Capítulo Vinte

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  No decorrer daquela semana, as suspeitas de Manu se confirmaram. Oliver parecia ter voltado ao normal, mas havia algo diferente — uma certa cautela, como se estivesse o tempo todo em alerta. Ou melhor, o tempo todo em que estavam próximos. Mas ela não podia culpá-lo, uma vez que passou a deixar seu gravador de entrevistas sempre ligado. Assim, se a amnésia atacasse novamente, não ficaria no escuro.

  Finalmente, o sábado chegou. Os preparativos para a emboscada do Dark estavam prontos, exceto por Manu e Oliver, que saíram mais cedo para se aprontarem. Não podiam levantar suspeitas, então alugaram trajes elegantes à altura da ocasião. Manu ainda foi ao salão de beleza para fazer cabelo e maquiagem, garantindo assim que seu disfarce fosse impecável. Ela não sabia se Oliver faria o mesmo, eles mal haviam conversado nos últimos dias. Esse pensamento lhe causou uma pontada inesperada no peito. Nunca tinha se importado tanto com alguém, nem mesmo com Johnny.

  Assim que desceu do Uber, Manu ficou paralisada por um instante. Não esperava que a festa acontecesse em um lugar tão lindo. A mansão alugada pela Tomorrow era impressionante, mas o que realmente capturou sua atenção foi o lago à frente. Uma ponte atravessava as águas tranquilas, iluminada por luzes delicadas que refletiam suavemente sobre a superfície. Seu vestido era preto, com pequenas pedras brilhantes decorando o tecido. As mangas caíam pelos ombros, deixando-os expostos, e o comprimento descia graciosamente até seus pés, com fendas de ambos os lados, dando um vislumbre sutil de suas pernas. O cabelo solto, deslizava como ondas sobre suas costas, enquanto a franja estava presa em um topete, adicionando um toque sofisticado ao visual.

  Ela se posicionou à frente da ponte, esperando por Oliver. A cada minuto que passava, sua ansiedade aumentava. Olhou para o celular novamente e, incapaz de se conter, ligou para ele.

  — Onde você está? — perguntou, impaciente.

  — Bem do seu lado — ele respondeu, com um tom descontraído.

  Ela franziu a testa, confusa, e começou a olhar ao redor, tentando localizá-lo. E então o avistou, a vários metros de distância, parado em frente à entrada por onde os carros passavam. Ele usava um smoking preto impecável, o cabelo penteado para trás, cada traço do rosto acentuado de maneira quase cinematográfica. Seu coração deu um salto; tudo ao redor pareceu parar. Ele estava longe, mas sua presença parecia colada à dela.

  — Vou entrar por aqui. Não sou muito fã de pontes — disse ele, ainda a encarando de longe.

  Ela assentiu, sem conseguir encontrar palavras. O choque de vê-lo tão elegante, tão... impressionante, a deixou sem reação. Ele começou a caminhar lentamente em direção à mansão, e por reflexo, ela fez o mesmo, atravessando a ponte. Apesar da distância, seus olhares se mantinham presos um no outro, como se fossem incapazes de se afastar. Cada passo parecia mais pesado, mas também carregado de uma tensão inexplicável. Quando estava quase no meio da ponte, ele sorriu, e sem perceber, ela se pegou sorrindo de volta, sentindo uma onda de calor subir por seu corpo.

  — Eu não queria falar por telefone, mas... você está tão linda — disse ele, com uma voz rouca que fez cada célula do corpo dela arrepiar. Manu engoliu em seco, tentando manter o foco em continuar andando.

  — O disfarce deu certo então — murmurou, apressando os passos, tentando escapar da intensidade daquele momento, daquele olhar.

  — Não tem nada a ver com o disfarce. — Ele também acelerou, acompanhando seu ritmo à distância. — Você é linda todos os dias. Eu só nunca te disse.

  Ela acelerou ainda mais, seguindo a adrenalina do próprio coração disparado. O clima fresco de minutos atrás parecia ter desaparecido; seu corpo estava fervendo, e cada passo em direção à mansão a deixava mais nervosa. Ela precisava de um segundo, só para respirar...

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