IX. Paixonite

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Freen demorou para pegar no sono depois do encontro com Rebecca no elevador, mas no fim acabou conseguindo cochilar. Quando o alarme soou na manhã seguinte, ela apertou a soneca apenas duas vezes. Amaldiçoou Chase e seu open bar num domingo à noite.

Na festa, ela atualizou Noey e Nam sobre o comportamento de Rebecca, e as primas lhe asseguraram que ela não deveria levar o comportamento recluso da outra para o lado pessoal. Noey tinha até pesquisado alguns sites de fofoca em tailandês, e todos confirmavam a fama de Rebecca Armstrong ser uma boa colega de trabalho, mas também meio estrelinha.

Se por um lado Freen não podia negar o talento dela para atuação, sua esquete de desaparecimento constante era um pouco irritante. Mas quando ela conseguia falar com Rebecca — como no elevador ou depois do café derramado —, ela parecia normal. Prática, um pouco desajeitada, doce e agradável. E muito sexy. Qualquer que fosse o perfume que ela usasse também ajudava, e ela nem gostava tanto assim de perfumes cítricos.

Mas pior era que, embora a atuação das duas fosse boa, Freen estava convencida de que elas poderiam extrair mais das personagens se simplesmente conversassem por mais do que dois minutos.

Antes de gravarem a cena do beijo, Freen e Rebecca a foram orientadas a comparecerem a uma reunião com a diretora do episódio, Kimberly Herron e com a coordenadora de intimidade, Kendall Shelton. Rosie Svartman, a showrunner, também estaria presente.

Como ainda não haviam vestido o figurino, Freen estava usando um short rasgado e uma camiseta branca, o cabelo preso num rabo de cavalo. Rebecca tinha escolhido uma calça jeans desbotada que fazia sua bunda parecer maior do que, lindamente, já era e uma blusa preta colada ao corpo, que de brinde deixava boa parte da barriga à mostra.

A mais nova ficava boquiaberta em ver Rebecca tão linda e elegante com roupas tão casuais e “normais”, mas a mulher tinha um brilho especial. Tudo ficava bom.

As cinco mulheres se encontraram numa pequena sala de reuniões, todas tomando café em copos descartáveis.

Kendall não era o que Freen esperava.

Em primeiro lugar, ela era jovem. Mais nova que a morena, pelo menos, talvez uns vinte e poucos anos. Tinha o cabelo na altura dos ombros, com boa parte tingido num azul vivo, a pele negra e os olhos escuros. Estava usando calça cargo verde militar e duas regatas surradas sobrepostas. Mas, quando Sarocha a olhou nos olhos foi tragada vela intensidade do que viu. Quando Kendall olhava para ela, era com toda sua atenção. Seu sorriso era caloroso e genuíno, e Freen instantaneamente se sentiu à vontade com ela.

— Oi, Freen. Meu nome é Kendall, como já deve saber, mas pode me chamar apenas de Kendy se quiser. — disse a coordenadora, apertando a mão dela. — É um enorme prazer conhecê-la.

Apesar de ser praticamente madrugada e das preocupações de Freen a respeito de Rebecca, ela se sentiu relaxar.

— Obrigada, Kendy. Estou animada para trabalharmos juntas.

Kendall foi cumprimentar Rebecca, e Kimberly Herron assumiu seu lugar diante de Freen.

Kimberly era uma mulher baixinha, com cerca de trinta e cinco anos, pele branca, grandes olhos castanhos por baixo do óculos de grau, sorriso tímido. Seu cabelo castanho-claro, um pouco bagunçado, era curto e ela se vestia de forma bem casual, com calça jeans e uma camiseta do Loki, seu último trabalho.

— Minha esposa e eu adoramos sua atuação em O esquadrão do glamour. — confessou Kimberly quando se apresentou. — Sou uma grande fã de soap operas. Acho a forma como contam as histórias muito criativa. Espero que elas voltem à moda.

— Eu também. — respondeu Freen com uma risada, mas Kimberly balançou a cabeça.

— Não, essa série vai alavancar sua carreira. Você vai ver.

Você me ganhou no olá - FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora