CAPÍTULO 18 - A ESCURIDÃO QUE PAIRA SOBRE O MUNDO

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Um grupo misto. Cerca de duas dezenas. Eram uma espécie de patrulha avançada e haviam chegado à vila, na esperança de encontrar mais vítimas para o seu exército. Feridos, mulheres, o que quer que fosse bastava para aumentar o seu número.

Os soldados encarregados de proteger a vila não avançaram, incertos do que fazer. Eram novatos, sem experiência militar. Deram alguns passos para trás, e deixaram que o grupo de aventureiros tomasse a frente na luta. Estes não se importaram. Foi confiada a eles a missão de proteger a vila, e mais tarde juntar-se à batalha principal. Fariam aquilo.

Cain sentiu que a Executora Divina exercia um poder diferente sobre aquelas criaturas. Não era necessário atirar-lhes fogo ou cortar a cabeça, para que elas morressem. Um ou dois golpes, em alguns casos, já era o suficiente para que elas fossem derrotadas.

Ele sentiu um torpor, uma espécie de lentidão que toldava todo o seu corpo, deixando-o mais pesado e lento. Os golpes demoravam mais a atingir os alvos. Eis que conseguiu ver uma espécie de feiticeiro com uma orbe que emitia um brilho branco-azulada nas mãos. O feitiço de lentidão vinha dali.

Seus companheiros perceberam aquela cena. Tanatos e Akyrius, cimitarra em mãos, correram até o feiticeiro, eliminando as poucas criaturas próximas e deram um fim rápido à maligna coisa.

Por fim, um descanso. As criaturas não haviam representado nada mais que uma tentativa frustrada do inimigo de romper por trás das linhas de defesa.

Eventualmente, os feridos do campo de batalha começavam a lotar as cabanas do vilarejo. Um fluxo regular começou a surgir.

Os gigantes, agora tombados. Também outras criaturas diversas do inimigo haviam encontrado um fim, graças aos magos e a Kannon. As baixas, porém, haviam sido altas. Mas Arayashiki ainda conservava seus soldados mais importantes.

Muitos dos magos trazidos ao campo de batalha estavam mortos. Uma magia poderosa de Lizanna impediu-os de voltar à vida. Feitiços poderosos eram lançados contra ela pelo mago zumbi Thayus, que bloqueava-os e revidava. Uma grande área vazia formara-se ao redor dos dois, a batalha prosseguindo afastado daqueles seres de poderosa magia arcana.

Foi quando surgiu ao longe, a vista dos paladinos de Hykhamil. A Ordem da Luz Dourada vinha acompanhada de centenas de guerreiros de Cylos, local sede da ordem. Aquela ajuda inesperada certamente mudava a balança das coisas.

O cavaleiro chegou à galope:

- O rei Ethelessyl convoca-os para a batalha. Seguimos em um impasse até o momento.

Cain e os outros seguiram aquele homem. Ao seu redor, o número de feridos crescia.

Gilvius e Tolven. Envolvidos em um combate furioso. O homem sabia que quando vivo, o anão fora um guerreiro temido. Morto, ele seria implacável.

Os efeitos da luta entre os magos também chegava até ali. Os feitiços lançados entre a maga Lizanna e o antigo companheiro Thayus, chocavam-se com força avassaladora, errando-os por poucos metros.

"E onde estará meu irmão"? - Pensava Gilvius.

Ele evitava golpes mais elaborados no anão, avaliando sua defesa e tentando poupar as forças ao máximo. Atirava sua lança, Güngnir, no que sabia ser o ponto fraco dos mortos, e mantia sempre esse ritmo.

As baixas entre os dois lados chegavam aos milhares, sem contar os feridos. O inimigo parecia querer manter a guerra ali, salvo o ataque ao pequeno vilarejo, parecia não querer desfalcar os seus guerreiros mortos. Sua total atenção estava em vencer aqueles que impediam seu avanço. Se vencesse, Arayashiki teria poderosos novos soldados para adicionar ao seu exército.

Aqueles com ferimentos mais sérios foram enviados para outro vilarejo a cerca de dez quilômetros do confronto principal. Por precaução, soldados os escoltavam. Um desfalque necessário na reduzida tropa de Angorath e dos outros reinos, mas que caso contrário, só contribuiria com novos servos para o Deus da Morte.

- Que Hakai aprove esse sacrifício que levamos para ele esta noite. - O brutamontes de dois metros de altura bradou. Trazia na mão direita um machado negro com entalhes maléficos. O tamanho da arma tão monstruoso, que impressionava o fato de alguém conseguir erguê-lo do chão.

- Antes de enviá-los até o Deus da Morte, deixarei que saibam meu nome. Soryu.

Kannon e um grande grupo de paladinos que se reunira ao seu redor escutavam aquelas palavras impassíveis. Provavelmente aquele era outro dos Arautos.

- Está quase na hora do plano final. - Lápide disse.

- Eu vou na frente para preparar as coisas. - O demônio Mausoleyus que fizera um pacto com o grupo falou.

- Já esperávamos que os sacerdotes de Hykhamil e Asphodra fossem aparecer. Apesar disso, as coisas seguem conforme planejado. - Arayashiki disse.

- Bem, seja como for, também vou me adiantando. - Lápide respondeu.

A Canção Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora