32 - O beijo

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{TINH}

Quando cheguei na praia, pude ver a silhueta inconfundível da alma da Yêu. Ela estava frente ao oceano, com sua candura de sempre. Mas, quando a vi avançar na água, o meu coração ficou apertado e não pude segurar meu grito de angústia.

- Não, não faça isso!

- É você? É realmente você?

- Claro que sou eu.

-Mas... como é possível?

- Eu te procurei assim que eles me chamaram. Sinto muito por ter levado tanto tempo para te encontrar. Eu estava perdido, não encontrava o caminho.

- Eu estava prestes a mergulhar, pensei que fosse o único meio de te encontrar.

- Nós estamos juntos agora, não se preocupe mais.

- Mas será que estaremos juntos para sempre?

-Todo esse tempo longe de você, eu não quero nunca mais viver sem você.

Me aproximei dela e coloquei o seu rosto entre as minhas mãos. O calor da pele dela me fez tanta falta.

- Me deixe estar ao seu lado até o fim dos tempos. Meu amor...

- Me beije.

Queimando de um desejo ardente pela minha amada, toquei seus lábios com os meus. Senti seu corpo se apoiar contra o meu. Senti tanta saudade dos seus lábios suaves feito seda. Não queria mais deixa-los. Queria ficar pendurado neles para sempre. Senti uma luz nos erguer. Apertei a Yêu contra mim o mais forte que pude. Não queria ser arrancado dela mais uma vez.

{ELLANOR}

O que, onde estou? Estava tudo branco e eu via a Yêu e um homem que imagino ser o Tinh.

- Sinto muito Tinh.

- Sente muito por quê, Yeu?

Tentei chama-los mas eles não me ouvem.

- Por te fazer esperar durante todos esses anos, quando éramos crianças. Por não ter conseguido te encontrar e por haver adormecido.

- Você não precisa se desculpar. Não estou chateado com você. Eu deveria ter te protegido e estado presente quando você precisou de mim.

- Ellanor, eu sei que uma parte de você pode me ouvir. Eu sinto muito por ter possuído o seu corpo e colocado sua vida em risco. Espero que um dia você me perdoe.

- Yêu, acho que chegou a hora.

- Sim. Adeus Ellanor, obrigada por ter sido a minha amiga durante esses dias.

Eu perdoei a Yêu com o meu coração e espero que ela tenha sentido isso. Com um brilho de luz, vi os espíritos da Yêu e do Tinh desaparecerem na minha frente. Quando abri os meus olhos novamente, os meus lábios estavam tocando os lábios do Nevra, em um beijo dos mais apaixonados. Embriagada pela energia, mesmo que eu já tenha recuperado alguns movimentos do meu corpo, me deixei levar com gestos carinhosos. A voz da Yêu ecoava na minha cabeça, como se ela estivesse se despedindo mais uma vez.

Foi então que o meu corpo voltou a ser plenamente meu. Parei nosso beijo e me afastei suavemente dos seus lábios a pesar de algo em mim querer continuar.

- Ellanor, eu...

-Não diga nada, eu sei, Nevra.

Não podia ficar brava com ele por esse beijo, nós não estávamos conscientes. Possuídos por outros espíritos, nosso beijo não havia significado nada... Entretanto, ainda sinto vontade de sentir os lábios do Nevra contra os meus. Tudo isso é tão estranho.

Eldarya - Rota NevraOnde histórias criam vida. Descubra agora