Capítulo 31

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Alfonso encontrou Any em um dos jardins da mansão, olhando distante para o horizonte.

Poncho: Any, precisamos conversar.

Any: Já conversamos, Alfonso. Você sabe que não dá mais.

Poncho: Eu sei que tenho dificuldade em me abrir, mas estou disposto a mudar, a tentar ser mais transparente.

Any: Alfonso, confiança é algo que se constrói com o tempo, mas não posso continuar em um relacionamento onde me sinto constantemente na penumbra dos seus segredos.

Poncho: Eu não queria que as coisas chegassem a esse ponto.

Any: Às vezes, é preciso encarar a realidade, Alfonso. Precisamos seguir nossos caminhos separados.

Alfonso, ainda atordoado pelas palavras de Any, viu-a se afastar mais uma vez. A mansão, antes preenchida pelo silêncio, agora ecoava com a melancolia de um amor que não conseguiu superar suas próprias barreiras. Cada passo dado separadamente marcava o fim de algo que poderia ter sido, mas que, por circunstâncias e escolhas, não seria.

Any: Você é confuso e inconsistente, porque não consegue ser sincero? Porque odeia tanto o nosso pai? Porque nunca disse pra mim oque sente por mim? Viveu tanto tempo me evitando e me distratando que não se permitiu viver, não se permitiu ser sincero consigo mesmo em relação aos seus sentimentos

Alfonso permaneceu em silêncio, absorvendo as palavras de Any. A sinceridade dela tinha um impacto profundo, desafiando as barreiras emocionais que ele havia construído ao longo dos anos.

Any: Se queremos construir algo juntos, precisamos de transparência e honestidade. Não quero mais viver em meio a segredos e incertezas.

Alfonso suspirou, sentindo o peso das palavras de Any.

Poncho: Eu sei que preciso mudar, Any. É difícil para mim, mas estou disposto a tentar.

Any: Não é apenas por mim, Alfonso, é por você também. Liberte-se dessas correntes emocionais que o prendem. Deixe-se viver, amar e ser amado.

Alfonso encarou Any, os olhos revelando uma mistura de determinação e vulnerabilidade.

Poncho: Vou tentar, Any. Por nós.

Any: Precisa parar de culpar tudo e todos, quero entender porque sempre me odiou tanto

Alfonso, enfrentando o olhar questionador de Any, hesitou por um momento antes de começar a compartilhar seus sentimentos mais profundos.

Poncho: Não é que eu te odeie, Any. É mais complicado do que isso. Há muita dor e mágoa no meu passado, coisas que eu nunca fui capaz de superar totalmente.

Any: Mas por que direcionar isso a mim? Eu não escolhi ser parte do seu passado.

Poncho: Eu sei, e é aí que mora o problema. Por muito tempo, projetei minhas frustrações em você, culpando-o por coisas que estavam fora do seu controle. Eu me fechei, evitei me conectar verdadeiramente porque estava com medo de me machucar novamente.

Any: E o nosso pai? Por que tanta hostilidade?

Poncho: Essa é uma história longa, cheia de complicações. Ele não foi o pai que eu precisava quando éramos mais jovens. Eu cresci com ressentimento, e isso se manifestou de maneiras que talvez eu não compreenda completamente.

Any: Mas isso não justifica... - desabafou

Poncho: Eu sei, Any. Eu não estou tentando justificar minhas ações, apenas compartilhando a bagagem emocional que carrego. É algo com o qual preciso lidar e superar.

Any: E quanto a nós?

Poncho: Quero mudar, quero construir algo saudável entre nós. Sei que não será fácil, mas estou disposto a tentar.

Any: Eu também, Alfonso. Mas precisamos ser honestos um com o outro, sempre, mas nesse momento acho que talvez o melhor é ficarmos longe um do outro

Any, com coragem, expressou sua percepção sobre a situação. A honestidade e a clareza eram essenciais para ambos, e ela reconhecia a importância de alinhar seus objetivos de vida.

Poncho: Any, eu... entendo. Se é isso que você acha melhor para nós, eu respeito.

Any: Não é fácil, Poncho. Mas acredito que seja o caminho certo neste momento.

Poncho assentiu, aceitando as palavras de Any com uma mistura de compreensão e resignação. A decisão de se afastarem temporariamente era uma escolha difícil, mas ambos reconheciam a importância de preservar suas próprias jornadas.

Any: Vou dar um tempo para refletirmos sobre isso, para que possamos tomar decisões mais claras

A conversa sincera entre Any e Poncho, embora difícil, era um passo importante na busca pela compreensão mútua e pela preservação do respeito entre eles. O tempo e a reflexão se tornariam aliados nesse processo de autoconhecimento e definição de caminhos individuais.

Any, determinada a dar um tempo para reflexão, preparou uma pequena mala e deixou a mansão de campo. A mudança de ambiente buscava proporcionar um espaço para ela se reconectar consigo mesma e analisar as complexidades de sua relação com Alfonso. O caminho que escolheriam a partir dali ainda estava incerto, mas ambos precisavam desse período para entender melhor seus sentimentos e expectativas.

Coincidências do Amor AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora