Capítulo 5

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> Reino Elysium <

[Laim]

            Acordei ansioso pro encontro com o Ed, conversar com ele, ver o sorriso dele me faz muito bem, fazia anos que eu não conversava com ele, ele deve ter tanta coisa pra me falar, foram anos longe, anos sem notícias.        Levanto rapidamente da cama e coloco minha roupa, meu estômago ronca de fome e então eu toco o sino que me deram, eu uso quando sei que meu pai está em casa e possivelmente tomando café. Não demora muito até que uma empregada trás a bandeja de comida, ela entra, me dá a bandeja e sai, nem os empregados são permitidos à falarem comigo. Começo a comer ouço alguém batendo na porta, solto a bandeja e abro a porta.

- Filho bom dia, como está?

- Bem na medida do possível.

- Já tomou o café da manhã?

- Estou tomando. - Dou um sorriso.

- Mãe, preciso da sua ajuda.

- O que houve?

             Puxo ela pra dentro do quarto e abaixo o tom de voz pra que ninguém lá fora ouça.

- Ontem eu vi o Ed.

- O Ed? E ele está bem? - Ela fica curiosa.

- Sim sim. Nós vamos nos encontrar no portão oeste do castelo, preciso que você não deixe o papai chegar perto do portão.

- Ah filho isso não é arriscado?

- Sim é, mas eu preciso ir ver ele novamente, ele é meu único amigo.

- Tudo bem, eu vou fazer o possível. - Ela me abraça.

- Obrigado mãe. - Dou um sorriso ao sentir o cheiro dela.

            Ela me dá um beijo na testa e sai do quarto, volto a comer e me apresso pra ir ver o Ed. Desço as escadas com calma pra não arriscar chamar a atenção, chego no pátio e vou até o portão que aponta pra uma pequena floresta do outro lado do muro.
            Chego perto do portão e nenhum sinal do Ed, será que ele esqueceu? Bom, talvez. Dou mais uma olhada e vejo ele saindo do mato e vindo até o portão.

- Ah Ed... Pensei que não viria mais. - Digo aliviado.

- Jamais deixaria você na mão. - Ele pisca.

- E aí, como estão seus pais? - Pergunto.

- Meu pai continua trabalhando, minha mãe está doente então agora eu estou ajudando na renda de casa.

- O que ela tem?

- Não sabemos, ela ficou estranha de repente.

- Comeu alguma coisa estragada?

- Talvez.... Mas espero que melhore logo.

- Espero também.

- E você? Como está? - Ele pergunta.

- O mesmo de sempre, sentado perto da janela pensando no dia em que eu vou me livrar daqui.

- Sinto muito por isso.

- É, eu também sinto.

- Hummm. - Ele cerra os olhos. -Tenho uma ideia.

- Qual?

- Daqui a pouco vamos fazer algo bem arriscado.

- Tipo o que?

- Vamos dar uma fugida rápida até a feira.

- O QUE? NÃO, EU NÃO POSSO.

- Pode sim, ninguém vai saber.

- Não Ed, é arriscado. - Digo apreensivo.

- Sei que é mas você tá enferrujado em relação à adrenalina, você precisa sentir a emoção passando por suas veias.

- Ed...

- Vamos e ponto final, volto pra te buscar daqui uma hora, esteja pronto.

- Tá bom.

            Tá bom? Por que eu disse tá bom pra essa loucura? Aí deuses....

- Agora eu preciso ir. - Ele acena e vai embora.

            Subo de volta pro meu quarto, entro nele e pulo na cama. Não sei se eu tenho coragem de fazer isso, mas ao mesmo tempo eu tô morrendo de vontade de viver um pouco. Ouço batidas na porta e atendo.

- Oi mãe.

- Deu tudo certo?

- Sim mãe, obrigado.

- Ah que bom.

- Falando nisso, preciso de outra ajuda.

- Liam...

- Por favor mãe. - Digo manhoso.

- Diga.

- Ed vai vir me buscar daqui uma hora, ele quer me levar no centro.

- O que? Ele ficou doido?

- Sim mãe, mas eu quero muito ir, quero sair daqui.

- Filho.... Isso... Okay eu te ajudo, mas só essa vez.

- Ah obrigado mãe. - Abraço ela.

- O que eu preciso fazer?

- Só que me ajude a passar pelo portão oeste.

- E como você vai entrar de volta?

- Dou meu jeito.

- Tudo bem, eu ajudo.

            Ela sai do quarto me deixando com os meus pensamentos, aí deuses, me ajudem.... Já deve ter dado uma hora, faço o mesmo caminho até o portão oeste e vejo minha mãe conversando com uns soldados, ela deve estar pedindo pra eles abrirem o portão. Eles acatam o pedido e eu vejo o portão abrindo. Minha mãe faz um movimento de "podem ir" com as mãos e quando eles saem do pátio, ela me chama, corro até ela.

- Filho, toma cuidado. - Ela me beija.

- Tá bom mãe, até mais tarde.

            Chego perto do portão e meu coração acelera, só mais um passo e eu vou ter um pouco de liberdade, a liberdade que eu tanto sonho. Respiro fundo e saio, bem que o Ed falou, fazia tempo que eu não sentia essa adrenalina dentro de mim. Ouço o portão fechando e minha mãe acena pra mim do outro lado, retribuo o aceno e ela some no pátio. Olho pro mato e não vejo o Ed, saio da frente do portão pra que ninguém me veja, espero pelo Ed mais um pouco e enquanto isso meu coração bate rapidamente dentro de mim.
            De repente alguém cutuca meu ombro me fazendo levar um susto, quando eu viro, é o Ed com um sorriso.

- Ah, finalmente posso te abraçar. - Ele me abraça e me roda no ar.

            Como assim ele simplesmente me levantou? Ele parece muito maior e mais forte.

- Como é bom ver você de perto.

- E aí? Preparado pra nossa aventura?

- Não, Ed. Confesso que não estou.

- Ah qual é Liam, você precisa disso.

- Eu sei Ed mas eu tô com medo.

- Eu entendo, mas presta a atenção, seu pai não vai ir ver você no quarto, então ele nem vai saber que você saiu.

- Ed...

- Liam, você já está aqui fora, você já quebrou a regra que seu pai impôs, o que vai fazer? Vai pular o muro e voltar pro seu quarto?

            Eu não sei explicar o medo que eu tô sentindo, minhas mãos estão suadas, minha respiração está rápida, O QUE EU ACABEI DE FAZER? Eu quero voltar.

- Ed, me deixe voltar por favor, eu não quero mais.

- Liam... - Ele pega nos meus ombros.

- Isso é um erro Ed, eu quero voltar!

[CONTINUA]

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