Você me ganhou no olá - Freenbecky

XXVIII. Péssima Ideia

Dez minutos. Era tudo o que Rebecca queria. Dez minutos a sós com Freen. Mas, quando bateu à porta do camarim dela no trailer duplo, não obteve resposta.

Elas estavam gravando uma cena externa, na frente do prédio que servia de cenário para casa dos Swuan, e se preparavam para filmar a cena de beijo que haviam ensaiado com Freen uma semana antes. Aquele seria o beijo mais profundo que as duas trocariam diante das câmeras. Depois de tudo que haviam feito juntas, tinham assegurado a Kendall que estavam confortáveis em levar as coisas para aquele nível. Pelo bem da série, claro.

Só que isso tinha sido antes da história da capa da Epic Weekly. Antes de ela se convencer de que precisava de um tempo longe de Freen. Mas Reebcca só queria uma chance de falar com ela antes que as gravações começassem. Fazia quatro dias que não se viam. Com ela gravando no estúdio musical e a mais nova nos cenários da LylasFlix, não tinham se cruzado.

Mas ela pensava em Freen. Às vezes.

Ok, muito.

Ok, o tempo todo. Ela não conseguia tirá-la da cabeça. Ela aparecia em seus sonhos, em suas lembranças, enquanto estava na academia e em seus pensamentos enquanto gravava as músicas de Mia.

A produção a colocara em outro hotel por uns dias, para que pudesse se afastar um pouco do circo da mídia e para ficar mais perto do estúdio musical e das pequenas boates do centro da cidade, onde fariam os takes dela cantando ao vivo como Mia. Depois de passar pelas agonizantes entrevistas para assegurar que eram "apenas boas amigas” e enfrentar a crescente presença de fotógrafos no caminho até os estúdios da LylasFlix e no entorno do hotel, uma mudança de ares deveria tê-la deixado feliz. Aquela matéria na revista tinha sido um alerta, uma lembrança de que não havia espaço em sua vida para um relacionamento romântico. Sua família chegaria de avião naquela mesma noite, e Rebecca precisava ser mais cuidadosa do que nunca. Não tinha como sair escondida para ver seus parentes ao mesmo tempo que saía escondida para ver Freen. Era pedir para dar errado.

Só que era exatamente o que estava fazendo naquele momento: esgueirando-se pelo set à procura dela. Rebecca nem sequer tinha um bom motivo para querer vê-la: a desculpa que encontrara fora que queria lhe contar como tinham sido as gravações no estúdio musical. Ainda que ela tivesse treinado com professores de canto no passado, trabalhar numa cabine acústica profissional era outro nível. Ela queria que Freen pudesse ter estado lá, para conversar sobre os desafios artísticos daquela gravação, encorajá-la da plateia quando ela estivesse cantando ao vivo ou mesmo subir ao palco com ela para um dueto, como tinham feito no karaokê.

Rebecca achara que se afastar de Freen por uns dias a ajudaria a entender melhor os próprios sentimentos, de modo a conseguir ficar perto dela sem ficar pensando o tempo todo em tirar sua roupa. Mas, no fundo, tudo o que a ela queria era vê-la. Sua ansiedade atingia níveis cada vez mais altos à medida que o tempo passava, e a presença dela a acalmava. Ela estava se apaixonando por Freen, e aquilo era um tremendo inconveniente.

Rebecca tinha tentado cancelar a viagem da família para Nova Iorque, mas Rawee lhe dera uma bronca. Sam ficaria arrasado, e por quê? Por causa de uma revista idiota? Era inaceitável. Então a viagem foi mantida.

Outra razão para ela querer ver Freen naquele momento, antes que seu tempo livre fosse consumido por uma intensa programação decidida por um menino de 8 anos. Freen adoraria os planos de Sam. Incluíam não uma, mas três pizzarias.

Rebecca foi até o trailer da maquiagem para ver se ela estava lá, mas, quando os maquiadores a pegaram espiando da porta, a arrastaram para dentro para retocar o pó compacto do rosto e o batom em seus lábios.

— Desamarre essa cara. — ordenou a maquiadora, repetindo as palavras que Kelly lhe dissera na Conferência de Arte. Ela deu batidinhas com uma esponja no espaço entre suas sobrancelhas. — Vai acabar ficando com rugas.

— Desculpe. — murmurou Rebecca, e então prendeu a respiração antes de ser pulverizada por uma nuvem de spray fixador.

Quando a liberaram, ela foi até a área do buffet. Freen não estava lá, mas, enquanto pegava uma garrafa de água mineral, Rosie apareceu ao seu lado.

— Os engenheiros de som estão muito satisfeitos com o resultado das suas gravações. — contou ela, sorridente. — Essas músicas serão um ótimo complemento para a trilha sonora.

Rebecca acenou com a cabeça.

— Estou feliz que tenha dado tudo certo.

Rosie fez alguns comentários sobre as músicas e, quando conseguiu se afastar, Rebecca retomou suas buscas por Freen.

Ela realmente tinha achado uma boa ideia se afastar da outra? Que besteira. Aquela história de manter distância não estava funcionando. Para piorar, o fato de não conseguir encontrá-la despertava em si os mesmos medos irracionais que a atormentavam quando não conseguia falar com a mãe, aquele pensamento de que alguma coisa ruim tinha acontecido.

Nada de ruim tinha acontecido, é claro. Elas estavam em um set de filmagens, rodeadas por milhares de pessoas. Não ia acontecer nada. Freen estava em algum lugar e, onde quer que fosse, estava a salvo.

Mas então por que ela não conseguia encontrá-la?

Ela finalmente apareceu no set na hora marcada e lhe lançou um sorrisinho amigável.

— Oi, Becky. Quanto tempo.

— Onde você estava?

O tom dela era áspero, e Freen piscou, surpresa. Rebecca não podia culpá-la, não tinha o direito de exigir nada dela.

Antes que ela pudesse se desculpar, Freen disse:

— Estava no trailer do Leo, jogando baralho com Dascha. Por quê? O que houve?

— Silêncio no estúdio!

— Nada. Está tudo bem.

Rebecca resolveu deixar pra lá. Ela se entenderia com Freen depois que terminassem de gravar. Antes de escapar para garantir que sua família tinha chegado bem.

A ansiedade ainda a corroía por dentro, mas ela não tentou lutar contra ela. Podia ser útil em cena. Caminhando para sua posição, deixou que Mia assumisse o controle.

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Vamos ter mais um capítulo mais tarde 👀