Você me ganhou no olá - Freenbecky

XXXVII. Mudanças

A festa de encerramento das filmagens era num espaço para eventos em Chelsea com um ar moderno e industrial. Tubulação aparente, luzes neon rosa e roxas, piso de cimento queimado e um bar redondo no centro, comandado por dois bartenders sobrecarregados de trabalho.

Freen estava odiando aquilo. O ar-condicionado estava no máximo e ela estava congelando em seu tomara que caia vermelho supercurto. Seus pés estavam doendo graças ao sapato de salto agulha e, como tinha medo de fazer alguma besteira se bebesse demais, estava virando copos de água com gás em vez de champanhe.

Isso significava que, além de tudo, tinha que fazer xixi de meia em meia hora.

Mas ela precisava sorrir e aguentar. Havia jornalistas por todo lado, além de atores de outras produções da LylasFlix e algumas celebridades locais.

Por mais que Freen tentasse evitar Rebecca, todo mundo queria tirar fotos das duas juntas. A série girava em torno da química entre elas, que tinham feito um bom trabalho ao convencer a todos que estavam apaixonadas.

Incluindo elas mesmas.

— Outra água com gás. — Dascha voltou do bar caminhando com seus saltos incrivelmente altos e entregou o copo a Freen. — Juro, a única coisa que me fez conseguir usar esse salto são esses gim-tônicas. Quer apostar que daqui a uma hora vou estar descalça?

Freen bufou.

— Não quero perder a aposta.

Ela viu Kelly caminhando em sua direção e entregou o copo de volta a Dascha.

— Já volto. — disse ela. — Preciso ir ao banheiro de novo.

Antes que ela pudesse se afastar, uma mão firme a segurou pelo cotovelo. Freen se virou e Kelly abriu um sorriso enorme para ela. Com a outra mão, Kelly apertava o pulso de Rebecca.

— Estão querendo outra entrevista com vocês duas.

Freen disfarçou um grunhido e tentou sorrir.

— Claro.

Kelly as posicionou em frente a um painel coberto com o logotipo de Lalita no comando, que calhava de ficar bem debaixo de uma saída de ar-condicionado, então Freen teve que cerrar os dentes para evitar bater os queixos. Para sua salvação, tinha deixado o cabelo solto, o que protegia um pouco suas costas e seu pescoço.

Um animado repórter de um canal de notícias sobre celebridades se aproximou delas com um microfone. O cameraman ligou um refletor e fez um sinal de joinha.

Freen abriu o que ela chamava de seu sorriso de tapete vermelho — grande o suficiente para deixar claro que ela estava sorrindo, mas não tão grande que a impedisse de falar — e tentou ignorar o excesso de luzes e o ar congelante.

O entrevistador fez as mesmas perguntas que elas já tinham respondido inúmeras vezes naquela noite.

O que o público pode esperar de Lalita no comando?

Qual a diferença entre trabalharem em séries e novelas?

O que a série representa para vocês enquanto atrizes de origem tailandesa?

E, claro, como foi filmar as cenas românticas juntas?

Nessa última, Freen brincava:

— É um trabalho muito difícil, mas alguém tem que fazer.

A mesma resposta todas as vezes. Com o mesmo tom sarcástico em todas elas. Ela não ligava.

Rebecca, aquela idiota, estava mais linda do que nunca, usando um vestido cinza-chumbo ajustado perfeitamente a seu corpo e o cabelo liso revolto. Ela respondia às perguntas com seu jeito tranquilo de sempre, mas Freen sabia que ela estava morrendo por dentro.