Naquela mesma noite, Nikolas tinha perdido completamente o sono. Frustrado por não conseguir dormir, ele levanta e se dirige a sala de estar para que possa se distrair com um pouco de televisão e um copo d'água.
Primeiro que não consigo viajar e agora a insônia, muito obrigado, mundo. Que coisa estúpida, a mais pura combinação de desastre.
Enquanto ele reclamava dando passos cansados, notou algo diferente ao passar pelo espelho que ficava no corredor. Sentia-se desconfortável ao olhar para o seu reflexo no escuro, como se ele mesmo estivesse escondido o observando. Surgindo calafrios pelo silêncio, Nikolas corre até o fim do corredor para acender a luz da sala, o que acalma sua mente vendo que não havia nada lá.
Tenho essa sensação estranha de que tem alguém aqui comigo, mas deve ser coisa da minha cabeça já que eu deveria estar dormindo. Só estou cansado... é, deve ser isso e nada de mais...
Como planejado, ele pega um copo d'água e relaxa no sofá assistindo alguma programação da madrugada. Novamente teve a sensação de estar sendo observado, mas dessa vez, teria visto algo com o canto dos olhos. Até pensou que fosse sua irmã também tendo dificuldades para adormecer, mas não escutara a porta dela se abrindo.
Curioso, mas também completamente tomado pela paranoia, ele se levantou tentando não produzir sons ao espiar o que poderia ser o causador de seu desconforto.
Nikolas- Gi...? -Ele se posiciona na fronteira de luz entre a sala e o corredor.
Mas a porta estava fechada, exatamente do jeito em que ele a deixou. Fazendo ele questionar a sua própria sanidade.
Desistindo de tentar compreender a situação, ele desliga a televisão e se dirige ao quarto após apagar as luzes da sala. Abrindo a porta do corredor, Nikolas consegue ver a iluminação de seu abajur reluzindo no fim do caminho, ainda paranoico de antes, ele passa pela escuridão tentando não pensar muito.
Só preciso dormir mais um pouco e vou ficar bem. Todo esse silêncio acaba me deixando muito ansioso, não consigo ficar sozinho comigo mesmo por muito tempo, eu poderia até enlouquecer se escutasse apenas o som da minha própria voz. Pode ser apenas um medo irracional, um terço de autofobia, mas preciso de algo para me distrair desse silêncio que sempre surge.
Quando ele chegou na porta do quarto, Nikolas percebeu que ela se abria no mesmo ponto do mundo onírico onde havia sido atacado. Não é possivel, ele pensou. Tinha certeza de que estava acordado. Uma mentira, se perguntou. Nunca soube se realmente esteve dormindo esse tempo todo, sua visão de realidade estava comprometida, teria embarcado numa verdade que contou a si mesmo ou nunca viveu a mentira que lhe contaram.
—Boa sorte, Nikolas. -Ele foi empurrado pelas costas e acaba caindo na dimensão onírica. —O observatório, não esqueça. -A porta se fecha atrás dele.
Com dúvida, ele continua caminhando naquela estrada de terra em direção ao grande observatório. Nikolas olhava a sua volta, lagos brilhantes, pedras flutuando, florestas de cor carmesim. Tivera sido enganado por aquele lugar. E se estivesse sendo enganado novamente, ele olha para trás com preocupação, procurando alguma saída mas tudo que enxergava era uma grande planície roxa com elementos irreais.
Nikolas engoliu seco mas aceitou seu destino. A cada passo que ele dava era possível sentir seu interior se remoendo com a energia obscura que aquele lugar emanava. Escaladas e alguns lances de escada foram o suficiente para seguir o caminho até o observatório, que parecia ser ainda maior visto de perto. A porta estava trancada então ele procurou uma outra maneira de entrar, assim encontrando uma janela entreaberta.
Nikolas- Fácil, fácil... -Ele empurra a janela para obter mais espaço.
Quem toma conta desse lugar foi bem descuidado, aquelas sombras poderiam ter entrado por esse lugar. Mesmo que ele pareça um pouco abandonado. Espero que tenha valido a pena vir até aqui, sinceramente esse lugar me dá arrepios.
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O Espelho da Realidade
FantasyNão seria interessante se em algum momento da humanidade...fosse descoberto por um menino, uma outra realidade? Uma não, mas sim, inúmeras outras realidades cheias de coisas e seres nunca antes vistos por qualquer outro ser humano. Além dos espelhos...