Manu acordou com uma sensação de entorpecimento. O teto branco acima dela a fez piscar várias vezes, enquanto a leve dor de cabeça pulsava atrás de seus olhos, deixando-a desorientada. Tentou se lembrar do que tinha acontecido, mas sua mente estava uma neblina confusa. Onde estava? O que tinha feito?
Ela se sentou lentamente, e ao olhar ao redor, percebeu que estava em um quarto de hospital. A luz suave do sol atravessava a janela, indicando que o dia já havia amanhecido. Confusa, franziu a testa; a última coisa de que se lembrava era a conversa com Estevam, que acontecera no meio da madrugada. Teria desmaiado? Antes que pudesse refletir mais, a porta se abriu, revelando Diego, Johnny e Sara entrando no quarto. Todos traziam expressões preocupadas, especialmente Diego.
— Você está bem? — perguntou ele, a voz cheia de urgência.
Manu piscou, ainda confusa, mas assentiu.
— O que aconteceu?
Sara se aproximou da cama.
— Houve... um incêndio no Hotel Itália — disse ela, calmamente. — Encontraram você lá, junto com Oliver.
Ao ouvir o nome de Oliver, Manu sentiu um choque percorrer seu corpo. Ela se sentou de repente, os olhos arregalados de preocupação.
— Cadê ele? Ele está bem? — perguntou, já tentando tirar as cobertas de cima de si, o desespero crescendo no peito.
— Ele está bem, Manu, mas também está internado — Johnny respondeu, com um suspiro pesado. — Agora me diga, por favor, o que vocês estavam fazendo em um lugar tão perigoso?
Ela não disse nada. Simplesmente se levantou, ignorando a pergunta e os protestos de Diego e Sara, e saiu.
Manu correu pelos corredores do hospital, o coração martelando no peito enquanto procurava desesperadamente por Oliver. Cada enfermeiro que cruzava seu caminho dava-lhe uma informação que apenas aumentava sua ansiedade, até que, finalmente, um deles a guiou ao quarto correto. Ao abrir a porta e ver Oliver, o coração de Manu se despedaçou por completo.
Ele estava deitado na cama, seu corpo marcado por queimaduras leves e envolto em bandagens. No entanto, o que realmente a impactou não foram os ferimentos. O que a chocou de verdade foi a expressão em seu rosto ao vê-la. Não era apenas dor física que ele sentia. Havia algo muito pior em seus olhos, uma angústia silenciosa e profunda que pareceu se intensificar com a presença dela.
Manu se aproximou devagar, sentando-se na beira da cama. Ao observá-lo mais de perto, ela percebeu que ele tinha apanhado. Os hematomas em seu rosto e corpo evidenciavam isso.
— Oliver — começou, segurando sua mão. — O que aconteceu?
Mas ele não conseguia encará-la. Seus olhos, marejados, desviavam, como se o peso de tudo o que carregava fosse impossível de suportar. Ele respirou fundo, lutando contra as emoções que ameaçavam explodir. Quando finalmente falou, sua voz saiu fraca, embargada:
— Manu... por favor, pare de procurar o Dark.
As palavras, somadas ao estado em que ele se encontrava, deixaram Manu completamente devastada e confusa. Nunca havia visto Oliver tão quebrado, nem mesmo quando ele compartilhou as memórias sobre a morte de seu pai.
— Por favor — repetiu, tentando se levantar.
— Para Oliver, você está machucado! — exclamou ela, impedindo-o.
— Então diga que vai parar de procurá-lo! Por favor, faça isso por mim.
Manu fechou os olhos, tentando se recompor da dor de ver o homem que sempre foi tão forte, agora implorando por algo que ela sabia que não podia prometer. Ela queria abraçá-lo, mas, como não podia, inclinou-se sobre ele até que suas testas se tocassem levemente. Suas mãos deslizaram suavemente pelo rosto dele, analisando cada ferimento.
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DARK
RomanceManu já é uma repórter dedicada os 25 anos de idade. Seu maior objetivo é descobrir quem são seus pais biológicos e o que aconteceu com eles. Para isso, ela anseia alcançar um espaço na TV, o que não é nada fácil quando se trabalha apenas com jornal...