Apesar da distância, eu podia sentir a angústia que o dominava e o quanto essa decisão o tinha deixado arrasado. Nesse dia sombrio, eu percebi que a partida do Valkyon não anunciava nada de bom. Eu estava aterrorizada com a ideia de perdê-lo para sempre.
-O que vocês estão esperando?! Sigam-no!- gritei para os rapazes.
- Ellanor, nós prometemos ao Valkyon que não faríamos nada.
-E vocês vão ficar aí, sem fazer nada Leifatan, por causa de uma simples promessa?!
Eles não responderam... E esse silêncio me aterrorizou ainda mais. Quando Lance e Valkyon partiram, eu senti que a energia da barreira começou a vacilar. Imediatamente, eu a forcei, esperando penetrá-la.
- Ella... Pare, você está se machucando por nada.
-Mas eu não posso ficar aqui, sem fazer nada Nevra.
Quando os vi tão desiludidos, eu parei de bater na barreira que se rompeu lentamente diante de mim. Eu estava salva, mas a que preço? Então eu senti uma vibração sob os meus pés. O chão tremia levemente, seguido por tremores mais fortes. Fiquei paralisada, petrificada de terror.
*Adeus, pestinha! *
- O quê? Quem está dizendo isso?
Os meus sentidos ficaram em alerta imediatamente. Essa voz não era qualquer voz. Era a voz do Lance. Ele fez algo no solo e esse último desabava sob os meus pés. E, enquanto eu senti que caía, eu estendi a mão na direção dos rapazes.
- Ellanor!!
Nevra correu na minha direção e agarrou a minha mão no último momento. E eu estava suspensa no vazio, Nevra me segurava apenas com a força que tinha no braço. Sentindo o solo instável, ele ordenou aos rapazes que não se aproximassem de nós.
- Eu não a soltarei! Eu vou conseguir... Eu... Prometo, Ellanor. Ráaa.
-Nevra! Por favor... Solte-me. Saia daqui rapidamente, eu não quero levar você comigo nessa queda.
- Está fora de questão! Eu não a abandonarei, Ellanor.
-Nevra... Não...
Nevra estendeu seus músculos ao máximo, tentando me trazer para o chão firme a qualquer custo. Mas eu sentia o solo vibrar sob os seus pés. Ele não podia ficar aqui. O solo vibrou mais uma vez e eu vi o rochedo partir. O meu corpo caiu no vazio, com a mão ainda firmemente agarrada a do Nevra. Eu comecei a chorar com o fato de que eu estava levando o homem que eu amo a morte junto comigo. O barulho do vento agredia os meus ouvidos, zunindo nos meus tímpanos com violência... E, quanto mais os segundos se passam, mais perto eu estava do impacto. O impacto fatal que nos tiraria a vida...
Ao invés disso, nós fomos acolhidos pela frieza do mar, intensa e violenta. Eu me agarrava no corpo do Nevra enquanto nós afundávamos nas profundezas, até tocar o fundo desse oceano sombrio e assassino. A pressão da água era forte demais para mim, eu não conseguia subir à superfície. Eu entendi rapidamente por quê. O meu pé estava enganchado em um rochedo. Eu estava presa.
A rocha era pesada demais e impossível de mover. Então, percebi que não me salvaria e olhei para Nevra com um ar desesperado. Aproveitando os últimos instantes que tínhamos juntos, eu mergulhei o meu olhar no seu e o beijei. Eu queria lhe dar o meu último suspiro antes de me abandonar a morte. A água gelada penetrou nos meus pulmões e eu senti uma dor aguda no peito. Eu não podia mais respirar... As minhas lágrimas se misturaram ao oceano para se tornarem uma parte insignificante do mesmo. Em breve, nós não existiremos mais.
Entretanto... o destino parecia ter decidido outro desfecho. A água preta e gelada que me envolvia se tornou branca, de uma brancura quente e imaculada. Eu entendi imediatamente que algo ou alguém estava me salvando. Mas quem? Ou o quê? Em primeiro lugar, pensei no Oráculo, pois essa energia era muito similar a dela... mas rapidamente, me lembrei na sessão de invocação no quartel. Ela se foi... certamente não era ela. Mas quem seria?
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Eldarya - Rota Nevra
Fantasya história do jogo, com algumas adaptações para livro, seguindo a rota em que a guardiã fica com o Nevra