CAPÍTULO 14

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**AMBER**

Oh merda...
- Tem um isqueiro?
Ele passou o para minha mão. Eu peguei o objeto e o acendei passando a chama pelo final do documento.

Eu posso não estar lidando bem com essa informação, mas sei que não posso correr o risco de deixar um documento com nomes tão importantes rodando por ai.

Só me permiti relaxar um pouco quando todo o documento se desmaterializou pelo fogo.

Pai.
Ele era meu pai.
Eu tinha um pai?

Fiquei vários minutos em silêncio após queimar o documento pensando nisso, em como reagir a ele. A nós.

Eu nunca tive uma figura paterna, não até conhecer meu tio, ele era a coisa mais próxima de um pai que eu já tive. E foi o primeiro que me ensinou que, por mais que seja difícil de encontrar, há homens bons por ai.

Mas de qualquer forma, não sei como lidar com ele.

- Então você é meu pai. - eu disse com a voz ainda embargada do choro, e lágrimas ainda escorriam por meu rosto.

- E você é minha filha. - ele acentuou mudando a direção do seu rosto para mim.

- Essa conversa faz sentido agora. - eu disse volto ao meu foco.

Já era um resultado quase certo. Eu sabia disso, por mais que não quisesse admitir. Porém, agora não era quase uma certeza. Era um fato.

- Isso muda as coisas. - digo encarando meus dedos em nervosismo.

Mudava mesmo?

Ele deixou claro que suas opiniões eram tão irredutíveis quanto as minhas. Ele queria saber mais sobre mim, eu também queria saber coisas sobre ele, muitas.
Mas ele gostaria de se manter por perto? Ele seria bom, se ficasse?

- Não precisa ser algo ruim.

Não, não precisava. Mas eu mal conseguia digerir toda essa história de Logan sendo o Ceifeiro, e agora isso?

- Não - eu funguei segurando o soluço do resquício de choro - Será que... Podemos apenas ficar mais um pouco aqui antes de falarmos sobre isso. Muita coisa aconteceu nos últimos dias... - eu gaguejei diante do choro que eu estava segurando - E-Eu ainda tenho muito para processar.

Ele assentiu. E eu finalmente, finalmente, soltei um soluço choroso e cedi as lágrimas. Em algum momento sua mão tocou meu ombro, e lentamente durante meu choro, ele se aproximou de mim atenção nos encontrarmos. Encostados um no outro. E sua mão chegou a tocar em meu cabelo, massageando sutilmente. 

Quando foi a última vez que eu permiti um homem me tocar assim? Quando algum homem me tocou assim, sem maldade, sem malícia?

Eu tinha um pai. E ele não estava morto. Mas tudo o que se passava em minha mente agora, era como eu odiava minha mãe. A odiava pelas mentiras. Pelos traumas. Pelo péssimo gosto para homens. E por em muitas vezes, me fazer entrar em situações extremamente difíceis para protegê-la, como se eu fosse sua mãe e não o contrário.

- Eu sinto tanto, tanto Amber. Eu gostaria voltar no tempo, ter encontrado sua mãe e ter corrigido as coisas. - ele alegou, passando suas mãos por meus cabelos.

Isso teria sido melhor? Ter um pai evitaria minha mãe de virar uma viciada? Teria evitado que eu fosse desse jeito?

Por que sinceramente não me arrependo de ter me tornado forte como sou hoje. Eu me arrependo sim de algumas coisas, mas gosto do quão forte me tornei ao longo dos anos e de como eu aprendi a lidar com as situações.

As Verdades de La ReinaOnde histórias criam vida. Descubra agora