CAPÍTULO 23

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**SAMANTHA**

Um dia antes...

Morto. Morto. Morto. Morto. Morto. Morto. Morto. Morto. Morto. Morto. Morto. Morto. Morto. Morto. Morto. Morto. Morto. Morto. Morto.

Dou outro soco no saco de pancadas.
Elouk estava morto, e isso é minha culpa.

Morto. Outro soco. Morto. Outro soco. Morto. Outro soco. Morto. Outro soco. Morto. Outro soco.

Meu melhor amigo está morto. E eu descobri da pior forma possível, uma foto de seu corpo deformado foi enviada diretamente para o meu celular. E tudo que eu fiz foi desabar.

A minha vida não foi fácil, apesar de parecer tranquila quando comparada a vida de qualquer um na minha nova gangue.

Eu me viciei desde pequena. Foi um erro médico que prescreveu Xanax em uma alta dosagem para mim quando eu sofri um acidente de carro aos 13 anos. O Xanax, junto a os outros remédios que eu tive que tomar depois do acidente, serviram de bandeja para um vicio de cartela completa. Quando eu me viciei, meus pais não aceitaram bem ter uma filha viciada em drogas sobre seu teto.

Principalmente por serem tão conhecidos e bem vistos na sociedade.

Para eles a ideia de ter uma viciada de 13 anos sob o teto deles era inaceitável. Então dos meus 13 aos meu 16 anos eu vivi internada entre clínicas de reabilitação. Eles nunca me visitaram, em todos esses anos. E sempre que eu falhava em uma clínica, sempre era jogada para outra sem nenhum aviso. Foi então que eu decidi fugi, fugir para qualquer lugar longe deles. Foi assim que eu acabei indo morar na rua. Deixando meus pais e toda essa vida que um dia eu pertenci para trás.

E Elouk passou a ser minha vida depois disso, até ontem.

Ele foi um irmão, um anjo da guarda e uma esperança para mim.
Eu não tinha vivência nenhuma quando fui morar na rua, eu tinha dezesseis anos, mas desde os trezes eu vivia entre reabilitações.

Elouk foi o primeiro que eu conheci, foi ele que juntou papelões para mim, me cedeu cobertores, me ensinou a montar minhas barracas em dias de chuvas e como a protegê-la. Me ensinou autodefesa, me ensinou como conseguir comida e banhos decentes, e muito mais.

Mas eu não vou endeusa-lo, Elouk não era um santo, eu também não sou. E quando ele teve a chance de sair das ruas e se juntar aos Guilards, ele foi sem pensar duas vezes. Mas eu não o segui, conheci Logan logo depois e nossos caminhos se se separaram até então. Mesmo que eu e Elouk sempre mantivéssemos contato.

Parte da razão pela qual eu aceitei a ideia de virar espiã para Logan era de ter a chance de vê-lo no meu pouco tempo com os Guilards.

E agora ele estava morto, e eu não consigo tirar da minha cabeça que isso aconteceu por minha causa. Eu fui pega, os Guilards descobriram minha traição e me capturaram, mas eu consegui escapar. O que não satisfez em nada o humor muito volátil dos Guilards.

E se eles não podiam ir atrás de mim, eles iriam atrás do Elouk.
Sua morte era um aviso para mim. E eu sabia bem o porquê.

Por isso eu estava aqui, sozinha no galpão treinando com o saco de pancadas. É o último lugar que qualquer um me procuraria, e eu poderia acabar com a raiva e a frustação que eu estou sentindo, em paz.

- Espero que esteja imaginando meu rosto nesse saco - a infeliz voz de Grayson soou atrás de mim - Caso contrário, me sentiria traído por você estar gastando tanta energia odiando outra pessoa.

Não. Simplesmente não. Não posso lidar com Grayson hoje. Principalmente hoje. Qualquer palavra torta que ele virar para mim eu tenho certeza de que posso desabar.

As Verdades de La ReinaOnde histórias criam vida. Descubra agora