Capítulo 4

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> Reino Valoria <

[Rei Cedric]

             O ar está impregnado com o cheiro de sal e fogo, misturando-se em uma sinfonia de tensão e medo. Minhas mãos tremem enquanto seguro firmemente o cabo de minha espada, os músculos tensos e os olhos fixos no horizonte, onde as sombras dos navios inimigos se aproximam rapidamente.
            Os sons da batalha ecoam ao meu redor, como um rugido ensurdecedor que preenche o ar. Flechas zumbem pelo céu como enxames de abelhas enfurecidas, encontrando seus alvos com precisão mortal. Os gritos dos combatentes, o barulho de metal contra metal, e o rugido distante do mar se misturam em uma cacofonia infernal que ressoa em meus ouvidos.
            Enquanto os navios inimigos se aproximam, vejo as chamas dançando em seus convés, lançando sombras distorcidas que parecem se mover como demônios vivos. Meu coração bate descompassado no peito enquanto me preparo para o confronto iminente, a adrenalina correndo em minhas veias como um rio selvagem e então a batalha começa.
            Os arqueiros soltam uma chuva de flechas flamejantes sobre nosso porto, transformando o céu em um espetáculo de fogo e morte. As balistas rugem, disparando projéteis de ferro contra o porto e as barracas dos comerciantes, enviando estilhaços de madeira e metal voando pelos ares.
            No convés, o caos reina supremo. Homens lutam desesperadamente por suas vidas, brandindo espadas, machados e lanças em um frenesi de sangue e fúria. Theo e Simon batem as espadas nos inimigos, eles fazem movimentos organizados e treinados. O choque de corpos, o som úmido de lâminas se encontrando e o gemido dos feridos ecoam em minha mente como uma dança macabra da morte.
            Eu me lanço para a frente, minha espada cortando o ar com um zumbido afiado. Cada movimento é calculado, cada golpe desferido com precisão letal. O sangue dos inimigos salpica meu rosto, quente e pegajoso, enquanto eu luto pela sobrevivência e pela honra do meu reino.
            O tempo parece desacelerar enquanto a batalha se desenrola ao meu redor. Cada momento é uma luta pela vida, uma dança perigosa no fio da navalha entre a vitória e a derrota. Mas mesmo no meio do caos e da destruição, eu permaneço firme, determinado a lutar até o último saqueador cair.
            Eu não tenho medo de mata-los, não tenho medo de enfiar a espada neles, se eles acham que vão sair dessas ileso, eles estão enganados. Desvio dos golpes inimigos e tento sempre manter a posição de ataque, vejo novamente os meninos e eles estão desferindo golpes letais. Ouço um barulho estranho e quando eu olho pra trás, vejo alguns dos meus soldados empurrando uma espécie de canhão, eles vão atirar no navio e destroçar ele no mar.

- PREPARAR.... FOGO!

            Assim que ele grita "fogo" uma bola de metal sai do canhão indo ao encontro do casco do navio, a bola faz um estrago e é possível ver a água entrando rapidamente pelo buraco.    Eles preparam outra bola, a bola voa dessa vez acertando o outro lado do navio que começa a inclinar pro lado, daqui do porto da pra ouvir os gritos dos homens que estavam no navio.              Cada vez mais o navio começa a afundar até que a água abraça ele completamente fazendo ele se perder no fundo do mar. Só depois que eu vejo o navio coberto pela água, que eu respiro aliviado.

- Senhor, o senhor está bem?

- Sim, vamos voltar pro castelo.

- Sim senhor.

            Os comerciantes tentam recuperar algumas coisas, meus filhos estão ajudando as pessoas que estão machucadas, então eu sei que agora já posso voltar pra casa.

******

             Já no castelo, empregadas preparam meu banho e as curandeiras chegam com alguns curativos e remédios naturais, confio nelas, sei que elas vão fazer um bom trabalho, saio de banheira e me enrolo na toalha, as curandeiras começam a fazer curativos no meu rosto enquanto eu lembro da batalha, meus soldados estão muito bem treinados, nenhum deles morreram ou ficaram gravemente feridos, isso é um ótimo sinal e meus filhos também, estavam batalhando como ninguém.

- Prontinho majestade.

- Obrigado, podem sair.

             Elas saem e eu ponho uma roupa leve, deito na cama e minha mente volta na minha esposa, ela nunca gostou de violência, nunca gostou de sangue e mortes.

- Precisava tanto de você querida...

            O sono começa a vir mas eu sou interrompido por batidas na porta, levanto e quando eu atendo, vejo meu filho Simon parado.

- Pai, passando pra ver se o senhor está bem.

- Estou sim obrigado, você e seu irmão?

- Estamos bem pai, mandei alguns soldados ajudarem a reconstruir o porto.

- Fez bem.

- Nos vemos no jantar?

- Não me esperem.

- Então tá, até é logo pai.

            Fecho a porta e volto a deitar na minha cama, já participei de muitas batalhas, sempre estou confiante, sempre estou pensando na vitória. Quando eu começo a relaxar novamente, ouço outra batida na porta.

- Que inferno....

             Levanto e abro a porta, um soldado está parado lá.

- O que houve?

- Desculpe incomodar majestade mas eu recebi alguns sinais daquele reino.

- O reino escuro?

- Isso mesmo majestade.

- E que sinais foram esses?

- Foram sinais mínimos mas que deixaram os ministros em alerta pra uma possível movimentação.

- Marque uma reunião com os ministros pra amanhã, vamos alertar o povo.

- Sim Vossa majestade, algo mais?

- Avisem pra não me incomodarem, quero descansar em paz.

- Entendido majestade. - Ele faz reverência e sai.

             Fecho a porta e volto pra minha cama, espero que dessa vez ninguém me incomode, não quero perder a cabeça. Antes de relaxar, fico pensando no reino escuro, ele é totalmente perigoso e nunca sabemos quando, onde e como vão ser os ataques, preciso resolver isso o quanto antes. Meus olhos voltam a ficar pesados e eu começo a ser tomado por um sono profundo...

[CONTINUA]

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