CAPÍTULO 11 - Feridas

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Siel despediu-se brevemente do grupo, carregando o corpo do irmão mais velho. Iria enterrá-lo próximo a um rio pelo qual passaram na caminhada até ali. Disse que o irmão gostava muito de estar próximo à água. Em seguida, voltaria para casa, uma cidadezinha chamada Lanker.

- Adeus.

Levara consigo alguns dos tesouros que encontraram na caverna do meio-dragão. Adagas adornadas com pedras preciosas, cálices dourados e uma gorda bolsa de moedas de ouro.

Uma semana havia se passado desde a morte de Barktheld. Akyrius estava melhor, mas Cain ainda recuperava-se aos poucos. Os ferimentos que sofrera virariam cicatrizes em breve, lembrando-o para sempre daquele dia.

Seu estado de saúde já permitia-o andar e realizar outras atividades sem sentir dor.

No oitavo dia, ele deu início ao seu treinamento no manuseio daquela espada bastarda. Os fundamentos eram os mesmos que havia aprendido com seu tio, devendo Cain aprender a como usar uma espada daquela envergadura. Akyrius ajudou-o no treinamento, sendo o seu oponente nas lutas.

Hannah, por outro lado, sentia-se frustrada por não ter feito nada na última batalha. Em grande parte do dia, quando estavam no seu treinamento, eles não a viam. Suspeitaram que ela também estava treinando alguma nova técnica.

Cain treinava todos os tipos de ataques: Horizontal, de direita, esquerda, vindo de cima, vertical e outras combinações que descobriu funcionarem bem.

E assim o seu treinamento seguiu-se, dia após dia. A partir da terceira semana, Akyrius já não conseguia manter-se em pé muito tempo contra ele.

" Você melhorou".

Após quase um mês, Cain já tinha total domínio sobre a espada. Suas feridas não doíam mais, a única consequência visível era o seu rosto destruído.

Naqueles dias soprava um vento mais frio, indício de que o verão finalmente chegava ao fim. O outono provavelmente já tinha começado não muito longe dali.

Um som distante de trote de cavalos chegou até eles. Um som que não sabiam se traziam boas ou más intenções.

Dois ou três minutos depois avistaram duas dúzias de cavaleiros. Traziam o brasão de um sol amarelo sobre uma planície verde pintada em seus escudos e armaduras. O comandante da tropa falou:

- Somos cavaleiros de Dhankharsh. Estamos aqui em nome do rei Ethellessyl. Sua Alteza os convida a irem até a sua corte para agradecê-los pessoalmente e recompensá-los por livrar o reino de um demônio tão terrível quanto aquele. O que vocês fizeram aquilo espalhou-se por todo o reino muito rápido. E também os relatos do que fizeram em Luna. As pessoas os chamam de Os Três de Darmax.


Norte do continente. Uma fortaleza abandonada.

Os sacerdotes do Deus da Morte estavam todos reunidos em audiência, confabulando uns com os outros.

- Onde você estava, Lápide? - Perguntou um ser de aspecto disforme, claramente irritado com o atraso do outro.

- Acabo de oferecer meu Sacrifício à Hakai.

- Que seja. - E fez um sinal em referência ao deus.

O Sumo-sacerdote tomou a fala.

- Nós descobrimos a localização da Flauta da Morte. Nossa guerra começará muito

em breve. Com isso, acredito que já temos um número de cadáveres bastante satisfatório para criar o nosso exército. Você não deverá mais preocupar-se com isso.

- Anseio por levar a palavra de Hakai a esses prosélitos. - Um drow de aparência perturbada comentou.

- É chegada a hora. - Um brutamontes careca refletiu.

- Arethorn. - O drow ouviu atentamente. - Você irá até o lugar e trará o objeto. Os mortos por essa guerra que acontece agora no sul devem reforçar as nossas fileiras.

- Passaremos a nossos outros assuntos agora.


O homem caminhava pensativo pela floresta. A noite era calma e silenciosa, ocasionalmente perturbada pelo piar de uma coruja ou a passada de um cervo. Ele continuou sua caminhada por horas, subindo aquela pequena montanha.

A lança Güngnir forjada por ferreiros anões há quase duas décadas que trazia nas costas era um peso reconfortante.

"Depois de tantos anos é bom sentir o seu peso novamente".

Sua viagem o levou por muito tempo por lugares inabitados. Mas agora encontrava-se de volta à civilização. Já passara por algumas aldeias e cidades de pequeno porte.

Quando recebeu a notícia por meio de um informante de que o homem que assassinara seus amigos movimentara-se outra vez, resolveu que era sua hora de agir. Mataria-o mesmo que ele próprio também morresse. Gilvius olhou reto. À sua frente estendia-se um enorme vale.

A Canção Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora