Capítulo Vinte e Quatro

40 4 0
                                    

  Manu acordou com uma sensação de entorpecimento. O teto branco acima dela a fez piscar várias vezes, enquanto a leve dor de cabeça pulsava atrás de seus olhos, deixando-a desorientada. Tentou se lembrar do que tinha acontecido, mas sua mente estava uma neblina confusa. Onde estava? O que tinha feito?

  Ela se sentou lentamente, e ao olhar ao redor, percebeu que estava em um quarto de hospital. A luz suave do sol atravessava a janela, indicando que o dia já havia amanhecido. Confusa, franziu a testa; a última coisa de que se lembrava era a conversa com Estevam, que acontecera no meio da madrugada. Teria desmaiado? Antes que pudesse refletir mais, a porta se abriu, revelando Diego, Johnny e Sara entrando no quarto. Todos traziam expressões preocupadas, especialmente Diego.

  — Você está bem? — perguntou ele, a voz cheia de urgência.

  Manu piscou, ainda confusa, mas assentiu.

  — O que aconteceu?

  Sara se aproximou da cama.

  — Houve... um incêndio no Hotel Itália — disse ela, calmamente. — Encontraram você lá, junto com Oliver.

  Ao ouvir o nome de Oliver, Manu sentiu um choque percorrer seu corpo. Ela se sentou de repente, os olhos arregalados de preocupação.

  — Cadê ele? Ele está bem? — perguntou, já tentando tirar as cobertas de cima de si, o desespero crescendo no peito.

  — Ele está bem, Manu, mas também está internado — Johnny respondeu, com um suspiro pesado. — Agora me diga, por favor, o que vocês estavam fazendo em um lugar tão perigoso?

  Ela não disse nada. Simplesmente se levantou, ignorando a pergunta e os protestos de Diego e Sara, e saiu.

  Manu correu pelos corredores do hospital, o coração martelando no peito enquanto procurava desesperadamente por Oliver. Cada enfermeiro que cruzava seu caminho dava-lhe uma informação que apenas aumentava sua ansiedade, até que, finalmente, um deles a guiou ao quarto correto. Ao abrir a porta e ver Oliver, o coração de Manu se despedaçou por completo.

  Ele estava deitado na cama, seu corpo marcado por queimaduras leves e envolto em bandagens. No entanto, o que realmente a impactou não foram os ferimentos. O que a chocou de verdade foi a expressão em seu rosto ao vê-la. Não era apenas dor física que ele sentia. Havia algo muito pior em seus olhos, uma angústia silenciosa e profunda que pareceu se intensificar com a presença dela.

  Manu se aproximou devagar, sentando-se na beira da cama. Ao observá-lo mais de perto, ela percebeu que ele tinha apanhado. Os hematomas em seu rosto e corpo evidenciavam isso.

  — Oliver — começou, segurando sua mão. — O que aconteceu?

  Mas ele não conseguia encará-la. Seus olhos, marejados, desviavam, como se o peso de tudo o que carregava fosse impossível de suportar. Ele respirou fundo, lutando contra as emoções que ameaçavam explodir. Quando finalmente falou, sua voz saiu fraca, embargada:

  — Manu... por favor, pare de procurar o Dark.

  As palavras, somadas ao estado em que ele se encontrava, deixaram Manu completamente devastada e confusa. Nunca havia visto Oliver tão quebrado, nem mesmo quando ele compartilhou as memórias sobre a morte de seu pai.

  — Por favor — repetiu, tentando se levantar.

  — Para Oliver, você está machucado! — exclamou ela, impedindo-o.

  — Então diga que vai parar de procurá-lo! Por favor, faça isso por mim.

  Manu fechou os olhos, tentando se recompor da dor de ver o homem que sempre foi tão forte, agora implorando por algo que ela sabia que não podia prometer. Ela queria abraçá-lo, mas, como não podia, inclinou-se sobre ele até que suas testas se tocassem levemente. Suas mãos deslizaram suavemente pelo rosto dele, analisando cada ferimento.

DARKOnde histórias criam vida. Descubra agora