CAPÍTULO 17 - GUERRA

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Dias passaram-se. Após longa deliberação, os reis Alexander e Ryltar concordaram em juntar suas forças à Angorath. A tropa dos mortos não era tão presente em seus reinos e parecia estar se reunindo para marchar contra aquele.

Do que restara dos antigos beligerantes, um número próximo a dois mil homens. Do lado de Angorath, contabilizando as recentes perdas em Ryumma havia cerca de quatro mil, entre espadachins, arqueiros e cavaleiros, e até um ou dois grupos de aventureiros que decidira tomar parte. A esse contingente, juntara-se os quinhentos cavaleiros que Ethelessyl enviara para ajudar a limpar Thenn e Kannarys. Nestes lugares, ficara somente o número suficiente para proteger as cidades de eventuais remanescentes do grande exército de mortos.

- Os batedores contam um número entre oito a dez mil no exército do

feiticeiro, além de orcs e de outras criaturas.

- Todas as regiões habitadas na fronteira já foram evacuadas, majestade.

- Em três dias eles estarão sobre nós. - Alexander falou.

- Vamos contê-los aqui, não podemos deixar que adentrem mais ainda no reino trazendo o caos consigo.

Fora revelado que o exército ocupara Ryumma logo depois que as forças de Ethelessyl deixaram o lugar e lá estacionaram-se desde então. Poucas horas de atraso teriam significado a sua destruição.

Cain treinava com o velho Kannon. Este era um excelente espadachim, talvez o maior que ele já conhecera. Aparava a maioria de seus golpes ou esquivava quando seria atingido. Gilvius supervisionava o treino, e vez ou outra também lutava contra o sobrinho.

- Tive família em Zentage antes de virar paladino. Desde então não sei se alguém ainda está vivo.

- Somos de Zentage. Eu e o meu tio. - Cain respondeu apontando para Gilvius.

- Fico feliz por saber que a guerra ainda não chegou até lá.

O velho contou aos dois que virou paladino ao sentir o chamado de Hykhamyl, já com cerca de trinta anos. Viveu e lutou pelo deus da justiça, mas acabou perdendo a fé na divindade. E agora, lá estava ele.

Aqueles poucos dias passaram vagarosos, até que o grande exército dos mortos despontou no horizonte cinzento. Eram milhares, muito mais do que as estimativas indicaram. A tropa de Angorath e dos outros reinos estava posicionada a poucos quilômetros do vilarejo em uma grande planície. Alguns elementos permaneciam na vila e nos arredores. Esperava-se mais alguns grupos de soldados para reforçar o contingente principal dentro de algumas horas.

E então, teve início o confronto.

*

As primeiras investidas reduziram-se a testar as defesas do inimigo e avaliar sua força de combate. Poucas baixas foram reportadas nos primeiros minutos em ambos os lados. Face a superioridade numérica do exército do deus da morte, eram usadas magias que aumentavam ataque e defesa, itens mágicos e flechas em chamas. Não era nem de longe o suficiente para garantir a vitória, mas teria que bastar.

Sabia-se também que se arrancada a cabeça fora, a criatura ressuscitada estaria definitivamente vencida.

Confirmadas as informações, logo os ataques passaram a ser mais incisivos. Visavam um regimento aqui, um grupo de cavaleiros mais vulnerável ali, uma brecha que não fora tapada...

Os humanos perdiam terreno lentamente. Para poupar baixas, a ordem de recuar fora baixada, porém surtira o efeito contrário. O inimigo passava a dominar o campo de batalha, centímetro por centímetro. Aqueles que caiam mortos, eram imediatamente neutralizados para que não pudessem ser revividos e passar para o lado do inimigo. Mas, às vezes, um ou dois retornavam e o caos se irrompia nas linhas de frente.

A Canção Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora