> Reino Elysium <
[Rei Cedric]
O impacto do soco reverbera pelo corredor, ecoando como um trovão enquanto o Rei Aldric se recupera do golpe, seus olhos cheios de surpresa e confusão enquanto ele tenta entender o que acabou de acontecer. Eu mantenho meu olhar fixo nele, a fúria ainda queima dentro de mim, alimentada pelo conhecimento das injustiças que ele infligiu a Liam.
- Como você tem coragem de chamá-lo de filho? - Minha voz é baixa, mas cada palavra é carregada com uma intensidade que corta o ar entre nós.
Eu o encaro diretamente nos olhos, buscando a verdade escondida por trás da fachada do Rei Aldric, a verdade que ele tenta esconder até de si mesmo.
Aldric tenta falar, mas suas palavras morrem em sua garganta, sua expressão uma mistura de culpa e desconforto enquanto ele enfrenta a minha ira. Eu não dou espaço para suas desculpas, minha raiva queima como um fogo selvagem dentro de mim, consumindo tudo em seu caminho.- Você é a última pessoa que Liam vai querer ver quando acordar. - Minhas palavras são como uma sentença, uma advertência solene que paira no ar entre nós.
- Pai, se calme. - Theo põe a mão no meu ombro.
Eu sei que minhas palavras são duras, mas eu não posso permitir que Aldric se aproxime de Liam novamente, não depois de tudo o que ele fez. Amara está chorando mas mesmo assim ainda vai abraçar Aldric.
Uma das curandeiras abre a porta e novamente meu coração é tomado por uma angústia.- Como ele está? - Rainha Elara pergunta.
- Ele está estável, a pancada foi muito forte, Liam vai precisar de repouso.
Ouvir essas palavras tiram um peso dos meus ombros, Liam estar fora de perigo me deixa menos nervoso.
- E quando vamos poder vê-lo? - Pergunto.
- Em algumas horas, enquanto isso, tomem banho, descansem e já já os senhores vão poder ir velo.
Agora eu estou um pouco mais calmo, respiro fundo e percebo que eu estava com a respiração desregulado até agora. Trombo no ombro do Cedric e saio do corredor, se eu ficar aqui ainda é capaz de eu comer ele na porrada.
Fora do corredor, sento na escadaria e fico olhando o céu, ele está tão calmo, nem parece que aqui no solo estávamos em uma batalha.
De repente, sinto alguém se sentar ao meu lado, e olho para cima para ver Theo, meu filho mais novo, com uma expressão séria no rosto.- Pai, eu...
Antes que ele possa dizer uma palavra, eu o interrompo.
- Eu sinto muito, Theo. - Minha voz é baixa, carregada com o peso das minhas próprias falhas. - Eu deveria ter contado antes, sobre mim e Liam. Eu deveria ter sido mais aberto, mais honesto com você.
Theo olha para mim com surpresa, mas eu continuo antes que ele possa responder.
- E eu sinto muito por não ter sido um pai melhor para você e para Simon. Eu sei que cometi erros, que deixei vocês de lado em favor dos meus próprios problemas.
Ele se inclina contra mim, colocando a cabeça em meu ombro, e eu envolvo um braço em volta dele, segurando-o com firmeza.
- Você é o melhor pai que eu poderia ter.
- Eu prometo que a partir de hoje eu vou compartilhar mais com vocês e ser um pai melhor. - Digo.
Theo olha para mim com gratidão nos olhos, e eu sei que é um começo. Um pequeno passo na direção certa, mas um passo importante. Juntos, nós enfrentaremos o futuro, com todos os seus desafios e incertezas, sabendo que temos uns aos outros para nos apoiar.
Simon aparece na escadaria e também senta do meu lado. Olho pra ele e nem parece que ele acabou de sair de uma batalha.- Ei pai, notícias do Liam?
- Ele está bem, mas precisa descansar. - Digo.
- Ah que bom. - Simon joga a cabeça pra trás.
Fico ali olhando pro céu até outra pessoa parece na escadaria, quando olho, vejo que é o Edward.
- Edward, como está? - Simon pergunta.
- Estou bem, e você?
- Estamos na medida do possível. - Theo responde.
- Pai, esse é o Edward. - Simon me apresenta e eu aperto a mão dele. - Ele quem foi o responsável pelas armaduras da batalha.
- É um prazer Edward.
- O prazer é todo meu majestade. - Ele sorri. - Fiquei muito feliz com a proposta que foi me feita pelo Simon.
- Suas armaduras ficaram ótimas Edward. - Theo avisa. - Acho que é a melhor que eu já usei.
- Bom, se meus filhos confiam, eu também confio. Obrigado novamente pelos seus serviços.
- É uma honra Majestade. - Ele faz a reverência.
******
Eu subo as escadarias do castelo com um misto de esperança e apreensão. Elara acabou de me informar que Liam já pode receber visitas, e eu estou ansioso para vê-lo, mas também temo o que posso encontrar quando entrar naquele quarto.
Ao chegar lá, vejo Liam deitado na cama, seu rosto pálido e sereno, mas o hematoma em sua testa é uma dolorosa lembrança da batalha que travamos. Fecho a porta suavemente atrás de mim e me aproximo da cama, sentando-me ao lado de Liam.
Passo minha mão delicadamente sobre seu rosto, sentindo o calor de sua pele sob meus dedos.- Liam... - Sussurro, minhas palavras embargadas pela emoção. - Eu... Eu estava tão assustado quando te vi no chão. Mas estou aqui agora, e não vou a lugar nenhum até você se recuperar.
Como esperado, ele não me responde, continua com os olhos fechados enquanto meus dedos caminham pelo seu rosto.
- Não vejo a hora de você se recuperar, vou tirá-lo daqui e nós vamos viver nosso amor, só eu e você.
Permaneço ali, falando com ele como se ele pudesse me ouvir, compartilhando meus medos e esperanças. Pego sua mão entre as minhas, acariciando-a suavemente.
- Nunca imaginei que fosse me apaixonar novamente, quando vi você no baile, quando ficamos preso naquela sala durante o ataque... Desde aquele momento eu já sabia que você tinha algo especial e quando vi você tomando banho na cachoeira, eu só queria pegar você nos meu braços e não largar nunca mais. Você trouxe meu sorriso de volta, trouxe o que eu precisava pra viver. Liam, não sei se você está me escutando mas eu só quero dizer que eu te amo, sim isso mesmo, eu amo tanto que nem consigo explicar.
Continuo acariciando a mão dele quando de repente sinto a mão dele apertando levemente a minha.
[CONTINUA]
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Além das Muralhas
RomanceNo reino distante de Elysium, o príncipe herdeiro vive trancado no castelo, sofrendo a rejeição de seu próprio pai por sua orientação sexual. Sua solidão é interrompida quando em uma viagem diplomática, o rei percebe sua dor e começa desafiar as bar...