CAPÍTULO 26

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**SAMANTHA**

Fazem três dias desde que tudo aconteceu.
A três dias eu e Grayson nos beijamos, Amber explodiu um galpão, Grayson esteve aqui em casa e me ajudou com o luto pela perda do meu melhor amigo. A três dias não falo com Logan mais do que "estou bem" por mensagens.

A pior parte do luto, é achar que ela não passa. Eu sei que um dia a memória de Elouk vai ser mais leve e me trata mais alegria e nostalgia do que saudade, mas é isso que dói, sentir que a memória da pessoa perdeu importância para você.
Dói ainda pensar nele. Pensar como ele não esta aqui. Pensar em como eu estou sozinha.

Eu não tenho mais ninguém alem de eu mesma. Já era assim a algum tempo, mas o Elouk era como família, não nos víamos sempre, mas sabíamos que estaríamos la um para o outro.

Nunca mais falei ou vi minha familia após fugir, Logan pode me considerar sua protegida ou o que fosse mas ele não estaria sempre lá, nem mesmo Ralph ou DeLuca, não como Elouk sempre estaria disponível para mim.

Achar foto e videos nosso no meu celular me fez passar o dia chorando na cama. Eu já não lembrava mais de seu cheiro. Não sabia mais dizer qual lado do seu rosto tinha uma covinha ou qual o som exato da sua voz. Esse é o pior de tudo, as memórias ficam tão afetadas com a dor que se modificam para tentar eliminar os gatilhos.

Era torturante continuar em casa apenas sentindo a perda dele. Eu sempre acreditei que Elouk e eu éramos conhecidos de outra vida. O que mais explicaria um garoto mais velho abrigar uma garota totalmente ingênua, sozinha e viciada sem nenhum tipo de malicia ou sem tirar algum proveito dessa situação? O que justificaria a conexão, o companheirismo e a lealdade que tínhamos um pelo outro, senão a possibilidade de não ser a primeira vez que nossas almas se conheciam?

O que uma alma faz quando sua metade vai embora?
O que uma pessoa faz quando seu suporte se rompe?

É o que eu estou tentando descobrir.

Não sei se é o melhor agora, mas decido ir até a oficina de Ralph, nosso centro de operações secreto. Pelo menos fazendo algo por lá, a lembrança do luto poderia estar menos presente na minha vida.

- Sinto muito, minha menina. - foi a primeira coisa que Ralph me disse antes de estender os braços e me prender em seu abraço apertado e gentil.

Eu retribui o carinho com vontade de chorar novamente. Quando Logan me trouxe para cá, Ralph foi a primeira pessoa a querer me colocar pra fora. Irônico, não?

Acontece que desde que o pai de Logan, fez a mãe dele se matar, Ralph assumiu o papel de cuidador, de vigilante, de pai e de mãe do Logan de certa forma. Então na visão dele, eu era um perigo ambulante. E eu realmente era. Viciados só tem perigos a oferecer.

Porém com o tempo, com muito esforço para vencer meu vicio e com o avanço no meu treinamento com armas e lutas, eu fui ganhando a confiança de Ralph a medida que o carinho de Logan foi crescendo por mim.

A primeira vez que Ralph foi gentil comigo foi apos eu entrar na frente de Logan, quando um cara tentou acerta-lo um soco quando ele estava distraído se defendendo de outro agressor.

Isso me rendeu uma dor de cabeça infernal e um grande hematoma na cabeça, mas assim que chegamos aqui na base, Ralph me deu uma bolsa térmica quentinha pada colocar na cabeça e me preparou um chá. Ele não me disse nada e estava com sua típica caranga amargurada, mas foi a primeira vez que vi algum cuidado e carinho vindo dele, como agradecimento por salvar a vida de seu protegido.

Nos tempos seguintes que se passaram, ele realmente se tornou uma figura importante para mim, me dando presentes nos meus aniversários seguintes, comemorando comigo os limites da minha sobriedade, me enviando utensílios e móveis novos para a minha casa quando eu a comprei.

As Verdades de La ReinaOnde histórias criam vida. Descubra agora