Você me ganhou no olá - Freenbecky

VI. Reunião de elenco

Freen se virou para o diretor, que exibia um grande sorriso.

— Foi perfeito. — disse ele de sua cadeira, olhando para a tela do monitor. — Vamos filmar a entrada da Mia mais uma vez, mas depois já passamos para a próxima cena.

A mais nova se afastou para o lado e aceitou agradecida a garrafa de água passada por um dos assistentes de produção.

— Ótimo trabalho, Freen. — Sunan se juntou a ela, seguido por dois maquiadores que imediatamente começaram a retocar o rosto dos atores. — Você tem um talento natural.

— Você torna tudo mais fácil, papai. — disse Freen com um sorriso. — Vai tomar uns drinques com a gente na sexta à noite?

— Não perderia por nada. — disse ele. — Obrigada por organizar a festinha.

— Um elenco é como uma família.

Ela ainda não havia convidado Rebecca, mas tinha esperança de que ela aceitasse.

— Feche os olhos, Freen. — pediu o maquiador, e Sarocha o obedeceu. Quando tornou a abri-los, ela examinou o set.

Como era de se esperar, Rebecca já tinha desaparecido.

Ela sentiu uma pontada dolorida. Será que era culpa sua?

Já havia se passado uma semana, e ela ainda não tivera uma conversa de verdade com Rebecca. Bem, tirando o desastre do primeiro encontro. A blusa branca que ela usara naquele dia tinha ficado destruída, mas sua avó operara alguma mágica de lavanderia em sua calça rosa que a deixou como nova.

Tudo seria mais fácil se ela pudesse ensaiar algumas falas com Rebecca, como fazia com Dascha, Jennifer e Sunan. Mas a mais velha tinha sido bem clara. Não queria nada com ela — nem com o resto do elenco, se a impressão dela estivesse correta. As primas estavam certas: ela era inalcançável e se mantinha distante. Freen devia simplesmente deixá-la pra lá.

Ainda assim, não parecia certo deixar de convidar Rebecca para beber com eles. A morena falaria com ela. Se ela aceitasse, Ótimo, se dissesse não...

Freen esperava que ela não dissesse não.

A cena do reencontro tinha dado certo porque era esperado que Lalita se sentisse balançada pela aparência de Mia. O que não era difícil, uma vez que Freen ainda ficava uma pilha de nervos na presença de Rebecca. Mas e quando Lalita e Mia começassem a se sentirem mais confortáveis na presença uma da outra? Freen tinha medo dessas cenas.

Em especial do beijo no terceiro episódio.

Rosie contara a Freen que os produtores haviam contratado uma coordenadora de intimidade — um profissional focado especificamente em ajudar os atores a se sentirem confortáveis em cenas mais íntimas — para ensaiar o primeiro beijo entre Lalita e Mia.

Sarocha já havia filmado diversas cenas de beijo e de sexo durante sua carreira, e isso nunca fora um problema. Mas ela nunca tinha achado que seu par romântico a odiava. Em geral, conseguia construir uma boa relação com alguém antes de ter que demonstrar intimidade diante das câmeras. Só que Rebecca estava tornando aquilo impossível.

Para ser sincera, ela estava louca para saber como seria beijá-la. Os lábios da mulher eram tão... sensuais. Macios e carnudos, com um arco bem definido no lábio superior. Rebecca os usava com habilidade durante as cenas, assim como suas sobrancelhas bonitas e ágeis e seu olhar expressivo.

Era totalmente possível se encantar pelas habilidades cênicas de alguém, e Freen já tinha se dado mal com isso antes. Ela havia começado a assistir a um episódio legendado de A maldição da leoa dourada toda noite antes de dormir para entender melhor a técnica de atuação de Armstrong, e também porque a história era divertida. Dava para entender porque Noey gostava da novela. O segredo era se assegurar de que ela admirava apenas a habilidade dela como atriz, nada demais.