O pesadelo era sempre o mesmo. Fechava os olhos e me via em um salão redondo, incrivelmente azul. Grandes Janelas estranhas circulavam a sala. O teto era totalmente enfeitado com formas. Em uma parte do círculo havia uma grande porta vermelha. No centro do teto descia uma linha de luz que ia de encontro a um grande cristal azul exatamente no centro da sala. O cristal estava sobre um suporte magnífico. Aquilo tudo era lindo. O cristal me chamava e a luz me seduzia. Quanto mais perto do cristal eu ficava menos ar eu sentia em meus pulmões. Mas mesmo assim quero chegar ao cristal, preciso tocá-lo, é quase como uma necessidade que não posso suprimir. Quando estou perto o suficiente para o tocar, uma mulher bem estranha aparece. Ela é uma espécie de sereia com asas, calda e chifre. Nunca vi algo parecido. A pesar da bizarrice ela me causa uma sensação de confiança... como seu eu sentisse que posso confiar nela. Ele me olha nos olhos e fala umas frases que não entendo, então ela diz:
- Me ajude Ellanor.
De repente a mulher muda completamente. Ela ganha dois pares de asas negras, sua pele escurece, seus chifres crescem e enrolam. E a figura, assustadora e escura, abre os olhos grandes e verdes e olha diretamente pra mim.
Acordei assustada e suando frio. Os olhos da criatura me aterrorizam. Me levantei da cama ainda ofegante. Era muito cedo. Andei até o banheiro do meu quarto, lavei meu rosto e me encarei no espelho. Eu não tenho nada de especial. Eu tenho 1,60, cabelos castanhos, magra talvez até de mais, rosto fino. Bonita, mas não maravilhosa como as garotas da minha idade. A única coisa em mim realmente linda são meus olhos inexplicavelmente lilás. Porque alguém tão comum tem sonhos tão estranhos?
Parei de me encarar no espelho e decidi que iria correr um pouco para espairecer. Eu sempre corro quando não me sinto bem, ou preciso me concentrar. Estou prestes a fazer uma prova importante que pode mudar a minha vida. Coloquei um top rosa, um casaco de frio, uma calça de moletom e meu fiel tênis de corrida. Desci as escadas e fui até a cozinha comer algo antes de correr, quando vi um bilhete da minha mãe na geladeira. Eu estava na casa deles para o fim de semana, faz mais ou menos dois meses que me mudei para mais perto do campus da faculdade.
" NÃO SAIA ANTES DO CAFÉ, PRECISAMOS CONVERSAR SOBRE ALGO MUITO IMPORTANTE"
-Estranho. Bom, de certa forma não vou sair. Volto antes do café.
Então coloquei meu fone de ouvido e fui correr em um parque próximo a casa dos meus pais. Quando estava correndo, meus pensamentos vieram, a faculdade não estava sendo fácil... principalmente por que eu escolhi a engenharia por causa dos meus pais e não por que eu quero. Minha maior preocupação é ficar longe da minha mãe e do meu pai, eu sou filha única, então eles sentem minha fala...mas espero que eles fiquem bem.
Resolvi fazer uma pausa, toda a natureza daquele parque me trazia calma. Me abaixei para amarrar meu cadarço e reparei em um conjunto de cogumelos estranhos. Curiosa como sempre, cheguei mais perto para ver melhor. Os cogumelos cresceram em um círculo perfeito, e no interior parecia que a grama era mais verde e brilhante. Achei bem interessante aquilo e não sei ao certo porque, mas eu senti que eu devia entrar nele.
Quando coloquei meus pés no círculo, vaga-lumes voaram ao meu redor. Tudo ficou claro demais. Meus olhos doeram. Fechei os olhos e quando abri tudo estava branco. Aos poucos meus olhos se acostumaram e consegui ver algumas formas e cores, porém, não estava mais no parque. Eu tremi quando percebi que estava na mesma sala do meu sonho. Será que eu havia dormido? Ou desmaiado por causa dos cogumelos?
Parecia menor agora, mas ainda era imponente. Reparei no cristal no centro do salão, ele brilhava como nunca. Mesmo com medo, me aproximei do cristal, quase que hipnotizada pela luz que ele emanava. Eu não entendo o que está acontecendo, mas cada músculo do meu corpo está alerta agora, e me levando na direção do cristal. Quando eu estava prestes a tocá-lo.
- Ei! Quem é você? Como conseguiu entrar aqui?
Fiquei paralisada e com medo de me virar e ver a criatura do sonho. A voz falou novamente:
- Eu te fiz uma pergunta!
Eu me virei com medo e vi uma mulher muito diferente. Ela era alta, branca como a neve e tinhas longos cabelos negros como carvão, e fiquei surpresa quando notei que ela possuía orelhas e cauda de raposa.
-E-eu não estou entendendo nada do que você está falando.
-RESPONDA!
De repente ela pega com as mãos um fogo azul que estava em um cajado que ela segurava. Me perguntei como ela conseguia fazer aquilo com as mãos sem se queimar.
-Eeu, estava correndo no parque... e tinha uma luz... vaga-lumes...
Ouvimos um barulho forte.
-Que barulho foi esse? - a raposa falou.
-Não sei, acabei de chegar.
-Jamon, resolva esse problema aqui. Você conhece o procedimento. Preciso ver o que está acontecendo.
A mulher raposa se afasta, e um muro de músculos, que imagino ser o tal Jamon, aparece na minha frente bloqueando minha visão. Levantei a cabeça para ver esse ser, ele era enorme e assustador. Tinha duas presas que se sobressaíam da boca, orelhas pontudas, e de certa forma me lembrava um javali. Usava uma espécie de armadura e tinha nas mãos uma lança enorme. Ele rosnou pra mim e me segurou pelo braço para me retirar da sala.
-Solte-me - Exigi, sem sucesso.
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Eldarya - Rota Nevra
Fantasya história do jogo, com algumas adaptações para livro, seguindo a rota em que a guardiã fica com o Nevra