Dia seguinte. Reino de Ezradream
Nikolas- Ai caramba, é agora... e se eu falar algo de errado? -Suas mãos tremiam. Eu consigo escutar todo mundo lá fora. -Se encolhe na cadeira agarrando os joelhos.
Hyoenhie- Apenas leia o seu papel e ignore qualquer comentário. -Disse olhando uma prancheta cheia de documentos.
Nikolas- Mas... que comentários? -Levanta a cabeça.
Hyoenhie- Bom, é que a maioria do nosso povo não gosta da sua raça. Por isso os comentários, mas só ignore. -Sua escuta emitia alguns barulhos. Pode subir... boa sorte. -Ele dava um sorriso, tranquilizando Nikolas um pouco.
Ele sentia um nó de nervosismo no estômago enquanto subia as escadas que o levariam ao palco. As palavras cuidadosamente preparadas para seu discurso lhe esperavam no papel, mas o medo de dizer algo errado era difícil de ignorar. Ele podia ouvir o burburinho da multidão lá fora, uma mistura de vozes ansiosas e insatisfeitas. Ao alcançar o topo das escadas, Nikolas fez uma pausa, respirando fundo para acalmar seus nervos. O palco estava imponente diante dele, iluminado por grandes holofotes que circulavam o púlpito.
Ezradream era um reino diverso, e isso se refletia na multidão que aguardava sua aparição. Furries de várias espécies estavam presentes, ao lado de demônios e meio-demônios, anões, fantasmas e outras criaturas mitológicas de outras dimensões.
No entanto, o ambiente estava carregado de tensão. Muitos olhares refletiam desconfiança e descontentamento, um sentimento geral de irritação pairava no ar. Os habitantes de Ezradream não gostavam de humanos, e Nikolas sabia que teria que trabalhar duro para conquistar seu respeito. Quando ele finalmente pisou no palco, um silêncio dramático caiu sobre a multidão. O burburinho cessou quase instantaneamente, e todos os olhos se voltaram para ele. O peso daquele silêncio parecia sufocante, como se cada criatura presente estivesse prendendo a respiração, aguardando seu primeiro movimento, sua primeira palavra.
Engolindo em seco, sentindo o olhar de centenas de olhos fixos nele. Ele sabia que aquele momento seria crucial para definir sua aceitação nos reinos. Sentindo o coração bater acelerado, ele deu um passo à frente, ajustando a postura e respirando fundo mais uma vez antes de começar a falar palavras que nem mesmo ele tinha conhecimento prévio.
Nikolas- Caros habitantes de Ezradream e de outros reinos, agradeço a presença dos que puderam comparecer. Estou aqui não apenas como um ser humano, mas como um símbolo de união entre os mundos. -Sua insegurança foi lentamente se esvaindo. Prometo usar minhas habilidades para servir a todos vocês, ouvir suas vozes e trabalhar incansavelmente para que juntos possamos alcançar um futuro de harmonia e prosperidade! -Ele para, vendo que sua folha não estava terminada.
Hyoenhie- Qual o problema? -Sua voz é transmitida pela escuta.
Nikolas- Cadê o resto? -Ele sussurrou, começando a suar frio.
Hyoenhie- Eu não sei! Tenta pensar em alguma coisa! Porra... -Seu desespero era audível, com barulho de folhas e passos ao fundo.
O silêncio era tão grande que até um piscar de olhos poderia ser escutado. Ele passa os olhos por todos, avistando Kai, que estava tão nervoso quanto. Suas íris douradas brilhavam revelando uma verdadeira preocupação. Então, limpando a garganta, Nikolas suspirou.
Nikolas- Eu gostaria de me desculpar com todos aqui... -Ele pausou por um segundo, pensando se o que estava fazendo era certo. Me desculpar por fazer um discurso com as palavras de outra pessoa, um discurso vazio. Eu entendo que a falta de um Viajante pode trazer muitos problemas, mas eu nunca quis estar aqui e, pela expressão de alguns de vocês, talvez eu não seja o único. -Seus olhos fitavam Kai, um pequeno sorriso se forma em seus lábios. Mas eu aprendi a conviver com isso e... ah, desculpa por demorar tantos anos para aparecer porque a primeira vez que eu vim para cá eu tinha... 12?... 13 anos? Bom, uma criança brincando por lugares onde não deveria estar. -Ele deixou uma risadinha escapar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Espelho da Realidade
FantasyNão seria interessante se em algum momento da humanidade...fosse descoberto por um menino, uma outra realidade? Uma não, mas sim, inúmeras outras realidades cheias de coisas e seres nunca antes vistos por qualquer outro ser humano. Além dos espelhos...