parte traseira desprotegida da perna.

Pela primeira vez ele ouviu o grito de dor da Rainha. Havia descobrido o seu ponto mais fraco exposto. Por ainda estar próximo á ela, o grito o deixou atordoado.

Akyrius e Hannah e todos os outros também perceberam aquilo. Mesmo com toda aquela armadura ao redor do corpo, a Rainha não era invencível. Eles poderiam feri-la bastante antes da maga continuar com o seu plano.

Cain seguia defendendo-se dos ataques dela. Ao mesmo tempo em que lentamente a atraía para um ponto previamente demarcado por ele. Foi então que ele viu a explosão , onde uma grande bola de fogo chocou-se contra o céu da caverna. A rocha caiu, atravessando a armadura que até momentos atrás era impenetrável.

A outrora poderosa Rainha estava morta pelas mãos daquelas que ela e as suas filhas pretendiam consumir como alimento.

O trabalho de remover os humanos dos casulos foi demorado e extenuante, ainda mais quando eles tinham perdido mais da metade dos seus soldados. Longas horas se passaram antes de todos voltarem á Darmax.

A taverna estava abarrotada. Parecia que todas as pessoas da cidade haviam posto as suas melhores roupas e comparecido para celebrar os heróis que as salvaram. Até mesmo o infundado preconceito parecia ter sido esquecido, e pela primeira vez naquela viagem, Cain notou o sorriso no rosto do companheiro mestiço.

Satisfeito, ele viu-se pensando no seu tio Gilvius. Onde ele estaria agora? Por que deixara ele e a mãe tão de repente? Perguntava-se. Eram muitas as perguntas, e embora tivesse passado os últimos dias absorto nelas, não obtivera qualquer resposta.

Deu outro trago na cerveja.

"Teria ele descoberto algo acerca daquilo? "

- Cain, o que está fazendo aí sozinho? Vamos. Há umas belas garotas lá fora que querem conhecer o herói que salvou a cidade.

O alcaide os recompensou com uma gorda recompensa: cinquenta moedas de prata. Dinheiro que iria durar meses sem que eles precisassem trabalhar. Três bons cavalos também lhes foram dados como parte da generosa recompensa da gente daquela cidade, além dos novos equipamentos que foram arrumados para o guerreiro.


                                                                                                ***

A primeira parte da jornada, cujo nome é o Arco das Aranhas Gigantes, chegou ao fim.  A partir do próximo capítulo terá início o Arco do Meio-Dragão.

O que acharam da história até então? Quais as suas expectativas? Dúvidas? Alguma coisa que não ficou muito clara? Lembrando que após a história estar concluída, ela sera extensamente revisada. Comentem e vamos interagir.


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