Elas estavam mais uma vez em um tapete vermelho, só que agora era um de verdade.
Freen segurou o braço de Rebecca enquanto elas atravessavam a passarela, parando para conversar com repórteres e posar para fotos, exibindo os vestido vermelho Carolina Herrera de Freen e o azul-marinho Tom Ford de Rebecca.
Aquilo tudo era surreal. A morena não imaginara que Lalita no comando se tornaria tão grande, mas aparentemente uma mulher bissexual tentando equilibrar carreira, família e amor era uma história universal. Quem diria?
Bom, Freen diria. Pela primeira vez na vida, estava enfim conseguindo equilibrar as três coisas com sucesso.
Dava muito trabalho, de um jeito que ela nunca tinha imaginado. Mas, por meio da comunicação aberta — obrigada, Kendall! —, da confiança crescente e da prática intencional da vulnerabilidade, ela e Rebecca estavam fazendo planos para o futuro. Com mais episódios de Lalita à vista, elas tinham alugado juntas um apartamento no Brooklyn. Sam estudava em casa, acompanhado por um time de professores. Rebecca tinha participado de uma montagem bilíngue off-Broadwar de Cyrano que estava sendo cotada para estrear na Broadway no ano seguinte e era uma das favoritas ao Tony Award de Melhor Atriz. Além disso, tinha ganhado o prêmio de villana favorita por seu papel em O fogo do amor.
Freen vinha fazendo bom uso das aulas de luta cenográfica ao ser escalada para uma comédia da LylasFlix sobre um esquadrão de super-heróis. Ela havia começado a frequentar sessões semanais de terapia, que a estavam ajudando a lidar com sua necessidade de aprovação externa e a tendência de usar o álcool como calmante. Rebecca também estava tratando sua ansiedade e o transtorno de estresse pós-traumático causado pela tentativa de invasão de sua casa, e seu comportamento tinha adquirido uma leveza que não existia quando as duas se conheceram. Embora Freen suspeitasse que ter Sam por perto também ajudasse.
E quando ela pensou que as coisas não podiam melhorar, Lalita no comando foi indicada ao Globo de Ouro.
Ela se aconchegou ao lado de Rebecca e suspirou de alegria.
— Eu te amo. — ela disse baixinho, para que só a mais baixa escutasse. Nunca se cansava de dizer aquilo.
Rebecca sorriu para a outra com um olhar carinhoso.
— Eu te amo. — disse ela em tailandês.
Freen nunca se cansava de ouvir aquilo também.
Atrás delas, Noey e Nam também atravessavam o tapete vermelho, segurando as mãos de Sam para que ele não saísse correndo.
— Você preparou seu discurso? — murmurou Rebecca.
— Preparei. — Ela sorriu para a mais velha com deboche. — Vou agradecer a sua gêmea mau, Prija.
A atriz riu. O público tinha adorado a revelação no final de Lalita, quando Mia abria a porta do ônibus e encontrava sua gêmea idêntica perdida, Prija — interpretada por Rebecca de peruca loira.
Uma peruca muito sexy, na opinião de Freen.
Naquele momento, um assessor as chamou e as levou até uma mulher com um microfone. À medida que se aproximavam, perceberam que a mulher era...
— Emma Wilde! — disse Freen, em choque.
Emma abriu um enorme sorriso, balançando-se levemente na ponta dos pés.
— Freen Sarocha! — Ela pegou a mão de Freen e a cumprimentou com muita empolgação. — Estou tão animada por conhecer você! Sou uma grande fã.
Freen se esforçou para não demonstrar sua surpresa. O quê? Ela era uma fã? Então por que havia passado um ano aterrorizando-a em sua coluna de fofoca?
— Acompanho sua carreira desde o início. — continuou Emma. — E, como uma conterrânea tailandesa, queria garantir que você tivesse destaque, para que as pessoas te conhecessem e você conseguisse os papéis. Parabéns pela indicação ao Globo de Ouro. Estou incrivelmente feliz por você.
Era mesmo inacreditável, mas Freen não pôde evitar sorrir para ela. E, ainda que quisesse perguntar o motivo daquelas matérias e manchetes tão maldosas se ela era uma fã, não disse nada. Porque naquele momento, ela olhou para Emma e viu a si mesma alguns anos antes, lutando para se manter numa profissão que não a valorizava, esforçando-se para fazer sua voz ser ouvida e tornar seu trabalho visível. Na verdade, provavelmente não era Emma quem escrevia aquelas manchetes. Devia ser um editor ou algum profissional de marketing, que as escolhia com base no que rendia mais audiência. E, de fato, ela tinha ajudado Freen a se tornar conhecida. Além do mais, tudo tinha dado certo no final.
Freen deu um abraço em Emma.
— Obrigada. — sussurrou ela. — Sei o quanto é difícil.
Quando a atriz a soltou, os olhos castanho-claros de Emma estavam cheios de lágrimas.
Ela apontou o microfone para baixo e disse numa voz suave.
— Você é uma atriz incrível, e eu só queria que fizesse sucesso. — Ela fungou e se dirigiu a Rebecca. - Você também. Precisamos de mais atrizes asiáticas conquistando espaço na indústria do entretenimento.
Rebecca assentiu.
— Estamos tentando.
Emma se recompôs e empunhou o microfone de novo.
— Ok, tenho algumas perguntas para uma entrevista de verdade, vocês têm tempo?
Quando tudo terminou, Noey e Nam se aproximaram. Sam largou as mãos delas e segurou a da mãe, fazendo um relatório de todos os atores que ele tinha visto e reconhecido. Ele estava nas nuvens com a quantidade de super-heróis que havia encontrado.
— O que houve ali? — perguntou Noey discretamente. Freen suspirou.
— Aquela era Emma Wilde. No fim das contas é uma grande fã.
Nam soltou uma risada.
— Claro que é. — Então deu o braço a Freen. — Obrigada por nos convidar. Talvez eu saia daqui namorando um dos Vingadores.
Freen sorriu, mas sabia que Nam estava brincando. Nam não era de namorar.
Noey deu o braço a Freen pelo outro lado.
— Acabei de ver Rita Moreno. Agora posso morrer feliz.
— Foi um longo caminho até aqui. — murmurou Freen, relembrando os dias em que assistiam às coberturas do tapete vermelho na sala da avó. Ela sabia que todos em sua casa estavam assistindo naquela noite e, embora quisesse ganhar, não se sentiria mal se isso não acontecesse.
Era apenas o começo.
E ela estava feliz de poder dividir aquele momento com as pessoas que amava.
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Eu ameeei adaptar essa fanfic!
Quando li o livro original, só conseguia pensar em Freenbecky e eu adorei o resultado 🥹 espero que vocês também tenham amado ler essa história.
Quem sabe não volto logo com uma nova adaptação?
Até a próxima 🩷
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Você me ganhou no olá - Freenbecky
FanfictionApós um término complicado (e muito público), a atriz Freen Sarocha volta a Nova York para assumir o papel principal numa série romântica no maior serviço de streaming do país, determinada a se concentrar apenas em seu trabalho... até que uma mudanç...