Capítulo 21

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Sentado na poltrona, Alfonso segurava o celular com firmeza, enfrentando seu pai Mauro em uma conversa que transcendia os limites da simples comunicação. A tensão flutuava no ar, ecoando pelas paredes do quarto, enquanto a voz de Alfonso ressoava com uma mistura de raiva contida e desilusão.

Ele mergulhava nas profundezas de seu passado, revelando anos de ressentimento e desconexão emocional. Cada palavra era uma tentativa de expressar as mágoas guardadas, de romper as barreiras que há muito tempo separavam pai e filho. A lua, testemunha silenciosa da conversa, lançava sua luz sobre Alfonso, destacando as linhas de preocupação em seu rosto.

A janela proporcionava uma visão panorâmica do exterior, como se o mundo lá fora também estivesse atento à revelação das feridas antigas. Alfonso, no auge da sua sinceridade, buscava uma compreensão, ansiando por encontrar algum tipo de reconciliação ou, pelo menos, uma forma de comunicar as suas dores.

A atmosfera pesada transformava o quarto em um palco para a desconstrução das complexidades familiares, enquanto Alfonso, impulsionado por anos de silêncio, rompia com as amarras emocionais que o mantinham preso ao passado tumultuado com seu pai.

Poncho: Entenda, Mauro, não tenho a menor intenção de me acertar com você. As palavras ditas e as atitudes não podem ser apagadas. Essa é uma batalha que escolhi não travar.

A voz de Alfonso ressoava com uma firmeza que refletia a decisão de seguir em frente, mesmo que isso significasse cortar os laços tóxicos que o ligavam a seu pai. O quarto, imerso na penumbra da noite, era o cenário dessa conversa definitiva, onde Alfonso delineia as fronteiras do seu próprio espaço emocional, protegendo-se das feridas que Mauro infligiu ao longo dos anos.

Mauro: Você sempre foi um ingrato, Alfonso. Não sabe reconhecer os esforços que fiz por você.

Poncho: Esforços? Você chama de esforços os anos de abuso, as palavras cruéis que me atirava, a falta de empatia? Não confunda as coisas, Mauro. Eu não devo nada a você.

Mauro: Sou seu pai, mereço respeito.

Poncho: Quem é você pra me exigir respeito, suas ações não inspiram respeito. Não pretendo continuar essa conversa, Mauro. Não, eu não esqueci. Cada palavra, cada gesto, está gravado na minha memória. Mas escolhi seguir em frente, deixar para trás esse peso que carreguei por tanto tempo. Não vou permitir que o passado defina o meu presente, muito conveniente pra você pagar de bom pai agora, logo você..

Enquanto discutia com Mauro ao telefone, Any entrou no quarto de Alfonso, viu o quanto ele estava nervoso, se sentou em seu colo e tentou o acalmar fazendo carinho em seu rosto. Os gestos suaves de Any começaram a surtir efeito, acalmando Alfonso aos poucos. A presença dela era um bálsamo em meio à tempestade de palavras de Mauro.

A reação de Alfonso foi a de desligar o telefone na cara do pai, como já era de se esperar.

A atitude impulsiva de Alfonso reflete sua intensa frustração com a situação. Parece que o confronto com Mauro desencadeou uma série de emoções profundas.

Any: Está tudo bem? Deu pra ouvir você berrando de lá de fora

Poncho: Estava apenas resolvendo algumas questões com Mauro. Mas agora, com você aqui, as coisas estão muito melhores.

Any: Ainda acho que já passou da hora de você e do papai se acertarem

Poncho: Entre eu e ele não tem concerto, entenda Any

Any: Mas eu..

Poncho: Não quero perder meu tempo falando dele, vamos mudar de assunto

Any: Está bem, que fazer algo de diferente hoje?

Coincidências do Amor AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora