Capítulo Vinte e Um

32 3 0
                                    

  Manu e Oliver mal respiravam, como se qualquer movimento pudesse revelar sua posição. O quarto, iluminado apenas pela luz azulada do pequeno aparelho, parecia uma prisão sufocante.

  — Ele não vai aparecer — Manu sussurrou, a voz carregada de frustração.

  Oliver não respondeu, apenas trocou de posição pela milésima vez. Seus olhos estavam fixos na porta, mas a impaciência também já começava a dominá-lo.

  Uma hora se passou e nada. Quando estavam prestes a desistir de esperar, a porta rangeu. Uma figura de capuz preto entrou, movendo-se com a confiança, e sem hesitar, foi direto ao dispositivo.

  No mesmo instante, Manu fechou a porta com um baque alto que ecoou pelo quarto. O sujeito se virou, os olhos semicerrados de surpresa. Oliver não perdeu tempo e avançou para capturá-lo-lo, só que o intruso desviou e o atacou com uma agressividade inesperada. Oliver tentava se defender, mas a escuridão dificultava a precisão dos movimentos. E o hacker, aproveitando-se disso, conseguiu acertá-lo nas costas, lançando-o ao chão com um grunhido de dor.

  Manu observava, intrigada. Este "Dark" era mais alto do que o que ela enfrentara naquela noite, e mais ameaçador. Por isso decidiu contra atacar, desferindo um chute que acertou-o em cheio no peito, fazendo-o recuar. A vantagem, porém, durou pouco. O sujeito se recuperou rapidamente, bloqueando seus golpes. Num único movimento, ele torceu o braço dela, imobilizando-a, e a puxou em direção a ele, forçando-a a se defender de mais ataques. Manu girou o corpo para tentar escapar do seu alcance, mas foi empurrada para trás tão bruscamente que acabou tropeçando nos próprios pés, caindo de joelhos. E já se preparava para um impacto forte no rosto, quando, num instante, Oliver se lançou contra o agressor, afastando-o dela.

  O hacker cambaleou para trás, mas logo se recompôs, ajeitando a máscara que cobria seu rosto. Oliver continuou atacando, em uma troca de golpes intensa e cansativa. Até que Manu o acertou com um chute na perna que o fez cair.

  — Acabou — disse Oliver, ofegante, segurando-o pela camisa e arrancando sua máscara. O rosto revelando ser um rapaz de vinte e poucos anos.

  — Não. Dark está apenas começando — sussurrou ele, rindo de maneira perturbadora.

  Antes que pudessem responder, gritos ecoaram do andar de baixo. A distração foi o suficiente para o rapaz se desvencilhar de Oliver, chutando-o no estômago e correndo em direção à porta.

  — Droga! — Manu exclamou, saltando para correr atrás dele.

  Eles desceram as escadas apressadamente, mas assim que chegaram ao andar de baixo, foram engolidos pela escuridão. As luzes tinham se apagado e algumas pessoas estavam em pânico, temendo um possível assalto, enquanto outras usavam seus celulares como lanternas, criando manchas de luz que mal iluminavam ao redor.

  — Ele está aqui em algum lugar — disse Oliver, os olhos vasculhando o ambiente.

  Os vultos correndo, o barulho ao redor, o pânico… algo naquela cena parecia familiar para Manu. Uma sensação desconfortável tomou conta dela, como se estivesse revivendo um momento que não conseguia lembrar claramente. Sua cabeça começou a latejar, uma dor súbita e intensa que a fez fechar os olhos por um segundo. Ela conhecia essa sensação, mas não conseguia entender de onde.

  — Você está bem? — perguntou Oliver, percebendo sua agonia.

  — Sim — respondeu ela, mas a verdade é que não estava. As lembranças eram vagas, fragmentadas, e só pioravam sua dor de cabeça.

  De repente, um telão imponente, que até então permanecia apagado no fundo do hall, acendeu com uma luz branca e forte, chamando a atenção de todos. Os gritos cessaram por um instante. As pessoas, assustadas, viraram-se para a tela, enquanto uma estática perturbadora preenchia o ambiente. Em seguida, uma voz sintética começou a falar.

DARKOnde histórias criam vida. Descubra agora