CAPÍTULO 15 - Despertando os Caídos

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Estavam por todos os lados. Homens, mulheres, crianças... Todos vítimas daquela guerra miserável, devolvidos à vida, mas que não lutavam mais por nenhum dos lados.

Restou-lhes lutar para saírem vivos dali.

- Deixem eles virem até mim! - Gritou Wingriane.

A vanguarda daquele exército, se é que aquilo poderia ser chamado dessa forma, avançou para a posição da paladina, mas não a cercaram. Wingriane esperou e quando os mortos estavam a seu alcance, sacou sua espada e com um golpe em arco derrubou a primeira leva. Porém aquilo só parou os inimigos, uma vez que já estavam mortos.

- Devem ser dezenas, não, centenas.

- Não deixe ser sobrepujado por eles, Cain. - Ela sorriu sarcasticamente.

Os dois ficaram lado a lado, um protegendo o flanco do outro. Imediatamente o número de inimigos aumentou demasiadamente, mesmo com o apoio de Akyrius e Hannah lá atrás. Os soldados que antigamente faziam parte dos exércitos de Thenn eram os que estavam em maior número, sua resistência e habilidade de combate impressionavam mesmo depois de mortos.

Thanatos, ignorando os outros dois, tentava abrir caminho à força por entre os mortos. Seu machado dilacerava, cortando braços, arrancando cabeças, de forma que não lhe fossem mais ameaça. Seus braços velozes, não deixavam que os mortos conseguissem cercá-lo.

A maga, distante do calor da batalha, notou um movimento diferente no movimento dos mortos, pareciam aos poucos posicionar-se em pontos cegos do grupo. Alguns inclusive tentaram aproximar-se sorrateiramente de si e do meio-elfo, mas Akyrius abateu-os antes que estivessem mais próximos. Os que não eram soldados tomaram a vanguarda, ao passo que os guerreiros passaram para a retaguarda, atacando quando alguém estivesse distraído. O que no primeiro momento pareceu a Hannah uma ameaça em números, tomou um contorno muito mais assustador quando o inimigo começou a agir de maneira inteligente.

Sem que Cain ou a paladina se dessem conta, alguém que em vida fora um guerreiro robusto passou por eles. Akyrius alvejou-o três vezes, com as flechas encadeadas pela magia da maga, mas nenhuma acertou a criatura. Um machado derrubou-o antes que representasse maior ameaça.

- Andei por entre eles, mas não encontrei quem controla essas coisas. - Disse Thanatos.

- Quem quer que seja, deve estar aqui agora. O comportamento deles mudou. Estão mais agressivos.

- Então o mestre dessas coisas não estava aqui antes? - o selvagem empalideceu. - Seu poder é maior do que pensávamos para conseguir controlar tantos soldados a distância.

Quando voltaram sua atenção outra vez à batalha, viram que havia mais soldados mortos. Seus olhos vermelhos como sangue fitando os poucos vivos com malignidade, seus corpos poços de putrefação.

Aos olhos de Wingriane, o jovem que estava ao seu lado estava abaixo do que ela havia esperado. Lento e fraco com a espada, relíquia de sua ordem.

- Apenas defenda minha retaguarda. - Aquela altura ele já estava exausto. Ela, apenas um pouco cansada pelo esforço. Fosse o que fosse, os inimigos só pareciam aumentar em números, vindo pela vila destruída, da floresta ou das estradas que davam acesso aquele lugar. A estratégia que todos haviam compreendido era lutar até apenas o caminho estar livre, mas agora pareciam estar perdidos.

Escutaram o trovejar de cascos de cavalos. Os cavaleiros apareceram na sua frente de repente, derrubando a paladina, pisoteando-a. Cain foi em seu auxílio. Ele lutou como um selvagem, rasgando e cortando os inimigos.

- Rápido. Levante-se. Preciso de você aqui. Não posso contê-los para sempre.

Juntos eles quebraram a primeira investida, e com o espaço livre conseguiram voltar para o resto do grupo. Estavam todos abalados por aquela carnificina, cobertos de sangue e tripas. O corpo de Cain parecia pesar uma tonelada, tamanho o esforço que fez para estar ali.

A Canção Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora