III. Café gelado

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A combinação entre o café gelado, o sotaque inesperado e a presença do familiar e lindo rosto de Rebecca, deixou Freen sem voz. Sua blusa de seda estava colada à pele fria, graças à tampinha defeituosa de seu copo de café, que escorregou no segundo em que a mulher esbarrou nela.

Rebecca Armstrong. Sentindo o corpo esquentar por dentro, apesar do banho de gelo acidental, Freen queria poder bebê-la como se ela fosse um cappuccino fumegante num dia frio. Ela tinha um longo cabelo ondulado e escuro, pele clara e olhos castanho-escuros bastante sensuais. Parecia um pouco mais baixa do que aparentava pela TV, e ainda mais magnética, como a gravidade de um enorme planeta atraindo-a para sua órbita.

Freen se sentiu enfeitiçada por ela de um jeito inexplicável, mas aquela, afinal, era a mágica da TV: fazer com que você se sinta próxima de pessoas que não conhece e desenvolva familiaridade e carinho por personagens criados para você. Fazer com que torça por eles, se apaixone por eles, os ame ou odeie.

E ali estava Armstrong, em carne e osso, e ainda mais linda ao vivo, se é que era possível. A Leoa Dourada. Freen tinha assistido a alguns episódios, graças à insistência de Nam, e a capacidade da atriz em captar a atenção dos telespectadores era magistral.

Num esforço para ignorar a maneira como seu coração se acelerava por estar perto de Rebecca, Sarocha se concentrou no que ela dizia.

Como não queria ter que admitir que não era fluente em tailandês, Freen pescou as palavras, as repassou em sua mente e traduziu uma a uma.

Olá. Aquela primeira palavra, fluida e profunda, que Rebecca usara para cumprimentá-la fez com que ela se arrepiasse.

Suponho que não ia beber isso.

O quê? Ela havia sido sarcástica? Ou tinha falado sério? Merda, ela não sabia.

Por segurança, Freen estreitou os olhos.

— Era para ser uma piada?

Rebecca ergueu as sobrancelhas, como se estivesse surpresa por ela ter respondido em inglês. Freen estava acostumada com essa reação.

Hum... É. Uma piada. Mas uma piada sem graça, eu acho.

Em inglês, sua voz era cadenciada e suave. Armstrong pegou um punhado de guardanapos de papel na mesa e os estendeu para Freen.

— Sou Rebecca Armstrong.

— Sei quem você é. Minha avó adora você.

Deus, ela tinha mesmo dito aquilo? Freen pressionou os guardanapos contra o corpo, o que pouco adiantou para absorver o café marrom que ensopava sua camisa. E, pior ainda, embora fosse difícil dizer de seu ponto de vista, ela tinha quase certeza de que a seda branca tinha se tornado transparente. Ela tentou puxar o tecido molhado, para que não ficasse colado como uma segunda pele, mas ele tornou a grudar em seus seios. Ótimo.

— Pode me mandar a conta da lavanderia.

A expressão no rosto de Rebecca era de desapontamento, e a preocupação em seus olhos fez com que parecesse mais jovem, como uma garotinha.

— Não se preocupe. Deve ser impossível limpar isso. — Freen soou mais irritada do que pretendia, então acrescentou: — Tudo bem, é só uma roupa.

Só uma roupa que ela havia levado duas horas para escolher, com a ajuda das primas. Ela conteve um suspiro. Não queria fazer com que Rebecca se sentisse mal, mas, caramba, que inconveniente.

— Desculpe por ter pisado no seu pé. — Armstrong se apressou a dizer, como se de repente tivesse se dado conta de que não havia se desculpado ainda. — E esbarrado em você. E derrubado seu café.

Você me ganhou no olá - FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora