X. Beijo técnico

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Kendall Shelton estava esperando por Rebecca quando ela chegou ao set para o ensaio particular cedinho na manhã seguinte. As cenas seriam filmadas numa cozinha profissional que normalmente era usada para a gravação de talk shows, mas que havia sido redecorada para parecer a cozinha do andar térreo da casa dos Suwan. A produção tinha revestido as superfícies com madeira escura e adornado o local com lâmpadas amarelas e potes de cobre, além de pendurar panelas no teto. Três paredes haviam sido construídas ao redor dos elementos da cozinha — uma pia de um lado, um fogão do outro, uma escada falsa no fundo e uma ilha com topo de madeira no centro.

Como ainda estavam só ensaiando, Rebecca estava de calça jeans clara e com uma camiseta aleatória que colocara depois de sair de seu treino na academia do hotel às cinco da manhã. Freen chegou logo depois dela, parecendo radiante num macaquinho florido. Ela não era tão alta, mas parecia ser só pernas e a mais velha precisou se concentrar para não ficar olhando feito uma tarada enquanto a mais nova desfilava para lá e para cá com aquele shortinho.

— Bom dia. — disse Freen, abrindo um sorriso sonolento. Droga, ela era adorável.

— Bom dia. — respondeu Rebecca em tailandês, e então se lembrou de falar inglês. — Cansada?

A maior fez que sim.

— Ainda não tomei café. Eu não queria... você sabe, tomar café antes de beijar alguém. É meio nojento.

Rebecca não conseguiu evitar um sorriso, pois tinha pensado a mesma coisa naquela manhã. Escovara os dentes, passara fio dental e então usara enxaguante bucal três vezes depois de tomar café.

Kimberly e Rosie chegaram depois. Seriam apenas as cinco no set para o ensaio, a pedido de Kendall.

Elas se sentaram em cadeiras dobráveis enquanto Kendall repassava os pontos que haviam discutido no dia anterior em relação a comunicação e consentimento.

— Vocês duas chegaram a pensar em algum tipo de ritual? — perguntou Kendall, direcionando seu olhar intenso e brilhante para Rebecca e Freen.

Caralho, a mais baixa pensou, ela nem tinha lembrado disso, mas Sarocha levantou a mão meio insegura, como se estivessem na escola.

— Tive uma ideia. — disse ela com a voz vacilante quando seu olhar cruzou com o de Rebecca. — E se a gente fizesse... um "bate aqui"? Depois que Kimberly gritasse o "corta". Vocês sabem, para sair da personagem.

Rebecca recordou os oito anos fazendo o mesmo gesto com Sam a cada vez que o menino alcançava um objetivo: andar, amarrar o cadarço, aprender a somar, manobrar o skate e conseguir ficar em pé nele. Ela não conseguia se lembrar do nome daquela manobra, mas Sam tinha ficado tão orgulhoso por não ter caído depois de realizá-la pela primeira vez que eles trocaram um "bate aqui" duplo, usando as duas mão. Sam chamou de ultra-bate-aqui.

Todos estavam esperando sua resposta, então Rebecca concordou.

— Ok. Claro, um bate aqui.

Com Freen aquele seria um gesto inofensivo, o som e o movimento das palmas das mãos servindo para lembrá-las de quebrar a estranheza natural de um beijo diante das câmeras.

Porque era estranho, não importava quantas vezes ela fizesse aquilo.

A última pessoa que Rebecca tinha beijado em cena fora um ator de novela experiente em O fogo do amor. Na verdade, eles já haviam feito outro trabalho juntos, uns seis anos antes, quando também haviam se beijado. Os dois fizeram piadas sobre aquele momento, brincando sobre como estavam muito mais velhos naquele momento. Mas Rebecca não tinha aquela intimidade com Freen. Tudo o que tinha era aquela sensação de eletricidade correndo por suas veias quando ela estava por perto.

Você me ganhou no olá - FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora