63 - Marids

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O meu coração me diz para segui-lo e entender o que o está perturbando. Segui o dragão até o pátio.

-Lance?

- O que você quer comigo? – ele se virou na minha direção bruscamente, e por uma fração de segundo, pensei ver o Valkyon, eles são tão parecidos.

-Eu... Eu... – Balancei a cabeça para tirar essa imagem da minha mente. Eu estou totalmente perturbada – Como você está?

- O que você tem com isso?

-É estranho, mas apesar de você me abominar... Eu me preocupo com você, você... é irmão do Valkyon– Espero que Fáfnir esteja certo quanto ao Lance e sobre a possibilidade dele mudar. Decidi tentar ajudar de alguma forma nessa mudança.

- O que? – O rosto de Lance tomou uma expressão indecifrável. Será que ele está constrangido pelo meu interesse repentino nele? Ou será que ele está irritado? Seja o que for, desviei o olhar. Não tenho forças para enfrentá-lo, não dessa vez. Ele começou a andar, então se virou na minha direção.

- O que você está esperando? Venha comigo, garota.

-Ééé... Está bem.

Se ele não quer dizer nada, por que ele quer que eu o siga? Ele andava pra lá e pra cá e não parava de mudar de caminho, não entendo o que ele quer. Talvez ele só queira tomar um ar e me vigiar ao mesmo tempo... Caminhamos até o topo do penhasco e eu já estava cansada dessa situação.

-Você realmente não quer falar sobre o assunto? Quero dizer... Eu conheço bem o Valkyon e acho que ele estaria em uma situação tão delicada quanto a sua, se ele soubesse de tudo o que aconteceu com a sua mãe.

- Não se faça de gentil comigo, eu sei muito bem que você me detesta.

-Eu detesto os seus atos... Mas não o detesto.

- Esses "atos" que você fala, são apenas frutos da minha vontade.

-Eu sei, mas não posso deixar de pensar que ainda há algo bom em você, você só está perdido.

Pela primeira vez ele ficou sem respostas e em silêncio por um tempo. Eu senti sua armadura rachar, mesmo que por um segundo.

- Não consigo entender porque a minha mãe escolheu se sacrificar e nos abandonar. Ela poderia ter nos sacrificado também.

-Ela era sua mãe, é normal que ela quisesse que seus filhos vivessem e descobrissem esse mundo pelo qual ela se sacrificou.

- Eu teria preferido morrer.

-O quê? – A confissão de Lance me perturbou profundamente... É horrível pensar sobre algo assim... – Você acha que isso teria mudado alguma coisa?

- O seu precioso cristal estaria vivo. E o seu namoradinho chupador de sangue também.

- É verdade... – O olhar do Lance se perdeu dentro do meu. Eu quase tive a impressão de que ele me pedia perdão. É estranho – Mas tirando isso, nada mais seria diferente... Não vejo o que a sua morte agregaria.

Sem que eu entendesse o porquê, Lance se abriu comigo e me contou sobre a sua infância com Valkyon.

- Valkyon e eu acordamos no coração de um vulcão há muito tempo. Não me lembro mais exatamente. Com o tempo já não conheço as datas exatas e você já deve ter percebido que o tempo aqui é diferente da terra... Enfim, eu nasci primeiro e vi o meu irmão nascer. Ele parecia mais confortável naquele ambiente que eu achava quente demais.

-Sem dúvida porque você é um dragão de gelo...

- Exatamente. Enfim, crescemos em um vilarejo completamente perdido no meio do nada. As pessoas eram amáveis e bondosas conosco. Se todos os faeries fossem tão bons como eles, eu nunca teria quebrado o cristal.

Eldarya - Rota NevraOnde histórias criam vida. Descubra agora