Além das Muralhas

Capítulo 7

> Reino Valoria <

[Rei Cedric]

            Abro os olhos lentamente, despertado pela luz suave que invade o quarto. O aroma reconfortante do café da manhã flutua pelo ar, chamando-me para começar o dia.   Com um suspiro, levanto-me da cama e me visto, pronto para enfrentar as responsabilidades que me aguardam.
            Desço as escadas e encontro meus filhos reunidos na sala de jantar, cada um absorto em seus próprios pensamentos. O clima é tenso, como se o peso do mundo repousasse sobre nossos ombros.

- Bom dia pai. - Simon sorri.

- Bom dia meninos. - Me sento.

- Dormiu bem pai? - Theo pergunta.

- Sim.

             Meu filho mais velho, Theo, olha para mim com um sorriso irônico.

- Parece que você precisa de uma nova esposa para alegrar suas manhãs, pai.

            Ele diz, lançando uma observação aparentemente inocente que atinge como um golpe. Minha garganta se aperta e meu coração dispara com a surpresa e a indignação. Como ele pode sugerir tal coisa, especialmente agora, quando estamos enfrentando tantos desafios? Respiro fundo, lutando para manter a compostura diante do comentário insensível de meu filho.

- Não é hora para brincadeiras, Theo. - Respondo com firmeza, meu tom carregado de desapontamento - Temos assuntos mais sérios para discutir hoje.

- Ah mas não é verdade pai? Eu ach....

- SILÊNCIO! - Bato os punhos na mesa fazendo os talheres tremerem. - VOCÊ NÃO ACHA NADA SOBRE MINHA VIDA. QUERO TOMAR MEU CAFÉ EM TOTAL SILÊNCIO!

- Desculpe pai. - Ele fala totalmente sem graça.

            Ele abaixa os olhos, parecendo arrependido de suas palavras, mas o estrago já está feito. Sinto-me traído pela falta de respeito de meu próprio filho, e a ferida em meu coração só se aprofunda.

- Compareçam a reunião em cinco minutos! - Ordeno.

            Eles só balançam a cabeça. Eu levanto e saio andando até a sala de reunião, precisamos resolver essa situação urgentemente.
            Adentro a sala de reuniões, cumprimentado pelos rostos sérios dos meus ministros. Sento-me à cabeceira da mesa, sentindo o peso da responsabilidade sobre meus ombros.

- Nós precisamos discutir sobre o reino escuro. - Declaro, minha voz firme e autoritária. -  A situação está se movendo rapidamente, e precisamos agir com urgência.

            Os ministros concordam, seus olhos preocupados refletindo a gravidade da situação. Começamos a discutir estratégias para lidar com a ameaça iminente. Theo e Simon entram na sala e sentam do meu lado. Cada um oferecendo suas próprias ideias e perspectivas.

- Devemos enviar mais patrulhas para as fronteiras. - Sugere um dos ministros, sua voz carregada de preocupação. - Precisamos proteger nossas vilas e cidades dos ataques do reino escuro.

- Se essa movimentação for uma movimentação perigosa, não é hora de acionarmos outros reinos? É importante lembrar que um ataque do reino escuro não vai ser bom pra nenhum reino.

            Concordo com a sugestão, reconhecendo a importância de reforçar nossas defesas contra a crescente ameaça. Mas a incerteza se instala em meu peito, sabendo que mesmo nossos melhores esforços podem não ser suficientes para conter o avanço das trevas.

- Não podemos deixar que o medo nos paralise. - Intervenho, tentando infundir coragem em meus ministros. - Devemos permanecer unidos e agir com determinação para proteger nosso povo e nosso reino.

- Pai. - Simon me chama. - O senhor já conversou com o rei Aldric de Elysium? Nós não temos uma aliança com eles.

- Não tenho, talvez não seja tão vantajoso pra gente, não sabemos como o exército dele se comporta em batalhas.

- Mas isso nós podemos tirar a prova, podemos ir pro reino dele e passar um tempo lá observando e talvez ensinando algumas técnicas de combate, o que acha pai?

- Não sei, preciso pensar sobre isso... E pensar também se o rei Aldric vai aceita-los em seu reino.

- Essa ideia do Theo realmente é muito interessante, enquanto o senhor pensa, eu já posso deixar uma carta pronta pro reino Elysium.

- Deixe a carta pronta, quando eu tiver uma decisão, eu comunico vocês.

- Também é bom aumentarmos o nosso arsenal de armadura. - Simon aponta.

- Isso eu vou deixar com vocês, faça uma lista de tudo que vamos precisar e mande buscar as armaduras nos melhores comércios de armadura.

- Então vão ser dois coelhos em uma cajadada só, fiquei sabendo que o reino Elysium é conhecido por suas qualidades em armas.

- Ótimo, como eu disse antes, vou pensar mais um pouco sobre o assunto.

             Mas mesmo enquanto falo, sinto a dúvida me assombrar. Será que seremos capazes de prevalecer contra um inimigo tão poderoso e implacável? Ou estamos condenados a sucumbir à escuridão que se aproxima?
             Enquanto a discussão continua, percebo que não há respostas fáceis ou soluções simples para os desafios que enfrentamos. Somente juntos, com coragem, determinação e fé, poderemos superar os obstáculos que se erguem diante de nós.
              E assim, enquanto a reunião chega ao fim e os ministros se retiram, eu me encontro sozinho na sala de reuniões, perdido em meus pensamentos sombrios. O futuro do reino está em jogo, e a responsabilidade de guiá-lo recai sobre meus ombros. Mas mesmo no meio da incerteza e do medo, eu me recuso a desistir da esperança de um amanhã melhor para meu povo e meu reino.
             Enquanto eu me preparo pra me recolhe em seus aposentos após a reunião com os ministros, vejo uma sombra misteriosa nos corredores do castelo. Uma presença sinistra que parece me observar de longe, oculta nas sombras.
             Enquanto eu passo pelas passagens escuras, uma sensação de inquietação me envolve, como se eu estivesse sendo seguido por olhos invisíveis que me espreitam nas sombras. Uma sensação de que algo está errado, algo além da compreensão humana.
            Ao fechar a porta de meu quarto e me preparar para descansar, uma sensação de desconforto se instala em meu peito. Um presságio sombrio que o assombra mesmo em seus sonhos, deixando-o inquieto e perturbado durante a noite.

- Que diabos tá acontecendo? - Digo massageando meu peito, sentindo um certo desconforto.

[CONTINUA]