CAPÍTULO 6 - O Mundo Muda Depressa

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- Qual o seu maior sonho? – Perguntou Hannah certo dia.

Ele sentou-se na relva. O vento veio de encontro ao seu rosto, esvoaçando os cabelos negros, fazendo-o lembrar da infância ao lado do pai, quando este ainda estava presente. Alguns pássaros cantavam, as flores exalavam o seu perfume, e o sol estava alto no céu naquela manhã do verão que já ia pela metade.

Darmax havia ficado para trás há dois dias. Uma sucessão quase infindável de bosques e pequenas colinas seguira-se desde então.

A próxima parada era Rhylm, uma cidade de médio porte. Lá, procurariam por mais um ou dois aventureiros dispostos a acompanhá-los na missão de reaver a espada. Os suprimentos também teriam que ser reabastecidos para a jornada seguinte, quando fossem de encontro ao meio-dragão.

- Vingança... - O semblante antes feliz agora estava sombrio. - contra o homem que

assassinou o meu pai. Esse é o meu maior sonho, só que... eu não sei quem ele é. Meu tio nunca me falou nada a respeito. Tudo o que ele contou a mim e a minha mãe foi que ele e o meu pai e o resto do seu grupo foram emboscados quando voltavam para casa.

- Cain...sinto muito...

Ele esboçou um pequeno sorriso para a maga.

- E vocês, o que vocês mais ambicionam na vida?

- Conhecer o mundo sem ter medo dos perigos. Foi por isso que treinei todo a minha vida.

"Vamos tentar sobreviver ao meio-dragão primeiro." Foi tudo o que ele disse.

Após selarem os cavalos, estavam de volta na estrada. Ao meio- dia chegaram a

uma pequena aldeia ribeirinha sem nome. Comeram um guisado de peixe sem gosto e prosseguiram viagem.

No segundo dia, a mesma monotonia. Passaram por mais algumas aldeias que

não constavam nos mapas e foram vistos com admiração pelas crianças e desconfiança pelos mais velhos.

No terceiro dia - O mais quente do verão. - alcançaram a fronteira entre Yhanmhir e

Angorath. Rhylm ficava mais ao norte.

Foi na manhã do oitavo dia após terem saído de Darmax que o grupo chegou em Rhylm.

Uma profusão de pessoas e carroças, puxados por bois, já adentravam a cidade

pelo enorme portão. Vinham com o intuito de negociar as mercadorias que traziam no lombo dos animais. Os guardas observavam dos portões e do topo das ameias, atentos para qualquer confusão.

Na praça central, várias barracas já estavam armadas. Muitas outras em breve ocupariam o espaço ainda vazio que fora deixado. Os comerciantes gritavam uns sobre os outros para atrair compradores.

Nestas estavam espadas, arcos, machados, adagas cravejadas de pedras raras, marretas, e outros tantos tipos de armas.

Nos barracões seguintes, laranjas, melancias, abóboras, maçãs, amoras e outras frutas

disfarçavam o ar desagradável da cidade com o seu cheiro doce. Uma fruta estranha chamou a atenção de Cain. Era vermelha e escamosa. O vendedor disse que ela se chamava Fruta-dragão, e não era nativa daquele lugar. Cain pagou três moedas de bronze pela rara iguaria. Dividiu-a com a maga e o meio-elfo e descobriu que o interior também era vermelho. A fruta tinha um sabor adocicado que agradou-lhes bastante o paladar. Depois de terminada a refeição, eles continuaram em frente.

Pararam em outra banca e compraram um mapa que mostrava minuciosamente o reino de Angorath.

O som de uma flauta tocada por um homem de cabelos brancos como os do mestiço chegou até eles. O música estava sentado em um pequeno banco de pedra. Totalmente concentrado em sua arte, ele atraía uma pequena multidão de expectadores sem se dar conta. Cain, Akyrius e Hannah permaneceram estáticos, ouvindo a bela melodia. Os três concordaram que nunca haviam visto flautista melhor. Foram direto até o Pouso do Viajante, a taverna mais movimentada de Rhylm.

A Canção Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora