POV: NIKOLAS
18 anos... nossa, quando foi que fiquei tão velho assim? Onde será que está aquela criancinha que sorria quase o tempo todo? Tudo o que vejo agora é só um rosto sério e preocupado, quando foi que eu sorri pela última vez... eu nem me lembro mais. Eu acho que é a vida. Estudar, trabalhar e depois descansar, sempre se repetindo. Uma vez, apenas uma vez, queria que tudo isso acabasse num instante.
O sol nascia timidamente no horizonte, lançando seus raios amarelados sobre a cidade amanhecida. Para ele, no entanto, o despertar da manhã não trazia consigo a promessa de um novo dia cheio de possibilidades. Seu quarto, banhado pela mesma luz que ele via todos os dias. Nikolas enfrentava a rotina de maneira mecânica, como se cada movimento fosse um fardo pesado demais para carregar. O relógio na parede marcava o tic-tac ininterrupto do tempo, um lembrete constante de uma jornada que parecia carecer de significado. O espelho refletia um rosto cansado, marcado por olheiras que carregavam a sombra de emoções há muito perdidas. O dia se desdobrava diante dele, mas a sensação de desânimo persistia, como uma melodia lenta e melancólica que acompanhava cada passo na dança monótona da existência.
—Você vai se atrasar! -A mãe gritava de um outro cômodo.
Nikolas- Já vou! -Se vestia apressadamente.
Ele corria contra o relógio, não poderia se atrasar para seu primeiro dia no trabalho, seu coração disparava com ansiedade e tensão. Um sentimento raro, desaparecido a algum tempo, a felicidade. Talvez por estar a caminho de sua possível independência, ele não saberia como dizer, mas tinha certeza de que algo tinha se reacendido dentro de si. Uma pequena fagulha de sua chama interna.
Agora, pronto para sair, Nikolas rumou até o carro de sua irmã que estava disposta a levá-lo até lá, por mais que ele pudesse ir andando. Suas pernas balançavam junto com as batidas tocando no rádio, com um toque de otimismo e também nervosismo.
Gi- Primeiro emprego, é? -Dá uma cotovelada amigável nele. Eu acho que você vai sobreviver. -Ela sorria.
Nikolas- Eu espero que sim... e obrigado pela carona. -Ele fecha a porta e se despede enquanto anda.
Quando recebi a mensagem de que fui contratado eu não estava acreditando. É um trabalho razoavelmente simples e com pouca interação, do jeitinho que eu gosto.
Ele abriu as portas, sendo rapidamente tocado pelo vento gelado do lado de dentro. O que achou ser um trabalho tranquilo havia acabado, pessoas transitavam de um lado para o outro, música alta estava tocando, foi um choque e tanto. Nikolas então caminhou timidamente entre as pessoas até conseguir chegar na recepção.
Nikolas- Boa tarde, o Bruno me disse que era para eu chamar ele quando chegasse. Ele está por aí? -Perguntou apoiando as mãos no balcão.
—Você é o menino novo, né? Claro, ele está lá trás. -Ela gentilmente abre a divisória do balcão.
Nikolas- Muito obrigado. -Responde com um sorriso educado.
Entrando na sala dos funcionários, Nikolas avistou o homem que procurava, e não querendo atrapalhar seus afazeres ele silenciosamente esperou atrás dele até que pudesse conversar. Sem saber de sua presença, Bruno pisa no pé de Nikolas, fazendo os dois se assustarem.
Bruno- Puta merda que susto. Você ficou aí parado? -Ele ria de nervoso.
Nikolas- Hhumm... fiquei sim... -Tentava ignorar a dor no pé. Você estava ocupado então eu esperei. -Ele guarda a mochila em um armário endereçado no nome dele.
Bruno- Já que você chegou, deixa eu te mostrar o lugar. Aqui é a sala dos funcionários, como você pode ver. Seguindo mais para lá você vai achar um banheiro separado. -Nikolas o seguia, escutando tudo o que ele dizia. Ali é a parte da academia, ali é a parte da natação. Entendeu? -Ele se vira e cruza os braços, acabando o passeio.
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O Espelho da Realidade
FantasyNão seria interessante se em algum momento da humanidade...fosse descoberto por um menino, uma outra realidade? Uma não, mas sim, inúmeras outras realidades cheias de coisas e seres nunca antes vistos por qualquer outro ser humano. Além dos espelhos...