59 - Refém

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Na manhã seguinte, Valkyon bateu a minha porta com um pedido dos mais estranhos.

-Você quer que eu o acompanhe até a prisão? Você está falando sério? Eu achei que só a Miiko e você o interrogariam.

- A princípio sim... Mas a Miiko não está disponível hoje de manhã e eu preciso que alguém me acompanhe durante essa provação. Eu acho que você seria a candidata perfeita.

-Eu não sei... eu não quero atrapalhar.

- Você não irá, eu confio em você.

-Tudo bem... eu vou então.

Acompanhei Valkyon até a prisão e eu sentia a angústia crescer dentro de mim a medida que descíamos as escadas. Cada degrau aumentava a minha ansiedade. Valkyon tentou me tranquilizar.

- Você não é obrigada a vir, sabe... Você pode voltar.

-Não, não quero deixar você fazer isso sozinho. Eu ficarei bem.

Chegamos na prisão e a minha ansiedade está no auge. Engoli em seco e avancei na direção do Lance.

- Oh, mas olhe só, é a eleita que todos enaltecem – ele está falando de mim – Aproxime-se para que eu veja seu delicado rosto.

- Não, fique atrás de mim.

-O quê? Você tem medo de que eu a roube de você? Você terá que correr meu irmão. Acho que já tem alguém interessado – será que ele está falando do Nevra? Como ele pode saber?

- Cale a boca.

-Ah? Você não quer mais que eu fale? Ou só não quer que eu fale da sua preciosa Ellanor?

Lance não para de me provocar. Parece que ele quer atingir o Valkyon através de mim. Preciso permanecer impassível. Suas palavras não podem me abalar. Entre suas provocações, Valkyon tentava interrogá-lo. Entretanto, o dragão maligno parecia só ter olhos para mim. Desprezando o irmão, ele não parava de me assassinar com o olhar. Sua voz era sombria e cavernosa. Consegui ler sem dificuldades seu ódio profundo por mim e pela Guarda de Eel. Mas o que eu tinha feito para que ele me detestasse tanto?

- Chega! – Valkyon se aproximou de mim com um ar irritado – Ele não dirá nada. Trazê-la aqui foi má ideia. Eu sinto muito por você ter sofrido. Vamos embora.

-Está bem.

- Até breve, meu caro e adorável irmão... Quanto a você, Ellanor, estou ansioso para conversarmos, tenho tantas coisas para dizer a você.

A voz do Lance me congelou dos pés a cabeça. Ele parece tão confiante... sinto que ele está tentando me derrubar, mesmo se ainda não entendo o porquê.

- Toque nela, e eu cuidarei do seu caso, Lance.

- É tudo o que espero, irmão.

Valkyon me pegou pelo braço e me puxou até a sala das portas.

- Eu sinto muito, levá-la até lá foi uma má ideia.

-Não tem problema. Você não tinha como saber que ele me provocaria...

- Eu preciso ir ver a Miiko agora.

-Sem problemas, nos vemos mais tarde.

Essa entrevista com o Lance me deixou abalada. Suas palavras me deram calafrios. Não sei o que provocou esse ódio contra Eldarya, mas acho que nunca acabará. Coitado do Valkyon, ver o seu irmão nesse estado deve cortar seu coração... Eu certamente reagiria da mesma forma se algum dia estivesse na situação dele. Eu certamente ficaria arrasada. Em todo caso, preciso espairecer! Isso me tomou mais energia do que imaginei.

Eldarya - Rota NevraOnde histórias criam vida. Descubra agora