XXV. O evento

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Na semana seguinte, Rebecca passou cada minuto em que não estava trabalhando, ao lado de Freen. Não que houvesse muitos, uma vez que o sétimo episódio exigia longas jornadas e múltiplas locações, mas elas conseguiram encontrar um tempinho aqui e ali.

Ela sabia que estava correndo riscos, esgueirando-se para o quarto de Freen num hotel onde a maioria dos outros atores e alguns altos funcionários da equipe também estavam hospedados, mas não conseguia se conter.

As duas também se viam no trabalho, é claro, mas era diferente. Tomavam o cuidado de não fazer nada que levantasse suspeitas — nada de olhares acalorados ou encaradas mais prolongadas —, mas mesmo assim Rosie às vezes elogiava a parceria entre elas, e Rebecca tinha medo de que a showrunner estivesse começando a desconfiar de alguma coisa.

Eram ainda mais cuidadosas perto de Kendall, que tinha o estranho dom de se conectar com o estado emocional delas. Fingir que não estava loucamente apaixonada por Freen era o papel mais difícil que ela já tinha interpretado. Mais difícil que a ocasião em que fizera a clone malvada dela mesma.

Depois de passar uma semana em uma locação externa, era bom estar de volta aos estúdios da LylasFlix na sexta-feira. Rebecca vinha pouco a pouco começando a se sentir à vontade naquele lugar. Ela estava no meio das filmagens da participação de Mia nos talk shows quando topou com Freen, que conversava com Leo e Dascha no carrinho de lanches.

Leo acenou para ela.

— Oi, Becky. Você vai à conferência hoje à noite?

Rebecca lançou um olhar questionador para Freen.

— Que conferência?

— A Conferência de Artistas Asiáticos. — Contou Leo. — É um grupo novo, vão fazer o primeiro evento grande hoje à noite.

— Nós três vamos ser homenageados entre as "30 personalidades com menos de 30 anos” na categoria Artes Cênicas. — Explicou Freen.

— Eu tecnicamente já tenho 30. — admitiu Dascha. — Acha que vão me expulsar do palco quando descobrirem?

— Está tudo bem, velha. — Disse Freen com um sorriso. — Se tirarmos a média entre a idade de nós três, estamos com uns vinte e poucos.

— Graças a mim. —  Brincou Leo. — E então, Becky, quer ir com a gente? Temos entradas VIP, o que significa open bar!

Freen olhou para Rebecca.

— Não precisa ir, se não quiser. — disse ela, baixinho. — Sei que não é muito sua praia.

Não era mesmo, mas apoiar Freen tinha se tornado a praia dela ultimamente. E na opinião de Rebecca, o melhor jeito de demonstrar apoio era se fazendo presente, como seus próprios pais tinham feito durante toda a sua vida.

— Claro, vou sim. — disse ela.

Freen arregalou os olhos.

— Sério?

— Maravilha. — Leo sorriu. — Vou levar minha mãe. Ela é doida para conhecer você. Ela adorou A duquesa de amor.

Rebecca sentiu um peso no estômago, como se fosse uma premonição, mas era só ansiedade. Então notou o sorriso de gratidão de Freen e soube que podia encarar aquele desconforto para vê-la feliz.

A conferência seria num espaço para eventos perto de Hudson Yards. Terminadas as filmagens do dia, foram para o Brooklyn Bridge para se arrumar, e Rebecca dividiu um táxi com Freen.

— Estou surpresa por você não ter convidado ninguém da sua família. — disse a mais baixa, entrelaçando os dedos nos da outra no assento entre as duas, aproveitando aquele momento de privacidade em que podiam se tocar sem se preocupar em serem vistas.

Você me ganhou no olá - FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora