CAPÍTULO 10 - MARCAS

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- Valkyria, me dê forças.

A espada começou a pesar em seus braços. A respiração estava descompassada e o sangue fluia para fora do seu corpo. Outra vez, Cain repetiu aquela oração.

Barktheld lançou sua magia, uma enorme bola de fogo. Hannah conjurou novamente aquele campo de força invisível, explodindo a magia adversária no ar.

- Você não vai me deixar matá-lo, não é maga? Mas eu posso lidar com eles apenas com a minha espada.

Cain defendeu-se do primeiro ataque com dificuldade. A partir dali, não havia nada que ele pudesse fazer a não ser defender-se. O inimigo parecia mais forte do que nunca, agora. Golpes foram desferidos em seu corpo, não fosse a intervenção de Siel o mesmo teria morrido.

- Droga, não podemos vencer. Ele é forte demais.

Hannah aproximou-se dos dois. Parecia ter pensado em algo que pudesse ajudá-los.

Barktheld de forma cautelosa, limitou-se a atacá-los com seus poderes.

Por um momento que lhe custou caro, Barktheld havia esquecido dos outros dois. Saan golpeou-lhe por trás, fincando a cimitarra em suas costas.

- Acabou.

- Não...ainda não.

Barktheld agarrou o braço de Saan e começou a queimá-lo com a mão esquerda. Um

odor de carne queimada subiu no ar, enquanto o mais novo dos irmãos gritava tentando se libertar daquele aperto. Barktheld soltou-o, Saan também recuando com a espada. O meio-dragão pôs um fim àquele sofrimento cortando-o com a bastarda.

- IRMÃOOOO!!!

Tomado pela fúria, o meio-dragão foi de encontro aos outros. A meio caminho foi

repelido pela magia de atordoamento da maga, lançando-o a uma distância de metros, abrindo ainda mais as suas feridas. Finalmente, ele cuspia sangue.

- MALDITOS VERMES!!! - Esbravejou.

Cain, Akyrius e Siel atacaram. Havia a sensação de que estavam no mesmo nível de luta de Barktheld agora. A morte do irmão fora um golpe duro demais para ele, e Siel atacava sem pensar, tornando-se um alvo fácil para o meio-dragão. Com a bastarda, ele atirou Akyrius para longe e derrubou os outros dois, ganhando tempo suficiente para conjurar uma magia e lançá-la no mestiço. O ataque atingiu-o parcialmente, queimando o braço e as pernas, deixando ali um sinal que viria a marcar seu corpo para sempre.

Cain desviou do ataque da bastarda, rolando para o lado. O golpe atingiu a grama, gerando um pequeno tremor na terra.

- Cain! - Siel chamou. - Por acaso você consegue usar duas armas ao mesmo tempo?

- Sou ambidestro. E também sei usar vários tipos de armas. No que está pensando

Siel?

- A espada do meu irmão. Está lá no chão próximo ao corpo dele. Vou buscá-la e

trazê-la até você. Aí será como se ele estivesse lutando contra quatro pessoas de novo.

- Parece um bom plano. Vá, eu seguro ele.

Cain segurava os duros golpes de Barktheld. Como estava no cúmulo do cansaço, só podia defender-se deles. Com o canto do olho viu que Siel pegara a espada e trazia-a de volta.

Agora, com duas espadas na mão, Cain defendia-se mais facilmente. Siel ousou um avanço pela esquerda, ferindo o já moribundo meio-dragão. Cain aproveitou aquela chance e também arriscou um ou duas ferroadas com a espada, rasgando a pele por entre a armadura despedaçada. Barktheld reagiu, e com uma impressionante rapidez para o estado em que se encontrava, ergueu sua espada com a intenção de partir a cabeça do adversário em duas.

Não funcionou.

- Ele está cedendo- Confirmou Siel.

Cain investiu com uma estocada, que sem surpresa foi rebatida. Depois atacou vertical

e horizontalmente. O quarto ataque veio pela esquerda. Um ou dois efetivamente acertaram o oponente.

Barktheld afastou-se, mancando. Alguns metros à frente ele deixou cair sua espada.

- Vencemos. - Comemorava Siel.

O meio dragão começou a canalizar um último ataque.

- Maga. Escolha se você salvará seus companheiros ou a si mesma. De qualquer modo, matarei mais um.

Barktheld lançou pelas mãos o ataque que conjurara. Duas enormes bolas de um fogo vermelho-vivo, maior do que qualquer de seus outros ataques. Hannah ergueu seu Escudo Arcano. Pensou por um momento em tentar também conjurar aquele mesmo ataque, mas certamente não estava no mesmo nível de Barktheld. O feitiço explodiu no ar, criando uma enorme explosão, espalhando o fogo na grama.

A outra conjuração foi direcionada a Cain e Siel. Este escapou por pouco de ser queimado vivo, mas Cain não teve a mesma sorte. Aquilo atingiu seu corpo, queimando o lado esquerdo do rosto. Ele urrou de dor, para prazer do meio dragão.

O rosto adquiriu uma cor negra, o olho perdera parte da visão.

Hannah viu Akyrius levantando-se no canto, sacando seu arco e disparando contra o meio dragão. Duas flechas o atingiram no abdômen.

Barktheld empunhou novamente a bastarda. Cain olhou-o nos olhos.

Os dois avançaram.

Trespassaram-se com suas espadas. Barktheld ferido no peito. Cain ferido no abdômen.

O meio dragão finalmente caia. Cain virou-se, e foi até ele. Empunhou a espada e sentou-se.

A Canção Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora