XX. Cena VI

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Presentinho de valentine's day pra vocês!

Aproveitem 💖

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Lalita no comando

Episódio 6

Cena: Mia vai a um evento de caridade num abrigo de animais

INT: Ginásio de uma escola primária - DIURNA

- Você se saiu bem com as crianças. - disse Lalita.

- Não precisa parecer tão surpresa assim. - replicou Mia, um tanto ofendida. - Não sou um monstro.

- Não é isso. - A mais nova arrumou uma pilha de panfletos do abrigo de animais. - É só que eu... não sabia que você gostava de crianças.

- Eu gosto. - A cantora tinha a impressão de que a outra não estava se referindo às crianças do hospital infantil que haviam visitado mais cedo. Mia poderia fingir que não sabia do que ela estava falando, ou podia ir direto ao ponto. Elas já tinham fingido demais quando eram casadas. - Você está se perguntando por que não tivemos filhos?

Lalita cruzou os braços, se envolvendo, e virou de costas para que Mia não pudesse ver seu rosto.

- Nós nunca falamos sobre isso.

- Eu... - Era a vez da mais velha ser honesta. - Eu achava que você não queria.

Ela se virou de novo para a cantora, e havia muita emoção em seus olhos escuros.

- Por que você achava isso?

Mia deu de ombros, enquanto mágoas antigas enterradas havia muito tempo voltavam à tona.

- Você deixou claro que sua carreira vinha em primeiro lugar. A Suwan Relações Públicas era o legado de sua família.

- Mas você nunca perguntou.

Mia suspirou.

- Não. Não perguntei. Mas você também não. - disse ela de um jeito carinhoso, não crítico. As duas haviam cometido erros.

- Sei que essa pergunta está alguns anos atrasada, mas... você queria ter tido filhos, Mia?

A cantora olhou para os animais brincando em seus cercadinhos.

- Sim, Lalitacita. Eu queria ter tido filhos com você. Um dia. Mas não chegamos a esse ponto.

Lalita não reclamou com a mais velha por chamá-la pelo apelido, o que para Mia era um sinal de progresso.

- Não chegamos a vários pontos. - disse ela em voz baixa. Então olhou para o relógio. - Já vão abrir as portas. Está pronta?

Mia ajeitou a postura, ignorando os latidos e os miados atrás dela.

- Sempre.

As portas se abriram e uma multidão entrou correndo no ginásio, os sapatos fazendo barulho no chão encerado e o burburinho ecoando pelo espaço.

De seu lugar diante de um cartaz estampado com o logo do abrigo de animais, Mia sorriu, distribuiu autógrafos e posou para fotos enquanto Lalita entregava a ela um cachorrinho ou um gatinho sem parar.

Seus dedos estavam cheios de mordidas de dentinhos finos dos filhotes de cachorro, a jaqueta fora arranhada pelas garras afiadas dos gatos e ela quase levara um banho de xixi - duas vezes. Mas Mia aguentou tudo isso, encantando o público que estava lá para ajudá-la a melhorar sua imagem.

Até que sua alergia começou a dar as caras.

Ela tentou não espirrar muito alto quando Lalita a mandou segurar três gatinhos perto do rosto, mas, mesmo com um remédio que tinha tomado pela manhã, aquela era uma batalha perdida.

E então trouxeram Luther.

Luther era uma píton de um metro e meio de comprimento cujo nome verdadeiro era Jafar.

O roteiro não dizia que Mia tinha medo de cobras. E, se alguém perguntasse, ela diria que não tinha.

Mas a verdade era que ela só não era muito fã delas. E nunca na vida tivera a vontade de segurar uma.

- Aí vem Luther. - cantarolou Lalita. As crianças se reuniram ao redor de Mia, animadas. Os pais soltaram exclamações de espanto.

E Mia estava quase saindo da personagem.

Calma, mulher. Ela disse a si mesma. Você é uma superstar internacional. Lotou shows nos maiores ginásios do mundo. Isso é só uma cobrinha inofensiva.

A cobra, ainda no braço do tratador, a olha impassível.

As axilas de Mia começaram a suar. A cobra se aproximou.

Engolindo em seco, Mia estendeu os braços com todos os músculos retesados e deixou que a entregassem a píton.

As crianças se amontoaram ainda mais à sua volta. Ela sorriu para a câmera.

A cobra se mexeu. Os braços de Mia tremiam de nervoso. E então...

O nariz dela começou a coçar.

- Três... - o fotógrafo iniciou a contagem regressiva. - Dois...

No "um", Mia espirrou, quase deixando Luther cair. Num reflexo, ela cruzou os braços, segurando a cobra junto ao peito. Luther, Jafar, tanto fazia, passou a cabeça por trás do pescoço de Mia, enrolando-se em seu entorno.

Mia congelou. Puta. Merda.

- Alguém tira essa cobra daqui! - gritou ela.

- Corta!

Você me ganhou no olá - FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora