Tropeçar no Mesmo Lugar

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POV: DANKI

Danki abriu os olhos devagar, os primeiros raios de sol passando pela cortina fina de seu quarto. A manhã ainda estava tranquila, exceto pelos sons inconfundíveis que vinham da cozinha.

O tilintar de panelas e o barulho ritmado da cafeteira funcionando. Ele suspirou, ainda com o corpo preguiçoso pela noite mal dormida, e o cheiro familiar de café fresco começou a preencher o ar. Sem muita pressa, ele se levantou, espreguiçando-se. Seus pensamentos ainda estavam distantes, vagueando entre o descanso que ele nunca parecia alcançar e as responsabilidades que surgiam antes mesmo do dia realmente começar. Mas o som na cozinha persistia, um lembrete de que ele não estava sozinho.

Quem será que já está acordado a essa hora? Pensou, sentindo uma curiosidade leve, mas sem muita preocupação.

O relógio na parede marcava algo em torno das sete da manhã. Para alguém como Danki, que passava mais noites em claro do que dormindo, esse horário era quase madrugada. Ainda assim, ele seguiu o som, esfregando os olhos enquanto caminhava pelos corredores até a cozinha.

Ele entrou na cozinha, o pelo bagunçado e os olhos semicerrados. Nikolas estava de costas, organizando a louça enquanto o som suave de pratos se encaixando preenchia o ambiente. Ao perceber a presença de Danki, Nikolas virou-se com um sorriso caloroso.

Nikolas- Bom dia! -Disse animado, sem se abalar pelo visível cansaço de Danki.

Danki- Hmm... -Ele murmurou, seu rosto expressando claramente o estado de alguém que não queria outra coisa além de café.

Com passos lentos, ele foi até a cafeteira, servindo-se de uma caneca fumegante, como se o café fosse o único motivo pelo qual ele conseguia se mover.

Nikolas- Dormiu bem? -Perguntou, ainda sorrindo, mas já sabendo a resposta.

Danki deu de ombros, levando a caneca aos lábios e soltando um suspiro longo antes de responder.

Danki- Já tive noites melhores. -Disse de forma arrastada, enquanto se apoiava no balcão, sentindo o café quente começar a lhe trazer um pouco de vida. Melhor que nada... -Então deu um longo gole de café, acabando a caneca inteira.

Nikolas observou Danki esvaziar a caneca com uma certa admiração disfarçada. Ele sabia que o amigo passava por noites complicadas, mas a forma como Danki se mantinha de pé, sustentado quase que exclusivamente pelo café, sempre o surpreendia.

Nikolas- Você quer mais café? -Perguntou com uma leve brincadeira no tom, embora sua oferta fosse genuína.

Danki deu um aceno afirmativo, mas sem levantar a cabeça. Seus olhos ainda estavam focados na caneca vazia, como se esperasse que ela magicamente se enchesse novamente. Nikolas riu baixinho e pegou a jarra, enchendo a caneca de Danki até o topo.

Danki- Obrigado... -Murmurou, agora mais desperto.

Os dois ficaram em silêncio por um momento. Não era um silêncio desconfortável, mas sim aquele tipo de pausa que surgia entre dois amigos que não precisavam preencher cada momento com palavras.

Danki- O Kai ainda está no mercado? -Diz, quebrando o silêncio, enquanto mexia a bebida.

Nikolas- Sim, saiu até que cedo. Acho que ele queria evitar aglomeração. -Respondeu de forma casual, empilhando os últimos pratos.

Danki assentiu, ainda absorvendo o café. O calor da bebida começava a dissipar a névoa do sono em sua mente, mas a sensação de cansaço persistente ainda estava lá, como um lembrete constante de noites mal dormidas. Ele tomou mais alguns goles do café, sentindo o calor da bebida finalmente começando a espantar o cansaço. Nikolas continuava organizando a louça com uma tranquilidade que parecia não ter fim. A familiaridade daquela cena o fez sorrir levemente, algo raro nas manhãs de Danki. A verdade é que ele apreciava esses momentos simples, quase rotineiros, que as vezes compartilhava com Nikolas.

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