XVIII. Confissões

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Rebecca não sabia dizer o que tinha dado nela para aceitar o convite de Freen.

Quer dizer, ela sabia — era puro, e imprudente, desejo, à toda força depois de um dia todo dançando com ela —, mas mesmo assim deveria ter declinado. Havia várias razões pelas quais ela precisava ser cuidadosa ao se encontrar com colegas de trabalho em lugares privados.

Não que ela achasse que Freen tinha segundas intenções. Acreditava que ela queria ensaiar.

O desempenho das duas havia claramente melhorado desde que tinham começado a passar mais tempo juntas, mas Rebecca ainda temia que alguém descobrisse o que andavam fazendo. A situação no supermercado fora ruim o suficiente. Ir ao quarto de hotel dela depois do expediente era coisa de amadora; ela estava praticamente pedindo para ser pega.

E ainda assim, lá estava ela, à porta do quarto de Freen.

Rebecca poderia tentar se convencer de que estava ali para aprimorar a atuação das duas, e até certo ponto, era verdade.

Mas, para além disso, ela só queria passar um tempo com a mais nova.

Não adiantava ficar parada no corredor, onde podia ser vista com mais facilidade. Ela ergueu o punho e bateu.

Um segundo depois, a porta se abriu, revelando o rosto sorridente de Freen.

— Oi. — disse ela radiante. — Entra.

Rebecca a seguiu para dentro da suíte, que era exatamente igual à dela — uma pequena cozinha à direita, levando a uma sala de estar com um quarto separado ao lado. Não era nada chique, mas era funcional e espaçoso o suficiente para passar alguns meses.

O lugar estava silencioso, e Rebecca tinha plena consciência do fato de que estavam sozinhas ali. A maior parte da interação entre elas se dava diante de uma plateia, ou com a possibilidade de que alguém as interrompesse. Mas agora eram só as duas.

E havia uma cama logo depois daquela porta...

Não pense na cama, sou louca. Não é por isso que você está aqui.

— Eu imaginei que você ainda não tinha jantado, por isso pedi um prato de antepastos. — Freen indicou uma bandeja com frios, queijo em cubinhos e azeitonas em cima da mesa de jantar redonda no canto. — Havia uma garrafa de água com gás San Pellegrino dentro de um balde com gelo. — Não pedi vinho. — ela acrescentou depressa quando viu que Rebecca estava olhando. — Porque...

— Está com medo que eu derrube em você? — brincou a menor para aliviar a tensão que havia se instalado entre elas.

Funcionou. Freen riu e balançou a cabeça.

— Sei que foi um acidente. Não. Não tem vinho porque... hum... temos que acordar cedo amanhã.

Rebecca não acreditava que o motivo era aquele, mas não pressionou. Em vez disso, entregou a Freen uma pequena sacola de presente.

— O que é isso? — Freen espiou dentro da sacola, então soltou uma risada de surpresa. — Está de brincadeira comigo?

Rebecca sorriu quando a mais nova tirou uma cápsula de Café Bustelo de dentro da sacola.

— Para repor o café que eu derramei. — disse ela. — Achei que já estava na hora.

Freen colocou a cápsula de café de volta na sacola junto com as outras e abriu um sorriso radiante para Rebecca.

— Não precisava, mas obrigada mesmo assim. Vou colocar na cozinha.

Quando ela saiu, Rebecca se sentou à mesa e serviu para elas dois copos de água com gás. Freen voltou e se sentou diante da mais velha.

Você me ganhou no olá - FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora